05.

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Isto de dormir sem ter de acordar com o relógio-despertador era só a melhor coisa de sempre.

Espreguicei-me, olhando o visor do telemóvel e observando que este marcava, aproximadamente, as dez horas da manhã, naquele que era o meu dia de folga, francamente desejado por mim depois de uma semana em que os treinos ficaram àquem da expetativa.

Tinha encontro marcado com a minha melhor amiga desde os tempos da faculdade, Carminho, esta que chegava da cidade de Braga para passar um dia comigo antes de partir novamente, desta vez para a Austrália, país natal do pai e que a sua família visitava todos os verões. Conhecemo-nos dois anos antes, quando entrámos para a escola superior de saúde de Lisboa para cursar fisioterapia. No entanto, quando iniciara o meu percurso internacional defendendo, não apenas as cores do Sport Lisboa e Benfica, mas também de Portugal, achei por bem congelar a matrícula, numa altura em que não conseguiria conciliar as duas coisas. Esperava, um dia, poder terminar a licenciatura que sempre sonhara devido à efemeridade que caracterizava a carreira de um atleta.

Depois de uma noite bem dormida e relaxante, tomei um banho demorado, aproveitando para cuidar a minha pele, que me gritava um pedido de socorro, depois uma semana caótica.

Confecionei o pequeno almoço saudável, que passava pelos já habituais ovos mexidos no pão integral e o smoothie de verduras, fruta e sementes de linhaça e chia, respeitando sempre o plano dietético que benefícios bastantes trazia para a saúde. Tomei a refeição no pequeno quintal que o apartamento continha, enquanto me alimentava, igualmente, de vitamina sun, naquela que era a minha estação favorita, o Verão.

Tendo sido interrompida ontem pelo convite de Rúben, enquanto a hora de encontrar com Carminho não chegava, decidi retomar a maratona de How I Meet Your Mother, mais uma vez, deliciando-me com a personagem de Barney, sendo eu, igualmente, muito de todos os outros.

Depois de apenas um episódio, visto Carminho anunciara a sua quase chegada a Lisboa, vesti uma roupa apresentável mas fresca e dirigi-me ao terminal dos autocarros, esperando ansiosamente pela minha loira favorita.

- Benny. - ouvi chamar e sorri, olhando na direção da voz, ela que corria para mim.

- Minho. - abracei fortemente a rapariga.

- Não me chames Minho. Isso é nome de rio. - resmungou e eu ri com a sua habitual repreensão.

- Mas tu és da região do Minho e o teu nome é Carminho. Faz sentido. - defendi-me e ela deu-me um valente estalo no braço, o que me fez quase gritar.

- Leva-me a comer e está calada. - ordenou e nós acabámos a rir.

- Onde queres ir? - perguntei, enquanto caminhavamos até ao carro.

- Podemos comer porcarias? - fez olhinhos tipo gato das botas e gargalhei.

- Só porque tu estás cá. - apontei-lhe o dedo e ela riu, puxando-me para um abraço rápido.

- É por isso que eu adoro-te. - deixou um beijo na minha bochecha e revirei os olhos, acabando por rir.

- Frankie HotDogs? - sugeri, querendo também eu lá ir, já que era para sair da rotina.

- Por favor! - concordou e rumei até lá, numa viagem que ficara marcada pelas nossas gargalhadas e tentativas falhadas de concertos que, muito provavelmente, dariam dor de ouvidos àqueles que por eles fossem afetados.

Entrámos no estabelecimento e depois de efetuarmos os pedidos, ficámos na conversa.

- Como ficaram as coisas com o Martim? - perguntei enquanto ela mexia no meu telemóvel.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora