15.

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- Tive saudades tuas. - puxei-o para um abraço, este que fez questão de intensificar o aperto.

- Eu também tive tantas saudades tuas. - arrumou alguns fios de cabelo que escaparam ao rabo de cavalo. - Desculpa a minha estupidez. A Carminho foi bruta mas eficaz. - gracejou e nós rimos. - Agora vai lá e ganha isto. Estamos todos a torcer por ti. - beijou os meus lábios num beijo rápido e afastou-se com um sorriso.

Respirei fundo novamente e entrei no recinto quando ouvi o meu nome ser evocado pelas colunas daquele recinto, o palco de mais um passo rumo ao objetivo, ou assim esperava eu.

Sorri ao ver os jogadores e dirigentes num grande grupo que ocupava parte das bancadas reservadas à massa associativa do Sport Lisboa e Benfica, onde estavam também alguns adeptos que se deslocaram para assistir ao jogo de futebol.
Rúben, que se sentava entre Carminho e Pizzi, piscou-me o olho enquanto a loira e o médio encarnado fizeram o sinal de like com o dedo, num gesto de incentivo. Acenei para os três e procurei o meu avô, este que já se encontrava a olhar-me com um sorriso orgulhoso que deu-me a restante força que faltava.
Bati palmas para todos, em forma de agradecimento à sua presença e posicionei-me em frente à minha adversária, a ruiva que me olhava sem qualquer emoção, certa de que eu era um alvo a abater e não apenas em termos desportivos.

Revirei os olhos internamente e demos início ao duelo com o já habitual cumprimento de pé.

Afastei-me quando esta se aproximou, concentrando-me naquilo que crescera a saber fazer, conseguindo meio ponto com o Wazari, em que a projetei de costas mas ela resistiu, não caindo de todo no tatami, por isso não realizado na perfeição.
Procurava fazer outro meio ponto e  terminar com o duelo, mas Adastrea, sem que eu contasse, levou-me ao chão, enrolando a sua perna na minha e pisando o meu pé, o que me fez gritar e bater repetidamente com a mão no chão, em sinal de desistência devido à imensa dor que sentia.

- Foda-se! - praguejei, agarrando-me ao tornozelo.

Ergui-me, ficando sentada no tapete, tentando engolir o choro mas sem o conseguir.

- Benedita! - o meu treinador e a equipa médica correram na minha direção com os seus semblantes preocupados.

- Vamos ver isso. - a Dra. Nádia pediu, retirando, de forma suave, a minha mão para que pudesse analisar.

Olhei para Adrastrea vendo que esta esbravejava com o árbitro, muito provavelmente, em defesa das suas ações. Mirei o televisor, vendo que a fotografia da grega aparecia na tela, anunciando a sua desqualificação de um possível acesso ao campeonato do mundo.
A ruiva mirou-me com os olhos marejados e desviei o olhar, não querendo encarar a fúria da besta.

- Nós vamos levar-te na maca. É o melhor a ser feito por ser tão recente. Vamos analisar melhor lá dentro e quando chegarmos a Lisboa. - a médica concluiu e, rapidamente chamaram pelos bombeiros que não hesitaram em correr para nós.

Deitaram-me e tentei procurar Rúben, não o encontrando entre a multidão. Carminho e o meu avô também não se misturavam entre eles.

- É muito grave? - a medo, perguntei à mulher que me acompanhava e esta ofereceu-me um sorriso de conforto.

- Não tão grave como parece. Quando regressarmos a Portugal, vamos iniciar o tratamento para que consigas recuperar até à próxima jornada do campeonato. Vai correr tudo bem. - tranquilizou e deixei escapar um suspiro pesado, não imaginando que fosse aquele o desfecho de tal disputa.

Deixei que tratassem o tornolezo, mordendo o lábio com certa força, não querendo desatar a gritar ali mesmo com a dor que me assolava.

Senti alguns passos próximos e não evitei um sorriso fraco ao ver a expressão de Carminho.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora