20.

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- Rúben, despacha-te ou vamos perder o avião. - insisti com o jovem da Amadora, este que se encontrava ainda muito preguiçoso e enrolado nos lençóis, naquela manhã de inverno cujo frio se fazia sentir de forma bastante intensa na cidade capital.

O mês de Dezembro chegara duas semanas antes e com ele, um frio de rachar, a última jornada da primeira volta dos campeonatos das diversas modalidades e alguns dias de férias o que significava, simultaneamente, tempo para nós. Finalmente.
Por isso, Rúben decidira que, iríamos viajar para a capital da República Checa e para Lucerna, na Suíça, cidades onde era possível aproveitar a neve e alguns dias de repouso, naquela que era a minha época preferida e onde eu me transformava numa autêntica criança, o Natal.
Lisboa já fazia as delícias dos mais pequenos, e até mesmo dos adultos, com as respetivas decorações natalícias que tanto deslumbravam os filhos dela e aqueles que, mesmo de visita, tornavam-se parte da sua história.

- Já estou de pé. - olhei para o corredor, vendo um Rúben muito ensonado e apenas de calções. Sim, porque mesmo de inverno, o rapaz recusava-se a dormir de pijama. Era incomodativo, segundo palavras do próprio.

Parei de arrumar a divisão da sala de refeições para me dirigir ao seu encontro e o abraçar pelo tronco, deixando um beijo no seu peito nu. Sorri quando este acariciou os meus cabelos, replicando o meu gesto.

- Vamos ao banho? - murmurou e eu ri, sabendo quais as suas intenções.

- Mas tu não és farto? - acusei e o central gargalhou.

- Tu é que levaste a minha pergunta para esse lado. - defendeu-se e revirei os olhos.

- Como se eu não te conhecesse. - dei-lhe uma leve estalo no braço.

Ele riu e entrelaçou a sua mão na minha, encaminhando-nos para a casa de banho privativa do quarto.

Depois um duche rápido, mais por insistência minha do que Rúben que queria aproveitar o quente da água, preparamo-nos para a ida até ao aeroporto decidindo que lá, faríamos primeira refeição do dia.

Fechamos as malas, verificando que nada nos faltava e seguimos até ao nosso destino. Depois de todos os procedimentos necessários para conseguir o bilhete de avião impresso, fomos até ao Starbucks, pois Rúben não parava de resmungar sobre a fome que tinha.

- Tu és sempre assim tão ranhoso nas viagens? - perguntei, um pouco aborrecida pela sua falta de humor.

- Sabes que eu não sou uma morning person. - defendeu-se num inglês que me deu vontade de rir.

- Tu estás habituado a levantar-te cedo. - refutei com o óbvio e o internacional português revirou os olhos, aborrecido.

- Não às.. - pausou para olhar o relógio de pulso. - 05h50 da manhã. - mostrou-me a língua e acabei a rir com a sua infantilidade.

- Tu és um chato. - reclamei, fazendo beicinho e o número seis das águias esticou-se para me beijar os lábios.

- Eu durmo no avião e isto resolve-se. - deu de ombros.

Comemos devagar, distraindo-nos com conversas aleatórios que fizeram com que o tempo passasse de forma mais rápida.

Quando a hora do voo se aproximou, dirigimo-nos até à porta que nos fora indicada pelas telas do aeroporto, esperando na fila para entrar na aeronave.

- O que é que vais ver? - já no seu interior e devidamente acomodados, Rúben perguntou ao observar-me retirar o IPad da mochila onde guardava os nossos pertences essenciais.

- La Casa de Papel. - constatei óbvia e o central soltou uma risada.

- Tu já viste isso milhares de vezes. - exagerou e revirei os olhos, rindo com ele.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora