Progressão Harmônica

1.4K 187 74
                                    

Heey, tudo bem?

Vim aqui trazer meu presente de Natal pra vocês.
Ia esperar até a meia noite, mas já basta ter que esperar a comida.

Enfim,
Boa leitura e Feliz Natal!

____________________________________

Kara não achou que conseguiria encontrar o endereço no escuro, mas as instruções de Lena foram detalhadas e precisas, mesmo manchadas no batom vermelho na janela do carro. St. Louis parecia calma e pitoresca sob o luar tranquilo. Havia neve no chão, mas uma camada fina, um pouco de brilho nas sombras. As ruas eram cheias de árvores, e, quando Kara se aproximou de seu destino, percebeu que não estava muito longe da universidade. Pensou no pai de Lena - ela havia dito que seu nome era Lionel - e se perguntou se ele sabia que uma celebridade em fuga estava prestes chegar à sua casa. Era meia-noite, e a manhã estava a um longo caminho de distância. O terror preencheu seu estômago, e a loira decidiu dar uma volta de carro por um tempo, ou encontrar um lugar para estacionar e dormir até a manhã chegar, um lugar que não fosse um convite à curiosidade ou a policiais.

Um belo parque ladeado por árvores, não muito longe do campus, parecia razoável. Kara encostou no meio-fio e desligou o motor com um alívio repentino. Precisava respirar. Pegou a chave, vestiu o casaco e logo estava fora da Blazer, esticando as pernas. O parque parecia velho - como se tivesse sido construído quando as damas passeavam de braço dado com os cavalheiros. Bancos curvados com contorno de ferro forjado, fontes majestosas e caminhos sinuosos de paralelepípedo serpenteavam. Kara os seguiu por vários minutos até que se deparou com uma pequena cerca, que incluía um contorno de flor de lis e um portão que encerrava um conjunto alto de balanços, uma gangorra e um escorregador de metal facilmente tão antigos quanto o parque, e tão bem preservados quanto. Kara riu e pensou em Alex. Quando eram pequenas, ela adorava voar nos balanços, e a loira ficava feliz só de empurrar. Para sua indignação, não se dava bem com balanços. A altura não a incomodava, mas o movimento fazia deu estômago revirar de maneiras desagradáveis.

O parquinho a chamou. Parecia ecoar um risada silenciosa, como gêmeas fantasmagóricas que se perseguiam por entre as árvores e no escorregador. Aquilo a fez ansiar pelos momentos perdidos e pelas meninas que Alex e ela eram quando estavam juntas. As duas meninas tinham desaparecido. Kara prendeu a respiração, segurando as barras de ferro forjado da cerca decorativa, esperando que a dolorosa onda de saudade fosse embora. Quando a dor diminuiu o bastante e ela conseguiu respirar novamente, foi até o portão, esperando que não estivesse trancado, que ela não tivesse de arriscar ser espetada na tentativa de escalar a cerca pontiaguda. Sorriu quando a trava levantou com facilidade. Sentindo-se um pouco como Cachinhos Dourados ao invadir território desconhecido, empurrou o portão e entrou.

[...]

Lena estava a alguns quarteirões da casa de seu pai quando passou pelo pequeno parque e viu a Blazer alaranjada familiar no meio-fio, sem qualquer outro veículo à vista. Ela pisou no freio e deslizou na frente de seu velho Chevy, aliviada pelo fato de Kara estar realmente em St. Louis, intrigada que ela tivesse parado em um parque, numa cidade desconhecida, depois da meia-noite, e ainda irritada com o que ela havia feito em Cincinnati.

Ela viu que Kara não estava na Blazer quando se aproximou, mas olhou pelas janelas de trás para se certificar de que ela não tinha se arrastado para o banco traseiro e caído no sono novamente. Não dava para ver nada além de algumas caixas, as bolsas de viagem de Kara e um cobertor de superfície irregular. Quando Lena se afastou e se virou, notou os riscos escuros na janela do lado do motorista. À meia-luz dos postes altos, os riscos pareciam sangue. A morena agarrou a maçaneta, de repente com medo do que encontraria caído sobre o banco da frente, mas a porta estava trancada.

Part Of Me | SupercorpWhere stories live. Discover now