27.

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- Estou aqui. - gritei, ofegante, ao entrar na residência que pertencia a Rita e André Almeida.

- Não te preocupes, não estás atrasada. - a noiva proferiu e suspirei aliviada, fazendo-a rir.

Uma semana depois da minha chegada a solo português, estávamos a preparar-nos para o tão esperado casamento do ano pela família benfiquista. O casal Almeidinhos esperara o nascimento do pequeno Salvador para, finalmente, darem o nó após quase uma década de namoro, este que se conheciam desde o tempo de infância, dada a amizade entre as suas famílias.

- A Carminho não vem? - Rita perguntou e assenti de imediato.

- Ela mandou-me uma mensagem a dizer que daqui a pouco está aqui. Mas sabes como é, passou a noite com o Guga. - ela esboçou um sorriso sugestivo e nós caímos na gargalhada.

Tínhamos combinado prepararmo-nos todas juntas, uma vez que a cabeleireira e a mulher responsável pela maquilhagem eram as mesmas. Além de que, ajudariamos Rita com o vestido de noiva e a acalmar os nervos, estes mais do que visíveis, num dos dias mais importantes da sua vida.

- E tu? Como estás? - um pouco reticente, questionou. Sabia ao que se referia e, muito sinceramente, não me apetecia falar do assunto.

Desde que voltara que, não mantivera qualquer tipo de contacto com Rúben e este não fizera questão de procurar saber estar tudo bem. Eu sentira-me humilhada naquela dia no aeroporto. Eu não iria deixar que as coisas fossem daquela forma. Eu precisava começar a pensar mais em mim. E isso não era um ato de egoísmo mas sim de proteção.

- Estou bem. - respondi. Era verdade. Eu não estava totalmente bem mas estava feliz. - Tenho passado estes dias em família. O meu irmão está a preparar, igualmente, o seu casamento e temos reunido tios e primos que não víamos à algum tempo devido ao facto de estes morarem longe. Tem sido bom para mim. Para nós. - proferi, o mais sincera possível.

- Sabes que ele hoje vai estar no casamento com ela, não sabes? - perguntou e assenti, não evitando um suspiro.

- Não tenho pensado noutra coisa, nomeadamente, quando a noite chega. Vê-lo no aeroporto com outra pessoa, enquanto ela sorria-lhe completamente apaixonada, faz-me pensar que eu perdi-o para sempre. Às vezes, chego a pensar se alguma vez ele me pertenceu. Foi tudo tão intenso, apesar do pouco tempo. Eu nunca senti isto com ninguém. Nem com o Nuno. Se eu pensava que não poderia gostar mais de alguém como gostei do meu ex-namorado, vem o Rúben para provar, exatamente, o contrário. E quando eu pensava que mais ninguém me poderia magoar como o Nuno o fez.. - ela interrompeu-me.

- Lá vem o Rúben para te provar o contrário. - completou por mim.

- Exatamente. - murmurei. - Estou completamente devastada. Eu não sei o que fazer. Eu sinto-me perdida. - escondi o rosto entre as mãos, tentando não me levar pelas emoções.

- Tu amas-o? - olhei-a rapidamente aquando da sua pergunta.

- Nem fazes ideia do quanto. - murmurei, mirando as minhas unhas polidas e tratadas.

Ouvimos um pigarrear e, num instante, nos levantámos do sofá ao reparar que se tratava de Rúben na porta.
Virei-me de costas para ele, tratando de limpar qualquer vestígios de lágrimas que ainda pudesse ter, logo depois me recompondo na posição anterior.

- Bom dia. - cumprimentou. Consegui notar a timidez na sua voz.

- Bom dia. - em simultâneo, retribuimos.

- Precisas de alguma coisa? - Rita perguntou, não tentando soar rude, embora sem sucesso.

- Eu vim buscar uma cena a mando do André. Ele diz que está no quarto. - informou e a futura esposa do seu companheiro de equipa, assentiu.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora