28.

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"Talvez nós nunca dêmos certo mas ninguém dá tão bem errado como nós."

- Qual achas o biquíni que devo levar? - Carminho questionou, enquanto me mostrava os dois conjuntos, um em cada mão.

Eu ri com a sua complicação em fazer uma mala, tal era a sua indecisão.

- Minho, levas os dois. Nós vamos para Santorini! - óbvia, exclamei, fazendo-a revirar os olhos, acabando a rir comigo.

- Tudo bem. - acabou por ceder, guardando as vestes no local indicado. - Invejo essa tua capacidade e facilidade em preparar as viagens. - reclamou, entre risos e juntei-me a ela.

Alguns dias depois do casamento de Rita e André, o nosso grupo de amigos preparava-se para os tão desejados dias de férias, tendo a Grécia, mais propriamente Santorini, como destino de eleição.

- Eu não sou como tu que demora horas a tentar decidir o que levar e acaba por guardar tudo. - fiz troça e a loira mostrou-me a língua.

- calada e vamos jantar que eu não posso deixar o Guga à espera. - esboçou-me um sorriso sugestivo e olhei-a com uma expressão de nojo fingido que a fez gargalhar.

- A minha pobre inocência. - abanei negativamente a cabeça e ela soltou uma risada alta que me fez cobrir os ouvidos devido ao estridente som.

- Inocente? Tu? - irónica, questionou e fingi-me ofendida.

- O que é que tu queres dizer com isso? - teatralizei e ela riu.

- Não devias ter a noção do barulho que fazias quando o Rúben passava aqui grande parte das noites. - acusou e foi impossível não corar, tal era o embaraço.

- Carminho, eu vou-te matar! - gritei, batendo ao de leve no seu braço.

- É verdade. - continuou com o gracejo. - Ele deve ser muito bom naquilo que faz. - olhou-me sugestiva e os olhos quase me saltaram da cara ao ouvir tão afirmação.

- Meu Deus, Carminho, tu pára! - gritei e a bracarense gargalhou. - Mas sim, ele sabia bem o que fazia. - admiti e a loira olhou-me atónita, não esperando que eu aderisse à brincadeira.

- Dispenso pormenores. - fez uma careta e foi a minha vez de rir.

- Também não te ia contar. - mostrei-lhe a língua e ela riu.

Preparámos a mesa e, depois de aquecermos a sopa que ontem a minha melhor amiga confecionara, comemos num ambiente de convívio e de forma bastante calma, enquanto imaginávamos mil e uma coisas que queríamos fazer assim que pisassemos solo grego.

- Agora aquilo que eu vou imaginar é o que vou fazer com o Guga quando chegar ao apartamento dele. - disse, enquanto terminava de levar a loiça à máquina de lavar. Ela riu da minha expressão de nojo. - Vá lá, até parece que não o fazes. - revirou os olhos e eu ri. - Como é que ficaram as coisas com ele desde o dia do casamento? - Carminho questionou e dei de ombros, não evitando um suspiro.

- Não ficaram. - disse simplesmente. - Foi uma dança e pronto. Apenas isso. - tentei convencê-la quando, na verdade, acho que o tentava fazer a mim mesma.

- Mas foi o vosso primeiro contacto desde muito tempo antes. - não a deixei terminar.

- Sim, foi. E sim, doeu. Foi difícil estar perto dele e foi mais difícil estar perto dele e não poder fazer o que eu queria. Pior ainda foi, depois da nossa dança, a namorada o ter puxado para a pista e estes dançarem de forma alegre, completamente alheios ao que se passava ao seu redor. Eu sinto-me como se já não fizesse parte da vida dele. Aliás, eu já não faço. Ele confunde-me. Muito. Uma vez diz que me ama e na outra, ignora-me como se eu não estivesse presente.. - ergui os ombros, num gesto derrotada.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora