Oi, mãe, que bom que você ainda tem voz. Eu fiquei com medo de nunca mais te escutar gritando comigo de novo, pensou Eliza, mal-humorada. Ela se virou para o pai.
— Concordo, painho. Eu sei que você não gosta de levar o crédito, mas não é como se eu tivesse feito algo incrível nem nada. Só achei os cadernos. Não tem nada de interessante pra a imprensa ir atrás — disse a garota, tentando agir da forma mais normal que podia.
Mas, enquanto falava, ela viu, de relance, sua namorada sorrindo enquanto comia. Debaixo da mesa, ela beliscou a coxa da ruiva, fazendo a garota soltar um estranho gritinho agudo.
Bianca bebeu seu suco e fingiu que o som foi um soluço quando a atenção de todos se voltou a ela.
— Meu pai quer dar uma promoção pra você e pro Eduardo — disse ela, após abaixar o copo. Apesar do estranho som, ela falou com a dignidade de uma dama da alta classe. — Ele não para de falar que foi graças aos dois que conseguiu colocar o prefeito atrás das grades e ainda descobriu a corrupção dentro da polícia.
O policial mostrou um sorriso torto enquanto coçava a barba feita recentemente. Sua esposa insistiu que ele mantivesse uma boa imagem para as entrevistas.
— Sim... o chefe fica mencionando uma promoção... ele fica insistindo, na verdade... mas não sei...
— Poxa, painho. Você tem que aceitar. — O irmão de Eliza entrou na conversa. — É uma ótima oportunidade.
— É mesmo, querido. Você deveria aceitar a promoção. Ficaria mais tempo na mesa do que patrulhando — disse a esposa do policial. — Deus sabe quantas noites de patrulha sua eu passei acordada...
— Preocupada com o quê? Vivemos num fim de mundo... temos problemas, mas não é nada perigoso como a capital...
— Ainda assim, eu só conseguia dormir quando você chegava em casa.
— Além do mais, as patrulhas não são tão ruins... a maioria das vezes só ficamos dando voltas na cidade... mas a gente recebe umas chamadas engraçadas às vezes — disse o policial, com um sorriso juvenil genuíno.
— Sério? Tipo o quê? — perguntou Bianca, com curiosidade no rosto. — Meu pai não tem nenhuma história legal do serviço.
— Vejamos... — O sorriso do policial aumentou enquanto ele esfregava o queixo sem barba.
Eliza sorriu e segurou o braço do pai.
— Ah, pai, pai! Conta pra Bianca a história do macaco! — gritou ela ao se lembrar.
O policial começou a rir.
— Ah! Essa é boa... é uma ótima... — Ele esperou até parar de rir para começar a história.
— Foi um sábado à tarde normal. A gente tava patrulhando quando recebemos uma chamada pra ir num bar. Só disseram que tinha um bêbo causando problema. — O policial já ria de novo. — Quando a gente chegou lá... o bêbo causando problema... era um macaco!
Ele cobriu o rosto e riu ainda mais. Eliza, o irmão e a namorada dele riram também. Bianca sorriu e aguardou, ansiosa.
— Como isso aconteceu?
— Alguém teve a brilhante ideia de dar cachaça pro macaco de estimação do dono. O bicho ficou tão louco após só um copo e pegou uma peixeira do tamanho do meu braço. Aí ele começou a perseguir as pessoas no bar. Quando o dono foi tentar pegar ele, o macaco subiu no telhado e ameaçava qualquer um que se chegasse perto!
Todos na mesa riram alto. Até a mãe de Eliza mostrou um sorriso enquanto balançava a cabeça.
— Não acredito que isso aconteceu e eu nunca fiquei sabendo! Como vocês dois resolveram? — perguntou Bianca quando parou de rir.
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Meus Olhos Enxergam
ParanormalVocê acredita no sobrenatural? Eu não. Pelo menos não até eu acordar com um poder estranho. No começo pensei que seria legal, mas não foi. Esse poder arruinou minha vida
Meus Olhos 2 - Capítulo 01
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