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Ano 964 – Verão – Residência Gan

Assim que os escravos terminaram de almoçar, com o sino soando para retomarem as atividades, Tow fechou a frente do jovem, dessa vez acompanhado por seis guardas não com bastões, mas espadas de verdade.

– Escravo, hoje você fará direito seu trabalho de vigia! Acompanhará uma das escravas no mercado para as compras, e garantirá que ela não fuja! A espere no portão! Entendeu bem?!

– Sim.

– Ótimo! – Tow entregou um porrete de madeira para o jovem, virou as costas e saiu, quase correndo. O mero olhar do jovem o apavorava depois de ter sentindo tamanha Intenção Assassina.

Como ordenado, o jovem esperou no portão, até que Mona chegou acompanhando Ang.

– Não demorem! – disse ela, para então se aproximar do jovem – Hoje a noite tenho uma surpresa para você. – Ela deu um apertão na bunda dele, saindo.

Ang percebeu, virando o rosto, fingindo que não viu nada.

– Vamos. – Ela saiu na frente, com o jovem a acompanhando um passo mais atrás.

Eles foram de banca em banca, com Ang o tempo todo sorrindo para o jovem, que manteve a compostura digna de um guardião. A cidade era bem movimentada, com a praça do mercado sendo tomada por bancas e comerciantes gritando, anunciando seus produtos.

– A moça não gostaria de comprar uma joia para ficar bela para seu marido?! – Gritou um vendedor.

Ang se aproximou, pegando um par de brincos e os encostando nas orelhas.

– Huli, o que acha? Ficariam bem em mim? – Brincou ela.

– Você é bela com ou sem joia. – Disse ele, e não estava mentindo. Ang era uma bela mulher, que atraía olhares onde passava.

Ela corou, devolvendo os brincos, seguindo as compras dos itens na lista. Enquanto ela selecionava os vegetais que levaria, três guardas se aproximaram, cercando Ang, com um deles a encochando e acariciando, até que apertou os seios dela por cima da roupa. O jovem imediatamente puxou o porrete de madeira e acertou os guardas, os derrubando.

– Você quer morrer, escravo?! Eu posso arranjar isso em um piscar de olhos! – Esbravejou um dos soldados.

– Huli, pare! Se você os ferir, nós seremos punidos. Eu serei punida! Você caiu nas graças da Mona, mas eu certamente serei morta! Por favor... – Ang começou a chorar – Não faça nada...

Os guardas levantaram, com um deles agarrando Ang pela mão e a arrastando para um beco. O jovem ficou parado no lugar, imóvel, com suas mãos apertadas, trêmulas, sabendo a violência que fariam com ela.

Em poucos minutos, os três saíram do beco, com um deles arrumando a calça. O jovem foi até o beco, encontrando Ang caída, com as vestes rasgadas, com roxos no rosto e sangue no canto da boca, tendo sido estuprada e agredida. Ele foi até ela e a pegou no colo, ignorando as compras e todo o resto, apenas querendo a levar para casa.

– Para de se debater. – Disse ele a jovem que tentava descer.

– Não... Me solte. – o jovem obedeceu, a soltando – Devo continuar as compras, ou serei punida.

– Você está ferida.

– Somos escravos, Huli. Qualquer um pode fazer o que quiser com a gente, e se reclamarmos, somos punidos com a morte.

Sou: Um mundo de cultivoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora