Capítulo 11

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  Aquela pergunta pegou todos desprevenidos. Todos se entreolharam, principalmente, Alex e Maria, que levantaram a sobrancelhas em visível surpresa. Tudo pareceu se encaixar para Aiala. Para Zack e Rian ainda era muito confuso.
— V-Vocês? — Aiala gaguejou, tentando formar uma frase que fizesse algum sentido. — Estão juntos?!
— Juntos?! — Alex e Maria exclamaram em uníssono. AQUILO, sim, era loucura! De onde Jack tirou uma ideia dessa? Parecia uma piada.
E era tão engraçada que Alex não conseguiu segurar a risada. Aquela risada gostosa que se dá quando se está nervoso e sua única saída é... Rir.
— Juntos?! — Alex repetiu mais uma vez, ainda sem acreditar naquela ideia maluca.
— Vocês não fizeram isso! — Aiala acusou. — Maria! A Holly... Como você fez isso? Alex!
— Eu não fiz nada! — Maria tentou se defender.
— De onde você tirou essa loucura, seu louco? — Alex gritou com Jack.
Carly sentiu-se na obrigação de intervir:
— Ok. Por favor, não se alterem.
— Pera aí, gente! — Zack manifestou-se. — Pera aí, pera aí... Eu não entendo mais nada. Maria?! Alex?! Jack?! Quem quer começar, por favor?
— Sério, cara, quem foi que te disse isso? — Alex perguntou em um tom mais educado.
— Esse foi o motivo dela ter ido ao Canadá, não foi, Alex? — Jack respondeu ironicamente.
— Então foi por isso que ela viajou? — Maria deixou sua boca abrir e seu queixo quase tocou o chão. — Foi isso que ela te disse?
Jack assentiu com a cabeça.
— Por qual outro motivo seria?
Uma esperança surgiu no fundo do coração de Maria, o esboço do seu sorriso surgiu inconscientemente. Iluminou-se, sabendo que tudo não passava de um mal entendido.
— Quem iria imaginar, hein. — Rian pensou alto. — Alex e Maria...
Cada um começou a falar uma coisa diferente ao mesmo tempo. Tinha virado uma feira. As reclamações eram geral e não havia possibilidade de entendimento, no meio daquele pandemônio.
— GENTE! — Carly alterou a voz, e todos prestaram atenção nela. — Desse jeito, vocês nunca vão se entender. E pelo que eu vejo, o motivo de toda discussão é a viagem da Holly. Ela nos disse que passaria a semana indo à entrevistas em algumas universidades no Canadá...
— E ela não mentiu. — Jack tomou a palavra. — O problema é o motivo que a fez ir à essas entrevistas.
— Você a de convir que duas semanas é muito para ir a algumas faculdades em Toronto! — Aiala parecia estar irritada.
— Ela tá pensando em se mudar para o Canadá mesmo? — Era a vez de Alex parecer irritado.
Holly prometera que nunca se afastaria dele. Eles tinham feitos planos juntos, eles tinham se preocupado como iria ser quando Alex estivesse viajando com a banda quando estivesse trabalhando. E nunca tinha passado pela cabeça de nenhum dos dois fazer uma faculdade tão longe, não até agora. Ele sabia que Holly queria se formar, fazer uma faculdade, porém o combinado era que ela ficaria por perto.
— Diga, Alex, o que Holly perdeu por aqui?
Aquela questão lhe acordou. Ele sabia muito bem o que responder a Jack. Ela o perdeu. Se viesse o procurá-lo, não seria nenhum problema.
— Nada. — Alex simplesmente suspirou. E nada mais do que tinham planejado era válido.
— Mas, pera aí, Jack! Conta essa história a qual eu estou namorando o Alex direito! — Agora, Maria estava achando graça em toda a situação. — Quem foi que inventou esse absurdo? Isso nunca iria acontecer!
— Nunca? — Jack ainda parecia não acreditar.
— Desculpa, Alex. — Ela o olhou. — Mas nem se o mundo acabasse amanhã. — E olhou para Jack. — Porra, será que não dá para ver que ele é como um irmão para mim?
Maria conseguiu deixar Jack constrangido ao olhá-lo daquela maneira tão... Efusiva.
— Jack?! Foi por isso que a Holly afastou-se de vocês? — Carly procurou esclarecer as coisas.
— Foi o que ela me disse.
— Só isso? — Maria ficou feliz. — Aquela vaca! Como ela pôde pensar isso? Que A.C.R. viajado foi esse que ela teve?
— A.C.R? — Carly cochichou para Aiala.
— Ataques de criatividade repentina — esclareceu.
Alex sentiu alguma coisa incomodar. Isso poderia ser pior do que ele imaginava. Sabia como Holly era... Difícil. E não era tão fácil assim entender que toda aquela história era mentira.
Afinal, existia coisa pior que você ser traída pela sua melhor amiga? A pessoa que você contou todos os seus segredos mais secretos? Não existe.
Mas o que Alex era de Holly? Nada. Ele não tinha nada a explicar ou ficar incomodado em Holly estar sofrendo achando que Maria estava com ele. Porém, ele estava.
— Gente, a Holly precisa canalizar essa criatividade em algo que dê dinheiro. — Rian tentou brincar.
— Eu ainda tenho dúvidas! — Aiala prontificou-se. — Por que vocês estão tão distantes? Parece que tudo desmoronou de vez, sabe? Foi só a Holly viajar, que Maria também nunca mais quis saber da gente... O Alex, depois que descobriu que, na escola, existia uma biblioteca, só vê a gente quando vai tocar com os meninos. O Jack não fala mais direito com o Alex... Vocês três tão pirando! E pirando todo mundo!
Uma reflexão pairou sobre aquela sala. Cada um refletiu sobre o que aconteceu com eles. Estava tudo errado.
— Não dá pra continuar assim, certo? — Rian falou o que todo mundo estava pensando. — Então, já que a gente vai ter que ir a Nova Cintra no próximo fim de semana, por que não vamos todos juntos? Nova Cintra é mara!
As meninas ficaram animadas. Os meninos sempre tocavam em algumas cidades próximas, mas elas nem sempre podiam ir, por conta dos treinos, mas, desta vez, era uma exceção válida para todos.
— Seria maravilhoso! — Aiala deu um gritinho de alegria. — Nós iríamos ficar perambulando pelo festival e eu iria jogar na cara daquelas groupies idiotas que o baixista da melhor banda daquela noite era MEU namorado! E a gente sairia depois e conheceria gente legal como a gente fez naquele Summer festival no ano passado, e chegaríamos em casa só depois das 5 horas da tarde do outro dia...
— Tá, Aiala, a gente entendeu. — Alex cortou os pensamentos dela.
Então, parecia que estava tudo sob controle naquele dia. Mas Jack parecia não ter se convencido.
Eles iriam viajar no sábado de manhã, já que Nova Cintra ficava a apenas 3 horas de Lutherville. As garotas não estavam preocupadas com os pais, pois eles não costumavam negar nada quando todos estavam envolvidos. Eles nunca se metiam em confusão, pelo menos, não que os pais soubessem.
Em mais alguns minutos, toda a confusão foi desfeita. Poderiam ser aquele grupo unido novamente.
— Mas vocês nunca se pegaram?
— Rian! — todo mundo o repreendeu.
— Ande você tá indo, Alex? — Aiala perguntou assim que viu Alex desviando do caminho para o pátio.
á era um novo dia e, como a trupe tinha se "acertado", estava subentendido que iriam retomar a rotina de sempre, de se juntarem na hora do intervalo. Só que Alex tinha mais uma surpresinha.
— Vou ali rapidinho e já volto. Eu prometo!

E, mais uma vez, Alex adentrava a biblioteca. Já procurando uma pessoa em especial: Kara.

— Não, não é possível. Deve ter algum motivo maior para o Alex estar na biblioteca todos os dias. Ele nem gosta muito de ler, nem de estudar. — Rian tentava encontrar uma resposta cabível para aquela situação.
— Mas ele disse que já voltava! — Maria amenizou.
— Nós deveríamos ir lá descobrir. — Aiala procurou apoio em Rian, para a sua curiosidade.
— Vamos? — Rian guiou a turma.
— Por mim, tudo bem. — Jack e Zack deram de ombros, seguindo-o.
A única coisa que restava a Maria era segui-los também.

— E aí, o que aconteceu ontem? — Kara perguntou a Alex assim que ele aproximou-se.
— Qual foi a bronca da vez?
— Meus amigos... E não foi bem uma bronca, foi mais... — Passou alguns segundos pensando no que melhor encaixava a situação do dia anterior. — Uma DR — e riu. Era engraçado falar aquilo. Quando que Alex Gaskarth pensou em ter uma discussão de relação com seus amigos? Isso era coisa para um casal fazer.
— Sabe qual foi a coisa mais louca que eu já ouvi em toda a minha vida?
— Que você tem juízo? Porque, sabe, eu discordo com quem falou...
— Ô, idiota! Rá, rá! — ele riu com sarcasmo. — Falando sério. Eles estavam achando que eu estava namorando a Maria! Dá pra acreditar numa coisa absurda dessa?
— Você e a Maria? — Kara ficou boquiaberta. — Alex! Mas ela é sua melhor amiga!
— AH, NÃO! — Alex colocou as mãos na cabeça. — Você também, Kara?
— Nah. — Ela balançou a mão. E riu. — Foi só pra fazer uma pegadinha.
Alex fuzilou Kara com o olhar.
— Idiota...

— Quem é aquela? — Maria cochichou, surpresa ao ver Alex com outra garota.
É, eles tinham ido à biblioteca espionar o amigo.
Quando você entrava na biblioteca havia uma "antessala" com armários para as pessoas colocarem os seus pertences e, do lado direito, ficava o balcão. Atrás da parede com armários ficavam as mesas, os armários eram baixos e a parede era de vidro, fazendo com que qualquer pessoa que entrasse na biblioteca tivesse visão panorâmica do seu interior. Então, eles se esconderam, para poder observar onde Alex estava.
Se fosse um desenho ou um filme, eles pareceriam algo relacionado a espiões que tentava desvendar um crime.
Quem visse de fora acharia que eles estavam malucos.
— Eu já a vi em algum lugar... — Aiala lembrava-se do rosto dela, mas não imaginava de onde.
— Não é de todo mal. — Maria elogiou. Ou quase elogiou. Ela tentou enxergar a essência da menina. A verdade é que nenhuma das duas gostou de vê-lo com uma garota estranha, desarrumada e com óculos que a deixava com cara de nerd.
— É interessante. — Jack comentou.
— E é muito gata! — Rian disse.
— Que porra, Aiala! — Zack controlou o grito e afastou-se do bando, fazendo os quatro o olharem. Ele passava a mão em seu braço. — Eu nem falei nada!
— Mas pensou. E pensar é pior que falar, mereceu o beliscão.
— Ó. — Ele mostrou o braço vermelho devido ao beliscão que levou da namorada. — Tá vermelho. Eu vou perder meu braço!
Quando eles voltaram a prestar atenção de novo em Alex, Maria levantou rápida e rasteira.
— Corre que o Alex tá vindo aí!
Os cinco, pegos de surpresa, foram correndo e atropelando-se, passando um por cima do outro, até chegarem à mesa em que estavam.

Todos ainda estavam ajeitando-se, tentando fazer a respiração voltar ao normal, quando Alex aproximou-se da mesa.
— Nossa senhora! Por onde vocês andaram que estão assim, hein?
— A gente? — Maria fez a cara mais cínica que alguém na Terra poderia ter feito. — Não, nada...
— Tá bebendo, Alex?! Estávamos o tempo todo aqui! — Aiala não conseguiu deixar a coisa mais convincente.
— Fala aí, cara. O que tu foi fazer? — Rian mudou o foco da conversa. Se as garotas tentassem dar uma desculpa mais uma vez, iria tudo por água a baixo.
Alex até percebeu que eles estavam tentando disfarçar alguma coisa, mas não deu muita importância. Qualquer coisa que estivessem fazendo não era muito importante para o que ele faria agora.
— Ah, eu fui buscar alguém para apresentar a vocês.
Foi só aí que Jack prestou atenção ao seu redor e percebeu que quem não olhava descaradamente na direção em que estavam, disfarçava.
— Kara, esses são meus amigos. — Alex saiu da frente dela, revelando uma Kara toda vermelha, envergonhada até o ultimo fio de cabelo, e apontou para cada um enquanto os apresentava. — Rian, Jack, Zack, Aiala e Maria.
Rian deu um tchauzinho simpático. Jack e Zack sorriram. Maria sorriu, sem vontade. E Aiala... Continuou séria, pensando "que da roça" em qualquer movimento que Kara fazia.
— Oi. — Kara deu um tchauzinho tímido e ajeitou o óculos.
— Senta aí, Kara. — Jack tentou deixá-la mais à vontade.
Maria olhou cúmplice para Aiala. É, Kara não foi bem recebida pela ala feminina daquela mesa. Era um ultraje aquele ser tão desarrumado vir sentar com as duas das garotas mais bonitas do colégio. Ninguém mais tinha respeito neste mundo?
— Aqui. Foi ela quem aguentou minhas crises na biblioteca. — Alex descontraiu o ambiente, abraçando Kara, que estava sentada ao seu lado.
Parecia que, a cada movimento, Kara ficava ainda mais vermelha e quente. Aquilo era novo para ela. Não era todo dia que você iria sentar com a turma de pessoas que sua parceira de laboratório não se cansava de falar e que a maioria das pessoas queriam estar.
— Não eram crises, Alex. Eram só... Dúvidas passageiras.
Aiala não conseguiu resistir a careta ao ouvir a voz da garota. Por sorte, só Zack percebeu e deu um beliscão de leve para alertá-la.
— Ei, quem faz isso aqui sou eu! — Aiala não se segurou e deu outro beliscão, mas bem mais forte que o dele.
— Será possível que você só vai parar com isso quando eu cortar sua mão? — Zack, mais uma vez, tentou aliviar a dor esfregando a mão no braço. — O que minha mãe vai achar quando eu chegar em casa cheio de marcas?
Ele fez todo mundo rir, mas as coisas estavam ficando sérias.
— Mas, Kara, conta mais sobre você. Tá em que série? — Maria puxou papo, acompanhado de um "outch" por ter levado uma pisada de Aiala, mas, que, rapidamente, disfarçou com um sorriso.
— Não vamos nos misturar com o inimigo. — Aiala cochichou só para Maria.
— Eu tô no primeiro ano ainda.
— Sério? — Rian continuou. — Achei que você já tivesse no segundo.
— Não tenho tanta pressa assim, sabe...
— Deveria. Escolas são sempre um saco! — Jack reclamou.
— Não deve tá sendo tão chato assim, não é, Kara? — Aiala levantou uma sobrancelha, olhando para os lados, fazendo todo mundo perceber que ela tinha virado o centro das atenções. A novata sentiu os olhares em cima, pressionando de uma forma que era bem pior que apresentar um trabalho na frente da classe. Talvez, não devesse estar ali.
— Não liga, eles são geralmente indiscretos assim mesmo. — Zack amenizou o comentário maldoso da namorada. — Ainda mais quando enxergam o óbvio.
— Que óbvio? — Jack ficou curioso.
— Vocês sabem... Quando pessoas interessantes... — Ele fez um movimento indicando todos da mesa. — Juntam-se com mais uma pessoa interessante.
Kara sorriu com a gentileza e o eufemismo de Zack para dizer que ela era uma loser. O que fez Aiala soltar um "RÁ!" mais alto do que pretendia, fazendo todo mundo ficar constrangido por um momento.
— Que nada! — Alex tentou tornar o ambiente descontraído. — Ela tá acostumada com tantos olhos em cima dela. Cada pessoa naquela biblioteca tem quatro. Imagine, eu me sentia um ET lá dentro... Era o único com dois olhos.
— Olha... — Com a intimidade adquirida, Kara ajeitou o óculos, de forma divertida, olhando para o novo amigo. — Ofendeu, tá?
Ela fez todo mundo rir e retomaram a conversa de um modo mais aberto, principalmente, com os garotos, que a fizeram se sentir muito confortável, enquanto Aiala continuava impondo barreiras do tamanho da muralha da China para ela, e Maria ainda estava com o pé atrás.   

Show Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now