Capítulo 16

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  O dia estava lindo! O sol já mostrava para o que veio, deixando tudo mais iluminado. O colorido da primavera dava para ser sentido até no ar da cidade. Algumas pessoas caminhavam alegres na rua, sorrindo com o novo dia.
— Como é que essas pessoas conseguem ficar com essa cara de comercial de margarina às 6 da manhã? — Maria falou, bocejando, sentada em frente à casa de Jack, o ponto de encontro.
— É uma boa pergunta. — Zack coçou os olhos.
Jack só resmungou, encostando-se, para dormir, em Maria.
Eles eram os únicos destoantes da paisagem tão viva que os cercava.
— Cadê o Alex, hein? — Rian acordou. — Ele disse que iria estar aqui às seis em ponto, pra chegar cedo, não atrasar e blá blá blá. E deixa a gente esperando. Já vai dar 7 horas!
— Deve ter acontecido alguma coisa...

Eles ouviram um barulho de buzina anunciando a chegada de Alex.
— VAMOS LÁ, GALERINHA! — ele gritou animado, de dentro do carro, e desceu.
— Ô, né. Agora, eu vou porque vou fugir das reclamações dos vizinhos, seu escandaloso. Por que demorou, imbecil? — Rian reclamou enquanto pegava as coisas para levar a van.
— Eu precisei parar no caminho para pegar uma convidada.
A porta do carona da van azul abriu, revelando uma surpresa.
— Kara?! — Rian deixou suas coisas caírem no chão e se apressou para pegá-las. — Eu pensei que você não viesse.
— E não vinha mesmo. — Ela foi ajudá-lo.
Os outros olhavam a cena, achando graça.
— Se o poder de persuasão do Alex não fosse tão bom.
Alex ficou cheio de si.
— Beijos! Me liga, baby! — E mandou beijinhos para Rian, e mexeu a boca num "tá me devendo essa" para que só o amigo visse.
— Menos, cabeça. — Maria deu um tapa na cabeça dele, ouvindo um 'outch' de Alex.
— Ele conversou com meus pais, antes e, hoje, novamente... E cá estou eu! — Kara sorriu, super alegre. Era a primeira vez que ela viajaria sozinha com os amigos em toda a sua vida.
Em cinco minutos, todos haviam colocado suas mochilas, instrumentos e coisas no fundo da van que o pai de Alex pediu emprestada a um amigo. Agora, só faltavam se acomodarem.
— Eu vou na frente, nem vem. — Maria correu para o banco ao lado do motorista.
— Ah, não! Você vai ficar colocando toda hora pra gente ouvir Britney, Rihanna e vadias do gênero. — Jack foi atrás dela e a carregou no colo.
— Solta, Jack! — Ela riu, batendo nele.
— Você fica aqui. — Jogou-a no banco de trás e fechou a porta, fingindo limpar as mãos. — Pronto, menos um problema.
— Eu vou lá, sem problemas. — Zack prontificou-se.
Então, todos estavam nos seus devidos lugares. Alex dirigiria até Nova Cintra.
Quando ele estava preste a ligar o carro, Rian fez uma ótima pergunta.
— E Aiala? Eu achei que ela viesse...
Maria entortou a boca.
— Ela me disse que não estava com clima para viajar.
De repente, a porta de trás da van abriu de vez, e Aiala pulou dentro do carro.
— SURPRESA! — ela disse toda feliz, bem no clima da primavera. — Para onde vocês achavam que iriam sem mim?
— Amiga! — Maria pulou por cima de Jack para abraçá-la. — Que bom que você veio! Esses monstrinhos iriam me matar antes de amanhã!
— Pode me chamar de salvadora da pátria agora.
— Tá bom, né, gente? — Jack cutucou Maria para avisá-la que ele ainda estava ali, embaixo dela. — Por favor, voltem aos seus lugares...
Aiala, que ainda estava em pé, analisou rápido suas condições:
Um: ir no último banco sozinha.
Dois: ir no banco do meio, ao lado de Kara, com Rian na janela.
Três: ir ao lado de Jack, fazendo-o ouvir todas as fofocas que ela contaria a Maria.
Ponderar é para os fracos. Sentou-se onde estava, ao lado de Jack.
— Prontíssimo. Podemos ir.
Let the fun begin! — Alex disse, ligando o carro, fazendo todo mundo fazer um batuque confuso e gritarem animados.
Seria apenas um dia. Amanhã, eles voltariam. Mas aquele seria O dia.

Aiala escolhera um péssimo lugar. Um lugar muito ruim. Um lugar muito, muito, muito ruim. O pior lugar que ela poderia ter escolhido.
Nem dez minutos haviam passado da viagem, mas Jack se cansara de ouvir Maria e Aiala falando sem parar, pareciam dois gravadores. E era difícil até de acompanhar. Uma hora estavam no motivo de Aiala ter decidido vir e, no outro, já estavam discutindo o sorriso torto do menino do segundo ano. Precisava ter muita percepção para entendê-las. Por isso, logo de cara, resolveu que seu sono era mais importante e foi ao último banco, se esparramar e ter o sono dos justos.
O que deu espaço para Aiala. Agora, ela tinha ficado no banco do meio. Mas aquele ângulo não a favorecia. Nenhum pouco.
Dava para ver o sorriso de Zack, os olhos de Zack, as expressões de Zack.
Era difícil não olhar para aquele reflexo no espelho do retrovisor. Ela passou a viagem inteira, tentando se controlar e se concentrar apenas na conversa que estava tendo com Maria.
Mas ver Zack cochilando era tão bonito. Vez ou outra, acabava se perdendo em pensamentos... Por que tudo tinha que ser assim? Eles simplesmente não podiam ficar juntos para sempre, sem ninguém de fora para atrapalhar?! Ela estava cansada de ter que ver todas aquelas outras garotas olhando para o seu namorado, tendo pensamentos absurdos sobre ele e ter que mostrar a essas mesmas garotas com quem ele estava, quem era a garota que ele amava e que estava sempre ao seu lado.
Pode até ser fácil, na teoria, mas, na prática... Era disso que Aiala tinha se enchido. Ela confiava em Zack, mas eram muitas garotas... Ela sabia que, mais dia ou menos dia, Zack cairia em tentação e nem lembraria que Aiala existia. E pensar nessa situação era ainda pior! Seu namorado, o cara que você ama, tinha te esquecido, mesmo que, por um momento, mas tinha esquecido... Não existe dor maior neste mundo, existe?

— Zack, pega o CD do Bowling For Soup aí. — Alex cutucou Zack, acordando-o.
Como se aquilo o chamasse, ele olhou para o retrovisor e deu de cara com o olhar compenetrado de Aiala. Ela tomou um susto e fugiu, tentando ainda pegar a conversa de Maria, mas a curiosidade era muito grande.
E, de vez em quando, os olhares sempre se cruzavam, mesmo com o medo de que isso acontecesse. Aiala precisava de um tempo, mas ele não sabia se conseguiria olhá-la sem querer beijá-la ou tocá-la.
— Onde é que tá?
— No porta-luvas.
Zack abaixou os olhos, sorrindo, tímido, com essas trocas de olhares.

— Kara, por acaso, você já esteve num desses festivais? — Alex gritou, lá da frente.
— É minha primeira vez...
— Tudo bem, não tem nada de muito diferente... — Maria assegurou. — Não precisa se preocupar.
— Tem certeza? — Aiala perguntou debochada.
E Jack deu uma risada maligna, só para por mais medo na menina indefesa.

Três horas depois, eles avistaram de longe uma placa azul enorme com letras brancas que estava escrito: bem-vindo à Nova Cintra. Rian e Maria, que cantavam a música de Alladin, aquela, 'Um mundo ideal', super animados, pararam na hora, e todo mundo começou a comemorar a chegada da turma ao tão ansiado destino.
— E agora? — Alex parou o carro duas ruas depois de ter entrado na cidade.
— Agora o quê? — Zack perguntou preocupado.
— Aonde a gente vai?
— Alex, amor, que tal ir ao hotel? — Maria colocou sua cabeça entre os bancos.
— Hum... Pode ser. Vamos perguntar a alguém onde tem um.
Maria viu sua boca abrir instantaneamente.
— QUE? — Aiala se enfiou no meio também, indignada.
— Como assim? — Kara também querendo ter entendido errado o que ela entendeu certo.
— Sabia que isso não daria certo. — Rian comentou alto.
As três garotas se jogaram ao mesmo tempo no banco, suspirando fundo.
— Como eu não adivinhei que isso iria acontecer? — Aiala rolou os olhos.
— A gente deveria ter perguntado se o hotel estava incluído no 'tudo certo'. — Kara coçou a cabeça, incerta do que aconteceria a seguir. Aiala odiou, mas Kara tinha falado uma coisa totalmente condizente.
— Se a gente parar num posto, é capaz de eles indicarem algum lugar bom pra gente dormir. — Jack sugeriu.
— A sorte de vocês é que ainda é cedo! — Maria falou entre dentes com os braços cruzados.
Alex ligou o carro, em direção a um posto de gasolina. Mas a grande questão era: onde havia um posto?
Nova Cintra era uma cidade pequena, onde as ruas perto da saída da cidade não eram das mais movimentadas. Mas, sem precisar se perder mais, eles viram um cara passando pela rua e ele explicou como chegava lá.
Não devia ser difícil virar à esquerda e, quando encontrasse uma rotatória, virasse à direita.

Ou não. Nem todo mundo tem um motorista teimoso como o Alex.
— A gente deveria ter virado naquela direita. — Zack, o co-piloto, disse.
— É tão difícil achar um hotel qualquer espalhado pela cidade? — Aiala já estava cheia da viagem.
— O cara só falou direita, como que eu iria saber que teriam duas direitas pra entrar? — Alex se explicava, fazendo a volta.
— CADÊ AS PESSOAS DESTA CIDADE??? — Maria, de repente, gritou chateada, batendo no vidro.
— Não precisa quebrar meu vidro também, né, Maria?!
— Alex... — Ela sorriu, sem vontade, e gritou: — VAI ACHAR MEU HOTEL, VAI!
— Tá, calma. — Ele se encolheu. — Tô indo, tô indo.
Depois de errarem mais umas dúzias de ruas, encontrarem mais umas pessoas, que não sabiam dar informação, pelo caminho, chegaram ao tão esperado, e caindo aos pedaços, posto.
O frentista vinha diretamente de um filme de Hollywood. Nem Alex acreditou que pediria sugestão de um hotel limpinho e cheiroso àquele cara que parecia não ver banho há uns 6 meses. Desceu do carro, indo em direção ao cara.
— Com licença, senhor. — Ele chegou perto do cara meio careca.
— Gasolina?
Não faltou nem o palitinho no canto da boca para o personagem. Alex discretamente olhou para as mãos sujas de graxa do homem e seu estômago embrulhou. E aquela barriga nojenta dele, pulando para fora do uniforme, era... Asquerosa.
— É que... — Alex pensou novamente se devia perguntar a ele. — Eu e meus amigos estamos meio perdidos.
— Ah, cês vieram para esse festival que tá tendo aí, né?
— É...
Alex iria perguntar, mas o homem pareceu querer bater um papo:
— A cidade tá cheia de jovem desde ontem. — Vê-lo mexer o palito enquanto falava não melhorava a imagem dele. — Uma confusão, só vendo. Não sei por que escolheram para isso acontecer aqui... A gente num tem sossego nesses dias de festa.
— Será que o senhor... — Alex só queria sair logo dali, no entanto, seria uma missão impossível.
— E eu num tô reclamando, não, porque também é os dias em que a gente ganha mais dinheiro aqui no posto, né? Se num fosse isso, eu nem teria o que dar de comer aos meus meninos.
Alex balançava a cabeça, concordando e esperando até a hora em que ele calaria a boca.
— Ô, Eric! — Outro magrinho, mais limpinho, quer dizer, menos sujo, saiu de dentro do que Alex achou que era o escritório. — O telefone era para você. Parece que o Joshua fugiu de casa de novo.
— Inferno! Esse menino só me dá trabalho, caramba! — O da barriga saliente foi batendo o pé até lá.
O magrinho veio ao encontro de Alex.
— Posso ajudar?
— Eu só queria uma informação. — O alívio transpareceu na voz de Alex. — É que eu e meus amigos estamos meio perdidos. A gente queria encontrar um hotel, pensão, albergue pra gente se instalar.
— Vixe! — O cara fez uma cara de desaprovação. — Vocês vieram sem fazer reserva?
Por um segundo, Alex sentiu-se muito arrependido por achar que, na hora, encontraria um hotel.
— Aqui num tem muito hotel e os melhores já estão lotados... — Ele estava achando Alex um maluco. — Mas nem tudo tá perdido para vocês, não. Meu primo tem um hotel que tem vaga ainda. Eu posso te explicar onde fica.
Podia ser a única esperança deles e, além do mais, era só um dia, não mataria ninguém se, no pior das hipóteses, o colchão não fosse lá essas coisas todas.

— Não é longe e não tem errada! — O cara bateu duas vezes na porta de Alex.
Ele tinha o levado para perto dos outros, para não ficar com toda a responsabilidade de acertar o caminho. E o cara tinha explicado o caminho certinho e minuciosamente. O nome do hotel do primo se chamava 'Pirâmide' e, segundo ele, era fácil de achar e ficava logo no começo da rua que ele havia falado.
— Valeu, cara! — Zack agradeceu.
E assim que eles estavam longe o suficiente, Alex colocou o ar todo para fora e arfou.
— Meu Deus, EU PRECISO DE AR PURO! — E colocou a cabeça para fora da janela e voltou. — Eu acho que vou vomitar.
Fez cara feia só de se lembrar da imagem dos dois caras.
— O que aquele cara come? Tem alguma coisa em decomposição na boca dele! E aquele gordo! AHH!
Os outros riram da desgraça dele.
— Bem feito! — Maria foi a primeira a jogar pedra. — Não faz as coisas direito, tem que sofrer.
— Mas essa foi sacanagem. Aquele gordo nunca viu água na vida! Será que os perfumes não chegam aqui?
'Ew' .Aiala fez careta.
— Que nojinho, hein?! — Não diferente de Kara. — Ainda bem que eu não desci.
— E ele não parava de falar nunca!
— Coitado! Queria um ombro amigo! — Jack ria.
— Pelo amor de Deus, eu é que não vou ficar no hotel que ele indicou. Nunca. — Alex balançou a cabeça negativamente, convicto.
— Vamos chegar lá primeiro. — Zack deu a opinião. — A gente vê e, depois, procura outro. A gente não sabe se ainda tem lugar vazio.
— Eu voto na gente dormir na van. — Alex levantou a mão.
— Deixa de coisa! — Rian riu do desespero do amigo. — Seja homem, rapaz!
— Até sou, mas... Tem coisas, meu amigo, que não dá!

Desta vez, eles seguiram as instruções direitinho. Não tinha nenhuma rotatória para se confundir ou caminhos bifurcados. Então, eles avistaram uma grande avenida e ficaram boquiabertos.
— Por que o cara não avisou que a gente iria passar por uma rua dessas? — Maria colou seu rosto no vidro, achando que tinha encontrado a solução dos seus problemas.
— Um... Dois... Três... — Jack ia contando enquanto iam passando pela avenida. — Quatro... Cinco... É, acho que é um número considerável...
Esse foi o número de hotéis que Jack contou. Nenhum deles se chamava pirâmide e todos eles tinham cara de ajeitadinhos, "dormíveis", pelo menos. Mas, também, eles não esperavam encontrar nenhum Hilton ou Marriot por aqui, não é mesmo?
— Não é possível que nenhum desses hotéis tenham dois quartinhos pra gente! — Alex estacionou rápido numa das poucas vagas que ele avistara.
— Eu vou com o Alex àqueles dois ali. — Jack apontou para os primeiros. — Enquanto Zack e Rian vão àqueles dois... E, garotas, será que vocês podem ir àquele?
Maria logo criou todas as esperanças do mundo. Era o mais bonitinho dos 5 hotéis. Agora era uma questão de honra conseguir um lugar lá! Arrumou o cabelo, colocou um gloss nos lábios e partiu.
Aiala a seguiu, arrumando o decote e a saia, e Kara... Arrumou o óculos, insegura se devia ir com elas ou não.

— Oh meu Deus, por que escreve tão certo por linhas tortas? Por favor, eu nunca pedi nada! Mas, por favor, tenha umas vaguinhas para nós, pobres indefesos adolescentes que não sabem nada da vida... — Alex choramingou enquanto partiu para o seu primeiro desafio: o primeiro hotel.
— Deixa de ser chorão, idiota. — Jack deu um tapa na cabeça dele.
— Como que eu iria saber que, numa cidade tão pequenininha desta, e com esse festival fubenga, todos os hotéis iriam lotar?
— Exatamente por ser uma cidade pequena, você deveria imaginar que não teria tanto hotel para o número de pessoas que vêm. Ainda tô achando muito ter cinco hotéis!
O hotel era bem arrumado, nada muito grande, mas acolhedor nas horas precisas. Havia um sofá e duas poltronas, logo quando você entrava e, ao lado, num nível acima, a recepção.
Subiram os três degraus que davam acesso a recepção do hotel e viram uma mulher e um homem no balcão.
Jack assobiou, achando aquela mulher beeeeeeem interessante.
— Com licença. — Alex falou com o cara. — Vocês têm algum quarto disponível?
— Um segundo. — O recepcionista mexeu no computador.
— Você é daqui mesmo? — Jack perguntou a recepcionista.
— Sou — ela respondeu mal-humorada.
— Nossa! Não sabia que aqui tinham mulheres tão lindas.
Ela riu forçado, sem achar nenhuma graça nele.
— Eu estou procurando um lugar pra ficar... — Ele colocou os dois cotovelos apoiados no balcão, com uma cara de vem-ni-mim-que-eu-to-facim. — O que você acha de eu dormir no seu quarto essa noite?
— Senhor, nós temos um quarto duplo disponível. — O cara segurava uma chave e respondeu a Alex, achando Jack bem idiota.
— Que acabou de ser reservado para... Ninguém. — A mulher pegou a chave da mão do colega e guardou.
Alex quase pulou em cima dela, para garantir seu quarto.
— É uma pena. — Jack deu de ombros. — Vejo você na próxima, gata.
E virou-se para ir embora, deixando um Alex furioso para trás, tendo que correr para alcançá-lo.
— Cara, você é um idiota!
— Eu, hein. Ela era muito gostosa, mas me esnobou, não quero mais. Depois, ela vai ver que perdeu o papito aqui e vai vir correndo atrás.
— Deixa de ser estúpido! Nós perdemos um precioso quarto por sua culpa!
— Minha nada! Culpa daquela mulher que não sabe o quanto eu posso ser bom para ela. — Jack virou-se para Alex, levantando uma sobrancelha.
— Argh! — Alex o empurrou, sem querer falar com ele mais. — Atravessa a rua e cala a boca, vai!

Rian e Zack mal tinham passado pela porta do hotel.
— Não temos mais vagas — o recepcionista avisou, sem nem se dar ao trabalho de ouvir o que eles estavam procurando.
— Desculpa! — Rian levantou os ombros como se tivesse ofendido alguém e deu meia volta.

— Nem vou entrar. — Jack deu meia volta, a poucos passos da porta.
— O que tem de errado? — Alex olhou confuso do hotel para o amigo.
— A placa ali do lado.
Só então Alex se deu conta de uma placa enorme que anunciava que não havia mais quartos disponíveis no lugar.
— Espero que o Rian e o Zack, e as meninas, tenham mais sorte que nós.
Então, Alex e Jack voltaram cabisbaixos à van.

Do outro lado da rua, Zack estufou o peito.
— Agora é uma questão de honra! — E seguiu determinado.
A porta de vidro fumê foi a primeira coisa que deu sinal de vida naquele lugar. Logo que Zack a abriu, fez um barulho de quem não sabia o que era óleo desde... Que foi colocada.
Rian não queria que a primeira impressão dele atrapalhasse as buscas, mas que ele estava achando que aquele lugar era mal assombrado, isso com certeza. O hotel nem tinha seu nome estampado na porta ou em algum lugar visível. Zack o olhou, segurando a risada, quando viu uma velhinha cochilando numa cadeira ao lado da recepção, enquanto a TV estava ligada em um programa de auditório.
— Meu Deus! Este lugar parece ter vindo diretamente do túnel do tempo! — Zack cochichou baixinho.
— E não vê uma faxina há alguns... Anos! — Rian escondeu a risada e passou dois dedos em cima do balcão, e mostrou o dedo imundo a Zack.
— Desculpe a bagunça, meninos. — A velhinha, que cochilava, apareceu de frente para eles, fazendo-os levar um susto. E Rian limpar as mãos discretamente na bermuda. — É que o faxineiro morreu e, até hoje, eu não encontrei ninguém para me ajudar.
Aquilo já estava ficando estranho...
— Oh, tudo bem. Nós queríamos saber se a senhora não tem dois quartos para a gente ficar. — Zack tentou não se apegar aos detalhes.
— Só para vocês dois?
— Na verdade, são sete pessoas ao todo. — Rian completou.
A velhinha parou por dois segundos, encarando-os.
— Oi, queridos! O que vocês estão procurando?
Zack e Rian entreolharam-se, sem entender nada.
— Como eu disse, eu e meus amigos estamos querendo um lugar para dormir.
— Oh, sim, nós só temos um quarto com duas beliches.
— Hum... Mas é que são sete pessoas. — Rian explicou de novo.
— Acho que podemos dar um jeito. Um momento, por favor.
E a velhinha entrou por uma porta que havia ali do lado.
Rian deu de ombros, e Zack apoiou um cotovelo no balcão enquanto tamborilavam os dedos com a outra, o que fez a poeira levantar e Rian espirrar. Aqueles dois segundos não foram tão rápidos assim... 

Show Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now