Meus Olhos 2 - Capítulo 01

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Oi, mãe, que bom que você ainda tem voz. Eu fiquei com medo de nunca mais te escutar gritando comigo de novo, pensou Eliza, mal-humorada. Ela se virou para o pai.

— Concordo, painho. Eu sei que você não gosta de levar o crédito, mas não é como se eu tivesse feito algo incrível nem nada. Só achei os cadernos. Não tem nada de interessante pra a imprensa ir atrás — disse a garota, tentando agir da forma mais normal que podia.

Mas, enquanto falava, ela viu, de relance, sua namorada sorrindo enquanto comia. Debaixo da mesa, ela beliscou a coxa da ruiva, fazendo a garota soltar um estranho gritinho agudo.

Bianca bebeu seu suco e fingiu que o som foi um soluço quando a atenção de todos se voltou a ela.

— Meu pai quer dar uma promoção pra você e pro Eduardo — disse ela, após abaixar o copo. Apesar do estranho som, ela falou com a dignidade de uma dama da alta classe. — Ele não para de falar que foi graças aos dois que conseguiu colocar o prefeito atrás das grades e ainda descobriu a corrupção dentro da polícia.

O policial mostrou um sorriso torto enquanto coçava a barba feita recentemente. Sua esposa insistiu que ele mantivesse uma boa imagem para as entrevistas.

— Sim... o chefe fica mencionando uma promoção... ele fica insistindo, na verdade... mas não sei...

— Poxa, painho. Você tem que aceitar. — O irmão de Eliza entrou na conversa. — É uma ótima oportunidade.

— É mesmo, querido. Você deveria aceitar a promoção. Ficaria mais tempo na mesa do que patrulhando — disse a esposa do policial. — Deus sabe quantas noites de patrulha sua eu passei acordada...

— Preocupada com o quê? Vivemos num fim de mundo... temos problemas, mas não é nada perigoso como a capital...

— Ainda assim, eu só conseguia dormir quando você chegava em casa.

— Além do mais, as patrulhas não são tão ruins... a maioria das vezes só ficamos dando voltas na cidade... mas a gente recebe umas chamadas engraçadas às vezes — disse o policial, com um sorriso juvenil genuíno.

— Sério? Tipo o quê? — perguntou Bianca, com curiosidade no rosto. — Meu pai não tem nenhuma história legal do serviço.

— Vejamos... — O sorriso do policial aumentou enquanto ele esfregava o queixo sem barba.

Eliza sorriu e segurou o braço do pai.

— Ah, pai, pai! Conta pra Bianca a história do macaco! — gritou ela ao se lembrar.

O policial começou a rir.

— Ah! Essa é boa... é uma ótima... — Ele esperou até parar de rir para começar a história.

— Foi um sábado à tarde normal. A gente tava patrulhando quando recebemos uma chamada pra ir num bar. Só disseram que tinha um bêbo causando problema. — O policial já ria de novo. — Quando a gente chegou lá... o bêbo causando problema... era um macaco!

Ele cobriu o rosto e riu ainda mais. Eliza, o irmão e a namorada dele riram também. Bianca sorriu e aguardou, ansiosa.

— Como isso aconteceu?

— Alguém teve a brilhante ideia de dar cachaça pro macaco de estimação do dono. O bicho ficou tão louco após só um copo e pegou uma peixeira do tamanho do meu braço. Aí ele começou a perseguir as pessoas no bar. Quando o dono foi tentar pegar ele, o macaco subiu no telhado e ameaçava qualquer um que se chegasse perto!

Todos na mesa riram alto. Até a mãe de Eliza mostrou um sorriso enquanto balançava a cabeça.

— Não acredito que isso aconteceu e eu nunca fiquei sabendo! Como vocês dois resolveram? — perguntou Bianca quando parou de rir.

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