Capítulo 4

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Nesse mesmo lado da cidade, onde a Empire e o escritório de Christian ficavam, onde tudo acontecia, o ar gelado de Londres não impedia que Eleanor Henstridge saísse de manga curta e um shorts jeans. Uma bota preta e um rabo de cavalo um tanto desajeitado acompanhavam esse look, e ao julgar tal aparência, Jasper Frost, que a observava de longe, podia jurar que ela não havia tido uma noite de sono tranquila, ele também podia jurar que o copo que vinha em sua mão, independente da bebida que estava ali dentro, vinha acompanhada de álcool. Essa, é uma outra história que vocês ainda precisam conhecer.

Len bem parou em um pub algumas quadras de seu prédio, fez seu pedido, e algo em seu celular ocupou sua atenção enquanto esperava por ele. Jasper bem tentou se aproximar, inclusive ia dando dois passos até ela, porém o barulho do celular dela tocando, o fez voltar até sua mesa.

- Oi Serkan. - Atendeu cansada. - Não, não estou com a Nina, faz alguns dias que não vejo ela. - Respondeu, e sua voz parecia preocupada. - Ok, eu te aviso qualquer coisa. - E desligou seu celular, se levantando em seguida. - Com licença. - Ela tirou um bolo de dinheiro da carteira, e jogou no caixa. - Pode ficar com o meu pedido, e com o troco. - E saiu dali.

...

À noite de sábado chegou, e Serkan recebeu alguns amigos, apenas os íntimos, Eda, e seu pai, em seu apartamento.

– Não vi a Nina aqui, ela está bem? – Can perguntou, sabendo dos problemas que o amigo passava com a irmã desde... Bom, a vários anos.

– Está viajando Can. - Respondeu vazio, e Can sabia que essas viagens de Nina nunca eram exatamente uma viagem, ela apenas sumia, e ninguém era capaz de encontra-la, até que ela decidisse voltar.

– Ela vem para seu casamento? Da última vez foram dois meses...

– E da última vez ela não atendia o celular, dessa vez também não está sendo muito diferente. - Nikolina Kamenova Dobrev, ou só Nina, como ela exigia que todos a chamassem, era a meia irmã, 5 anos mais nova, de Serkan. Seu pai, para a felicidade da nação, havia falecido a 3 anos. Nina e Serkan mal conviveram juntos até que ele fez 18 anos, e terminou o colegial, podendo enfim retornar a Londres. Antes disso, os dois se viam raríssimas vezes durante o ano, mas ainda assim, apesar dos muitos anos longe um do outro, a relação que ambos fizeram questão de construir quando se reencontraram, perdurou em ótimo estado até que 2 acontecimentos surgiram em seus caminhos. A morte de Madison, noiva de Serkan, a 6 anos atrás, seguida da morte de Paul, namorado, sem o consentimento do pai dela, de Nina. A partir dai, o Serkan que Nina conhecia se tornou o que é hoje, o Homem de Aço, e a Nina que Serkan conhecia, a Nina que fazia faculdade, a Nina que tinha sonhos, que sempre fora responsável, se perdeu em sua dor, e simplesmente trocou o dia pela noite, trocou os amigos, e trocou a faculdade por festas, álcool e drogas. E os dois, que sempre tiveram uma irmandade fiel e confidente, se perderam e nunca mais se encontraram. Eles moravam juntos, Serkan entendeu, após a morte do pai de Nina, que deixa-la sozinha, seria assinar a sentença para que algo de muito ruim acontecesse com a irmã, por isso, ele pegou tal responsabilidade para si, mas ainda assim, a relação de ambos não voltara a ser a mesma, e nos dias atuais, era rara uma conversa saudável entre eles. - Bom, vamos acabar logo com isso. – Disse se levantando, e se direcionando a Eda, que conversava com o pai, em um canto da sala. – Amor, pode vir aqui? - Chamou, oferecendo a mão, e ela, com sua taça de champanhe, foi até ele. - Está pronta para o show? - Perguntou, afastando uma mecha do rosto dela, e dando um beijo quente em seguida.

- Circo de horrores você quer dizer né? - Perguntou, retribuindo o beijo com um sorriso. Ela usava um vestido amarelo claro, sem sombra de duvidas mais simples do que os vestidos que Selin, e as esposas dos amigos que acompanhavam Serkan aquela noite usavam, mas isso sequer a importava. Ela não era da alta sociedade, e na verdade, estava muito feliz com isso. Já Serkan, usava um terno azul marinho, e os cabelos perfeitamente penteados, parecendo o dono do mundo como Eda costumava pensar.

- Peço a atenção de todos por favor. - Ele falou, e todos ali se viraram para ele. - Bom, algumas notícias não muito boas sobre mim circularam durante as últimas semanas, mas eu acho que o dia de hoje, prova, bom, apenas para os que nos interessam dar uma explicação, que tudo não passou de um grande mal entendido. - Disse, se direcionando para Eda. - E hoje, cercados de pessoas que só querem o nosso bem, eu gostaria de pedir, formalmente dessa vez, e para o seu pai Eda. - Se direcionou então para Alexander. - A mão da sua filha em casamento. - Disse. - Eu nunca conheci ninguém tão... Pura, e sensível como ela. Ela vê o mundo de uma maneira única, e eu vou passar todos os dias da minha vida tentando ver o mundo dessa maneira. - Disse, e internamente, Eda estava revirando seus olhos. - Eu a amo, e prometo fazê-la muito feliz. - Eda se incomodou com a maneira sínica da qual ele conseguia se referia ao amor.

– Minha filha é o mais importante para mim, e se ela está feliz com você, claro que eu concedo a mão dela.

– Eda? – Perguntou com um sorriso sarcástico no rosto.

– Eu aceito. – Ele então colocou uma aliança com um solitário em seu anelar direito, e deu um selinho cuidadoso nela em seguida. Ela bem queria sentir algo diferente do que havia sentido, queria sentir nojo, porém era inevitável, o contato da pele de ambos a causavam um frio gostoso na espinha. Ah, mas isso não anulava o ódio que ela sentia por ele, não se preocupem.

- A propósito. - Disse no ouvido dela, ambos estavam abraçados. - Bela tatuagem. - Elogiou a estrela que ela tinha na mão, e que ele só havia percebido agora.

O jantar foi servido, e após isso a conversa continuou, Serkan fazia questão de enturmar Alexander, e apresenta-lo ao seu sócio, e demais companheiros da empresa, enquanto Eda estava no meio de algumas mulheres, alheia a conversa delas, apenas observando seu pai ali, animado com tudo o que lhe estava sendo apresentado.

- Então Eda, e semana que vem, temos que te levar ao lado comercial da Oxford Street, vou me certificar de que haja algum fotógrafo lá e... - Selin comentava, e Eda, podia jurar pelo seu tom de voz, e pela maneira com a qual ela olhava para Serkan, que ela estava ciente de que aquele casamento era apenas fachada.

Passou-se uma bem meia hora quando o elevador apitou, e uma morena usando sapatos um tanto altos de mais saiu dele, cambaleando, aparentemente bêbada.

– Uma festa e eu não fui convidada maninho? – Nina perguntou, e cambaleou até onde Serkan estava, que a amparou assim que ela chegou nele.

– Nina, onde você estava, porque não deu notícias? – Perguntou preocupado.

– Eu nunca dou, e você não respondeu minha pergunta. - Serkan tencionou a mandíbula encarando seus convidados, e então respondeu a irmã.

– É o meu noivado Nina, saberia se estivesse aqui. – Respondeu ainda amparando a irmã. Uma risada fina tomou conta da casa, e então Nina se pronunciou sobre o assunto.

– Certo, certo, quem é a felizarda? – Perguntou ainda rindo, e Eda se levantou, e resolveu se apresentar.

– Muito prazer, você deve ser Nina, sou Eda Yildiz, a noiva de seu irmão. – Se apresentou olhando o estado da menina. Ela sabia muito por cima que Nina havia perdido um namorado a alguns anos, e talvez por isso, por ela, Eda conseguia sentir alguma coisa, mesmo que fosse pena.

– Muito prazer. – Respondeu se virando brevemente para Eda, e a avaliando rapidamente, porém de nada adiantou, sequer durou, Nina tropeçou, e caiu completamente bêbada no braço de Serkan, que carregou a irmã para o quarto, voltando alguns minutos depois.

– Desculpem por isso, eu... Bom, eu acredito que isso tenha cortado o clima de festa, me perdoem, Alexander perdão. – Se desculpou, e sua expressão agora era outra. Eda havia percebido isso, percebeu que, desde que Nina chegará, a expressão de Serkan mudou, se antes era séria, agora ele tinha uma expressão preocupada e cansada.

– Tudo bem, já está ficando tarde, vamos Eda. Cuide de sua irmã, tempo para conversarmos é o que vai nos sobrar. Obrigado por tudo, e bem vindo a nossa família. - Alexander comentou, e Serkan assentiu com a cabeça. O que Eda sabia sobre a irmã, era o mesmo que Alexander sabia, e o mesmo que Serkan havia se limitado a contar.

– Até mais amor. - Ele bem parou uma Eda no meio do caminho, e deu outro selinho nela.

- Até mais. - Respondeu atordoada.

- Nos avise qualquer coisa Serkan. - Christian e Can passavam por ele, e o primeiro lhe deixou tal recado, ele apenas assentiu sério.

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