Reflexão Horizontal

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E novamente eu aparecendo aos 45 minutos do segundo tempo.

Esse capítulo tem MUITA conversa das duas, e Lena falando um pouco sobre números. Vou explorar mais esse assunto nos próximos capítulos, porque eu realmente gosto muito de exatas.

É isso. Boa leitura!

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A neve que tinha começado a cair naquela manhã continuou em rompantes quando elas entraram no estado de Ohio e avançaram. Seguiram devagar por trechos difíceis e por outros que pareciam intocados pela tempestade. Não saber o que viria a seguir era parte da aventura, e nenhuma delas estava muito preocupada naquele momento com o mundo fora do carro. Sem dúvida ainda não eram condições de nevasca, e a velha Blazer roncava, limpadores de para-brisa voando de um lado para o outro. Mas, conforme o dia virava noite, a neve que estava no chão era pega pelos ventos fortes, e se tornou quase impossível dizer o que estava subindo, o que estava descendo e para que lado ficava o quê no redemoinho vertiginoso.

- Vamos pegar a próxima saída. Acho que devemos parar por hoje. Está ficando ruim. - Lena disse.

Kara tentou distinguir quais serviços apareciam disponíveis na grande placa verde da estrada, mas ela estava coberta por uma fina camada de neve, e o pouco que conseguiam ver era obscurecido pelos flocos que grudavam na janela do lado do passageiro.

- Onde estamos? - A loira perguntou.

- Em algum lugar entre Cleveland e Columbus. Não sei dizer muito mais do que isso.

Lena diminuiu bem a velocidade, não querendo perder a saída. Avançaram devagar por vários quilômetros e chegaram a pensar que haviam passado batido quando Kara avistou a sinalização.

- Uma saída!

Mesmo com a velocidade baixa, os pneus pretos e largos da Blazer não foram páreo para o gelo, a neve e as estradas que não tinham sido limpas, de forma que o carro derrapou enquanto desciam a rampa de acesso. Kara fechou os olhos com força e cruzou os dedos, um hábito de infância ao qual ela ainda recorria quando a situação exigia sorte ou intervenção divina.

- Experimente bater os calcanhares nessas botas também. - Lena brincou, mas seus olhos estavam fixos na estrada pouco visível a frente delas, e suas mãos estavam no volante quando os pneus finalmente encontraram aderência, e o deslizamento pela rampa foi controlado.

Naqueles poucos momentos nervosos, quando a atenção das duas ficou voltada para o gelo e a neve, talvez tivessem perdido uma placa, algum sinal, ou talvez devessem ter virado para a esquerda em vez de para a direita. À medida que avançavam devagar pela estrada, seguindo com esperança e pouco além disso, perderam, sem a menor dúvida, algum detalhe vital que teria as salvado do que veio depois.

O branco ofuscante era implacável e, considerando a sorte que estavam tendo em encontrar sinais de vida, poderiam muito bem estar nos arredores da Sibéria. Não havia nem mesmo outros carros cruzando a estrada, em nenhum dos sentidos.

- Vou voltar. Não tem nada aqui.

Lena fez o retorno e voltou, refazendo o caminho que haviam acabado de abrir.

- Vamos pegar a rodovia de novo e seguir até encontrar a próxima cidade. Não podemos estar muito longe de Columbus - Lena disse. Mas, conforme se aproximavam do ponto onde a rampa de acesso deveria estar, a visibilidade ia se tornando tão ruim que acabaram por perdê-la e voltaram para uma nova tentativa. Kara abriu a janela e enfiou a cabeça para fora, ficando com o rosto cheio de flocos gelados enquanto procurava a entrada para a rodovia.

Part Of Me | SupercorpWhere stories live. Discover now