— Então ele se livrou da mulher e se teleportou pro assento do motorista. Aí a gente saiu de lá como se nada tivesse acontecido — disse Eliza, alongando os braços. Sorrindo, ela se inclinou para trás e descansou a cabeça na cama, olhando para o teto. — Foi arretado demais...
— Parece ter sido — murmurou Bianca, sem esconder a inveja na voz.
— Você devia ter ido! Teria amado ver aquilo ao vivo!
— Não teria feito qualquer diferença. Não tenho nenhum poder...
Eliza notou o tom de Bianca e sorriu para a garota que amava.
— Mesmo sem poderes, você já é foda. É a pessoa mais foda que conheço.
— Ahãm, obrigado pela sessão de pena — disse a ruiva com um sorriso forçado.
— Não é pena! Tô falando sério! — adicionou Eliza, rápido, mas aquilo só fez Bianca rir.
— Eu sei. Mas, sabe, a gente não tá aqui pra falar da sua aventura. — Ela levantou da cama e sentou no chão. — Viemos estudar, ok?
— Isso nem é uma mudança tão brusca de assunto... — Eliza não se esforçou para esconder o quanto a ideia a desanimava.
— Não importa. O ENEM é daqui a menos de dois meses. Você precisa estudar.
— Não tem muito sentido estudar tão em cima da hora, tem? — Eliza sabia que era uma desculpa esfarrapada. Mas ela não sentia vontade alguma de estudar. — Na situação atual, eu sou um dos violinistas do Titanic.
Embora já tivesse contado à Bianca todos os detalhes dos quais se lembrava, a garota ainda queria falar sobre a incrível e inacreditável aventura que testemunhou. Eliza estava tão animada que não tinha como se focar nos livros didáticos.
— Você não tá num navio prestes a afundar, por isso, precisa estudar. — Bianca deu um peteleco gentil na testa da namorada.
— Ai! — exagerou Eliza, fazendo a ruiva sorrir. — Pensei que você me amava... Por que me feres desse jeito?
— Eu te amo. E é por isso que quero que pare de perder tempo.
Eliza olhou para Bianca com o olhar mais sedutor que tinha. Mas não fez diferença; sua namorada estava focada demais nos estudos. A garota desistiu e suspirou exageradamente.
— Tá bom...
Com muito esforço, ela se inclinou sobre a mesa de centro e encarou os exercícios na sua frente. Mas, não importa o quanto tentasse, não conseguia se concentrar. Sua mente vivia voltando para o que aconteceu nas docas.
Eliza nem terminara de ler o primeiro problema quando bocejou e colocou o lápis entre os lábios e o nariz.
— Isso é tão chato e inútil... Quando vou usar algo assim na vida?
— Durante a prova — disse Bianca de imediato, contendo um sorriso. — A prova faz parte da vida.
— Você estava doida pra usar essa desde que viu o meme, né? — Eliza, por sua vez, não conteve o riso.
Bianca sorriu e não respondeu, virando a página do mangá que lia.
Eliza se focou no problema de novo. Mas, após finalmente ler, não tinha motivação para pensar. É como se eu nem tivesse lido... Mas se eu conseguir, quem sabe a Bianca não me recompensa de algum jeito...
Pensando nisso, ela conseguiu terminar o problema. Mas não tinha nada que podia fazê-la olhar para o segundo exercício.
A prova é em menos de dois meses... um final de semana com 190 perguntas e uma redação... Só de pensar nisso já fico cansada, pensou ela, deitando na mesa.
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Meus Olhos Enxergam
ParanormalVocê acredita no sobrenatural? Eu não. Pelo menos não até eu acordar com um poder estranho. No começo pensei que seria legal, mas não foi. Esse poder arruinou minha vida