- Ou o quê? O que é que tu fazes? - provocou.

- Tens a certeza que queres saber? - debochei e ele riu. Devolveu o prato a Guga, que gritou um aleluia, e encaminhou-se de novo para a cozinha.

Engoli em seco quando o jogador das águias aproximou-se de mim, ficando perigosamente perto.

- E agora, o que é que me vais fazer? - levou a mão à minha cintura.

- Aproxima-te. - pedi, num sussurro, e ele não hesitou em obedecer à minha solicitação, o que me gargalhar internamente. - Só mais um pouco. - sussurrei.

- E agora? - murmurou quase tocando as nossas bocas e eu sorri.

- Isso era o que tu querias. - esbocei um sorriso vitorioso e afastei-me, não evitando gargalhar com a sua expressão atónita e, simultaneamente, descontente por se ter deixado enganar e levar de forma tão fácil.

Benedita 1 - 0 Rúben.

Entrei na cozinha e sentei-me juntos dos outros, que nos esperavam com sorrisinhos.

- O que foi? - perguntei, bebendo um gole do sumo natural.

- O que é que vocês fizeram para terem demorado algum tempo na sala? - Gedson interrogou rindo e revirei os olhos, preparando-me para responder mas uma voz não me deixou.

- Não fizemos nada. Já vos disse que não namoraria alguém como ela. - Rúben falou sério, juntando-se a nós na mesa.

- Como assim alguém como eu? - mostrei-me ofendida.

- És tão irritante que as caraterísticas positivas que possas ter não sobressaem. - criticou e nem respondi, sentindo-me um pouco afetada pelas suas palavras.

- Vocês estão a gostar da lasanha? - desviei o assunto e notei que eles repararam na minha mudança de atitude e, mesmo, de tom de voz.

- Já comi melhor. - o número seis comentou e tentei controlar a minha imensa vontade de lhe bater.

- Já chega, Rúben. - Yuri pediu e o amigo levantou as mãos em forma de rendição.

- Está tudo bem, Yuri. Está tão má que o prato dele está quase vazio e, tenho a certeza, que vai repetir. - alfinetei e todos riram, menos o central que me mostrou a língua.

E assim, em convívio, terminámos a refeição, onde Rúben repetiu por mais duas vezes, o que me fez gargalhar.

Benedita 2 - 0 Rúben.

- Bora jogar ao verdade ou consequência? - Guga sugeriu e todos concordaram. - Tens uma garrafa? - perguntou-me e acenei, correndo até à cozinha para a pegar.

- Aqui tens. - entreguei a mesma e ele sorriu-me em forma de agradecimento.

Rúben e Gedson moveram a mesa de centro da minha sala de estar e, todos, nos sentamos no tapete, formando uma pequena roda. Fiquei de frente para o central de vinte e um anos e revirei os olhos quando este me mostrou um sorrisinho.

- Uma vez que não podemos usar as bebidas alcoólicas pois temos jogo e as roupas interiores também não vão ser usadas aqui por uma questão de respeito, aquilo que podemos fazer, sendo isto a regra, é que podemos ter cinco verdades e depois de as usarmos, vamos ter uma consequência que ninguém pode contestar ou recusar-se a fazer. O que acham? - propôs e, todos olhamo-nos, concordando com a ideia.

- Bora nessa! - Carminho gritou, entusiasmada, e nós rimos.

E começamos o jogo, onde muitos de nós esgotaram as suas verdades e cujas consequências passaram por desfilar quase nu pelo corredor, apenas com a roupa interior, no caso de Yuri, e de fazer uma declaração de amor falsa à vizinha da frente, que acabámos por descobrir ser uma mulher de meia idade que deu um valente sermão a Gedson, que não podia ter ficado mais embaraçado. No caso de Guga, a consequência fora escolhida por mim e optei pelo beijo desejado entre o loiro e Carminho que enalteceu a química natural e óbvia que ambos partilhavam e que nos deu a ideia de que aquela não seria a última vez que os veríamos juntos, o que me agradou muito pois, apesar de conhecer o jogador dos sub-23 dos encarnados à relativamente pouco tempo, conseguia perceber nele caraterísticas como a sinceridade, o humor, o trabalho, dedicação e superação, esta última evidente pela forma como este recuperara daquele que fora o maior desafio da sua carreira, na cura de uma grave lesão que lhe rendeu largos meses parado e cujas marcas ele podia dar a conhecer ao mundo, no seu joelho direito, que gritavam a capacidade de Guga de superar-se a si mesmo e às adversidades que a vida deitava no seu caminho.

Engoli em seco quando a minha melhor amiga rodou a garrafa e esta apontou para mim, sendo a minha vez de ter a consequência, pois estavam esgotadas as verdades. Sabia que se vingaria de mim por a ter constrangido antes.

- Consequência, certo? - ela perguntou e acenei, olhando-a desconfiada, o que a fez rir. - Sabes que não podes negar a mesma. - avisou e aí comecei a ter mesmo medo do que ela poderia escolher.

- Credo, até a mim me estás a deixar nervoso. Desembucha. - Yuri protestou e nós rimos.

- Tens de beijar o Rúben. - ela atirou direta e olhei-a sem qualquer reação.

- Tu tás a gozar, Carminho. - ri nervoso. - Diz lá o que tenho de fazer. - pedi e ela riu.

- Já te disse. - deu de ombros. - Sabes que não podes recusar. - frisou e lancei-lhe um olhar de morte, que a fez gargalhar.

Olhei o jogador que já se encontrava de pé, mirando-me com um sorriso convencido no rosto.
Bufei e levantei-me, igualmente, chegando perto dele.

- Para tua informação, eu estou a ser obrigada a fazer isto. - apontei-lhe o dedo. - E esta vai ser a primeira e última vez que acontece. - avisei e ele riu fraco.

- Não te vais calar para que eu possa beijar-te logo? - riu, puxando-me para si.

- Eu odeio-te, sabias? - bufei e o jogador gargalhou.

- Tu tens a certeza disso?

E com isso não me deixou responder, colando os seus lábios aos meus,  num beijo que me deixou sem qualquer reação. Quando dei por mim, deixava-me levar sem qualquer problema, permitindo a entrada da sua língua na minha boca e abracei o seu pescoço, para que não houvesse qualquer espaço entre nós. Os gritos dos nossos amigos eram possíveis de se ouvir mas estávamos tão envoltos um no outro que os ignorámos.

Quando nos afastamos, não evitei corar ao sentir o seu intenso olhar em mim, mas logo retribui o mesmo.

- E tu? Tens mesmo certeza que não namorarias alguém como eu? - sussurrei, contra a sua boca, esboçando um sorriso convencido, antes de me afastar e voltar para o meu lugar, deixando-o embasbacado.

Benedita 3 - Rúben - 0.

A/N: olá. Espero que esteja tudo bem!
Deixo-vos aqui outro capítulo desta história. O primeiro beijo do casal, no já conhecido jogo do "verdade ou consequência" que muito dá que falar e onde muitas destas situações acontecem que desencadeiam romances haha.
Sinceramente, estou um pouco reticente e até mesmo desanimada com esta história. Enfim, talvez seja apenas uma fase. Vou tentar continuar, anyways. Desculpem qualquer coisa ou qualquer demora.
Muito obrigado pela oportunidade! ❤️
Um beijinho e até breve. 👋

Opostos | Rúben Dias Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon