- Caralho, miúda, tu és insuportável! - exclamou em prostesto e gargalhei, satisfeita com o resultado.

- Talvez. Mas aquilo que aqui se passa é que, tu estás habituado a que elas que te caiam todas aos pés e não consegues lidar com quem não o faz. - critiquei, dando de ombros.

- É só uma questão de tempo. - piscou o olho e fez uma expressão de nojo.

- Nem que caia o Carmo e a Trindade. - sorri-lhe, debochada e soltei uma pequeno grito quando este me puxou pela cintura, ficando perigosamente perto do seu rosto, mais concretamente da sua boca.

- Tens mesmo a certeza? - murmurou e engoli em seco, sentindo-me embriagada pelo seu cheiro natural.

Olhei os seus lábios, e logo de seguida os seus castanhos olhos, vendo estes já presos em mim.
O momento de constrangimento foi interrompido pelo chamamento do seu colega e amigo, Gedson, uma vez que o treino ia ter o seu início.

Rúben sorriu-me de lado e afastou-se, dirigindo-se à saída.

- Eu não tinha tanta certeza disso. - piscou o olho. - Já agora, o meu convite mantém-se de pé. - e com isso, desapareceu da minha vista.

- Estúpido, que nervos! - murmurei, irritada comigo mesmo por ter sido tão fraca. Bebi o café em apenas um gole, rapidamente praguejando por este estar muito quente. - Caralho, mas isto hoje nada me corre bem? - falei sozinha e ouvi alguém rir, vendo Gustavo, o funcionário do bar chegar ao meu encontro.

- Isto são os efeitos Rúben. - fez troça e mostrei-lhe o dedo do meio, gesto que o fez gargalhar.

- Qual efeitos Rúben, qual quê. - contrariei, realmente irritada com toda a situação.

- Não foi isso que pareceu à minutos atrás. - comentou e revirei os olhos, descontente com o que ouvira.

- E o que é que te pareceu? Nada se passou. - fuzilei-o com o olhar e ele riu.

- Por pouco. - deu de ombros. - Mas é apenas uma questão de tempo. - repetiu o que Rúben dissera e arquejei insatisfeita.

- Vocês não sabem o que dizem. - levei a minha mala ao ombro.

- Tu é que não sabes o que sentes. - fumeguei frustrada e deixei uma nota no balcão, querendo apenas dali sair.

- Fica com o troco. Leva isso como um incentivo para deixares de espiar os outros e ouvir as suas conversas. - ofereci-lhe um sorriso de deboche e o rapaz gargalhou.

- Obrigado, Benedita! E, já agora, aceita o convite do rapaz. - entre risos, gritou.

- Vai dar banho ao cão! - berrei de volta, já afastada dele e apenas ouvi a sua gargalhada.

Passei pelos vários campos durante caminho para o relvado onde o meu irmão estava a treinar e, não evitei parar quando observei os jogadores da equipa principal empenhados nos exercícios que lhes competiam e divertindo-se uns com os outros, em simultâneo.

Suspirei levemente ao contemplar o número seis dos encarnados, este que ria de algo que Yuri Ribeiro falava, ao mesmo tempo que mantinha a bola nos pés.

- Não te deixes afetar tanto, Benedita. É só mais um que pensa com a cabeça de baixo. Ele não vale essa inquietação. - murmurei para mim mesma, passando as mãos no cabelos longo.

Não me querendo torturar mais, segui caminho, observando a equipa de Bernardo que terminava mais uma preparação.

Distrai-me com o meu telemóvel no tempo de espera, que não foi muito.

Opostos | Rúben Dias Onde as histórias ganham vida. Descobre agora