02.

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Fui todo o caminho a falar sozinha, praguejando o ser com quem tivera a infelicidade de me cruzar.

- Benny. - chamaram e quase saltei com o susto, olhando na direção da voz, vendo o meu avô dirigir-se a mim. - Estás bem, querida? - perguntou, beijando os meus cabelos molhados, assim que chegou à minha beira.

- Está tudo bem, avô. - assegurei, irritada comigo própria por ainda pensar e dar importância a tal rapaz e situação. - Tive um encontro menos positivo com um dos seus atletas. - acabei por confessar por conta do seu olhar nada convencido aquando da minha primeira fala.

- Mas estás bem? Quem era ele? - rapidamente questionou e neguei, rindo com a sua, já habitual, preocupação.

- Está mesmo tudo bem. Não foi nada demais. - garanti e o mais velho acabou por deixar ir o tópico.

- Tudo bem. - cedeu. - Aceitas um lanche aqui com o teu velho avô? - convidou, estendendo o seu braço para que o pudesse entrelaçar no meu e sorri-lhe, anuindo em forma de aceitação.

- Isso nem é pergunta que se faça! - exclamei e ele riu.

Encaminhou-nos até ao bar que o edifício abrigava e depois de escolhermos do menu e pagarmos, sentamo-nos numa, das muitas mesas vazias.

- Como está a correr o trabalho? - perguntei, enquanto mordia um pedaço do pão que pedira.

- Nunca é fácil gerir um clube de grande dimensão como o Sport Lisboa e Benfica mas, com o trabalho e empenho da nossa equipa, aliado ao amor que sentimos pela mística, não há nada que não se faça. - respondeu, entoando orgulho e satisfação no seu discurso, o que me deixou descansada e, simultaneamente, contente pelo sentimento que a sua rotina lhe dava.

- Fico muito feliz por saber isso. Não se esqueça que tem de cuidar da sua saúde. - avisei e ele sorriu-me.

- Não te preocupes comigo, filha. Está tudo bem. - garantiu. - Não sejas como o teu pai e os teus tios que parece que não sabem dizer outra coisa. - resmungou e emiti uma gargalhada pela expressão engraçada que trajava.

- Nós só estamos preocupados consigo, avô. - defendi-nos. - Este é um trabalho que muito stress pode causar e isso não é bom, nem para si nem para ninguém. - reforcei a nossa posição e ele sorriu, acenando.

- Prometo que terei todo o cuidado. - garantiu e sorri-lhe, já mais descansada. 

Um movimento repentino chamou a minha atenção e mirei pelo ombro do responsável encarnado, não evitando um revirar de olhos ao ver Rúben entrar com um grupo de colegas e amigos, envergado no equipamento de treino da equipa de futebol. 

- Rúben. - o meu avô chamou e olhei-o um pouco inquieta, curiosa por saber a razão pela qual o jogador fora evocado.

- Senhor Varandas Fernandes. - cumprimentou educado e não evitei rir, ao ver um Rúben tão mais contido do que momentos antes.

- Está tudo bem, rapaz? Como estás da pequena lesão auferida no passado treino? - apreensivo, o dirigente quis conhecer, recebendo um pequeno sorriso por parte do jovem.

- Já está tudo tratado. O Dr. José Maria descansou-nos com a não gravidade da fractura e concedeu autorização para reintegrar os treinos. - expôs e olhei-o com interesse, deveras curiosa com as diversas facetas que o moreno era capaz de mostrar, conforme a pessoa com quem se cruzava.

O telemóvel do meu avô tocou no seu bolso e este, rapidamente, se desculpou, levantando-se para atender a chamada num local mais apropriado.

- Podias ter sido assim comigo e, talvez, pudéssemos ser amigos. - critiquei e este observou-me sério.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora