31.

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📍Lisboa, Portugal.

Entrei no carro, finalmente, soltando o ar que não sabia que segurava.
Olhei uma última vez para aquele enorme edificio, de onde eu saira com a minha vida prestes a mudar por completo.
Com as mãos trémulas, tive alguma dificuldade em levar a chave ao local indicado, precisando respirar fundo para o poder conseguir fazer.

- Tem calma, Benedita. - sussurrei para mim mesma, numa tentativa de deixar de lado todo a onda de emoções que eu não sentia estar preparada para surfar.

Desisti, pegando a minha mala para a revirar, numa tentativa de encontrar o meu telemóvel. Suspirei de frustração, ao ver que este se encontrava desligado, muito provavelmente, pela falta de bateria. Eu era sempre a mesma coisa. Só o carregava quando este estava mesmo a dar as últimas.

Respirei fundo, novamente, e depois de conseguir ligar o automóvel, tentei dirigir, da forma mais calma possível, até ao meu apartamento.

À pouco mais de uma semana que regressámos das nossas férias pela ilha paradisíaca de Santorini.
Estava de volta aos treinos, estes mais intensos do nunca devido à paragem que tiveramos, onde se perdeu, um pouco, toda a rotina de exercício. Era necessário recuperá-la e entrar, novamente, no ritmo a que me habituara.

Pelo que soubera de Silva, este já se encontrava na cidade de Sevilha, também de regresso à preparação para todo um grupo de competições importantes e que, a sua transferência definitiva para o emblema espanhol estava a ser tratada, segundo rumores. Quanto a Sara, como não podia deixar de ser, reataram a sua relação e, apesar de a gravidez não ter sido confirmada, isso não significava que não estivessem a tentar. Palavras do próprio.
O casal Almeida aproveitava a vida de recém-casados e os primeiros meses de vida do pequeno Salvador, que a todos fazia as delícias com tamanha fofura.
Pizzi e Maria preparavam a vinda do seu segundo filho, promovendo, assim, o ruivinho Afonso a irmão mais velho.
Yuri aproveitava com Carolina, a rapariga com que iniciara uma relação alguns meses antes, finalmente, assumindo que estavam apaixonados.
Por último, mas não menos importante, Rúben. Depois do defesa central ter voltado a casa, partiu com a família para o Sul do país, a fim de aproveitar algum tempo com os mais próximos antes de regressar a Itália, este que, por ventura da sua participação com a seleção nacional na Liga das Nações, tinha direito a mais alguns dias de férias. Não falaramos desde que regressaramos e, muito sinceramente, eu não me sentia, totalmente, mal por isso. Depois da nossa última noite, que fora a mais especial, talvez, pelo saber a despedida que tivera, nós precisávamos de espaço para tentar organizar os nossos sentimentos e emoções. Éramos pura confusão. Éramos errado e certo. Éramos tudo e nada.
Não tinha qualquer conhecimento da sua situação com a namorada ou o que pretendia fazer dela. Apesar de me sentir um pouco culpada pelos acontecimentos daquela madrugada, eu não me conseguira arrepender.
E fosse qual fosse o desfecho da nossa história, aquela noite eu jamais poderia esquecer.

Os meus pensamentos foram interrompidos com o constante buzinar dos carros, o que me assustou.
Ao reparar que estava a congestionar o trânsito, praguejei-me mentalmente, tratando de me recompor.

- Vai para o caralho! - gritei pela janela para o condutor da viatura que, de forma constante, pressionava a buzina.

Dei a saída e segui até aos meus aposentos. Assim que cheguei, corri até ao terceiro andar ignorando, totalmente, o elevador, tal era a ansiedade de entrar em casa, onde Carminho esperava-me, igualmente curiosa.

- Meu Deus, nós tínhamos alguma coisa combinada e eu não me lembrei? - um pouco aflita questionei ao ver os meus pais, irmãos e avós.

Olhei Carminho que me ofereceu um sorriso culpado e, logo percebi o que ela fizera.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora