Sidney da boas ideias

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Sidney gargalhou concordando.

- Me conte de você! O que faz aqui? porque está aqui? me parece uma mulher tão centrada, capaz. - ela me encarou curiosa.

- Eu surtei! Acho que pra dizer de modo mais simples, é isso! Alguns fantasmas do passado resolveram me atormentar e eu não soube muito bem lidar com eles

- Sinto muito! Mas está no melhor lugar, tirando o Dr. Rossi. No demais, este lugar tem tudo pra se sentir em casa, não tão livre. Não temos permissão de ir ao shopping. - Rimos.

- Alguém gosta do Rossi? - Eu sorri e lhe dei um tapinha. - Aquele velho tem um problema!

- Muitos!!! Creio que precisaria de uns tempos aqui como paciente e não como psiquiatra.

-De preferência amarrado numa camisa de força! -gargalhamos.

- Eu adoraria ver ele assim... Babando de tão dopado.

- Eu acho que ele vinha me dopando

- Eu já não acho .. eu tenho certeza disso. - Sidney me encarou. - Cuidado com ele... Não confie nele.

- Ele me odeia.

- A mim também... - Sidney empinou o nariz. - As visitas noturnas dele não duraram muito... Como não conseguia ainda falar, descobri que gritar era minha melhor opção.

- Visitas noturnas? Ele... abusou de você?

Sidney deixou de sorrir ficando completamente desconfortável, suas mãos não paravam quietas.

- Duas vezes... Na terceira eu tive um acesso de pânico, então gritei muito. - Ela me olhou. - Tome cuidado com ele, Victória... Acho que ele seda as internas pra justamente não gritar. Eu não tomava os remédios, porque meu problema não era stress pós traumático, depressão, entre outras coisas. Meu problema era físico. reaprender a falar, andar... já tinha dormido por longos 8 meses.

- Eu lamento muito, Sid! - senti um enorme peso na minha consciência. - Eu gostaria que as coisas fossem diferentes!

- Está tudo bem! - Ela sacudiu a cabeça voltando a sorrir. - me conte como foi me conhecer na época da universidade?

- Foi maravilhoso! Você era louquinha e logo me enturmou. Você sempre foi extrovertida e popular, conhecia a todos!- ri lembrando de como o meu início na universidade foi facilitado por ela.

- Louquinha?! - ela riu. - Mal me reconheço em suas palavras, mas isso deve ter sido bom...

- Tem muita coisa da qual você não gostaria de se lembrar mesmo. E que com certeza você não se reconheceria

- é tão ruim assim? - Ela escorregou para a beirada do banco. - Pode me contar?

- Acho que você não quer mesmo saber. Melhor apagar essa parte da sua vida de vez. Você é uma nova mulher agora

- nossa? - Ela riu. - Eu acho que sou mais velha... acordei com 19 anos...

- Vinte e quatro! - eu ri para ela. - Temos a mesma idade.

- Bem... acho que minha memória ainda me prega peças. - Ela voltou a se recostar, suspirou. - Sei que é casada. Tem filhos?

- Um filho! Você me viu grávida

- Vi? - ela levou as mãos a boca. - Ah! então eu sou titia?!

- Sim, você é! - imaginei como Theodoro reagiria ao ver August no colo de Sandy. Será que ele ainda a julgava suja?

- Tem alguma foto dele para eu conhecer.... Adoro crianças... - Ela se virou para mim assim que se levantou. - Uma vês por mês juntamos os filhos dos internos e dos funcionários para uma grande festa de aniversariantes do mês. você vai adorar, o Jardim fica cheio de brinquedos divertidos, muitas coisas para comer. - Ela estendeu a mão para mim. - Vamos andar um pouco... logo preciso ir, tenho que ir trabalhar, ou a AnnaBelle fica perdida na floricultura.

- Gostaria de conhecer essa floricultura!

- Assim que tiver alta, vamos marcar de você ir conhece-la, vai amar a AnnaBelle, ela é uma pessoa incrível. O irmão dela é um ator muito famoso. Bem, estamos na cidade do cinema, aqui vai cruzar com muita gente famosa. - Sidney passou a mão pelo meu braço enquanto caminhávamos.

- Espero poder te apresentar logo a minha família.

- Temos tempo... - Ela me olhou. - Vamos trabalhar em seu projeto? acho que agora consigo pensar em algo maravilhoso de paisagismo em seu projeto.

- Estou aberta a sugestões! Inclusive temos uma área nos fundos que podemos fazer uma horta, pomar... Não sei! Você cuida da plantação e eu do sistema de irrigação com captação de água da chuva

- Eu tenho uma outra ideia grandiosa e talvez você tenha que mudar uma parte da faixada do edifício... - Ela parou a minha frente. - Imagine uma parede de plantas! Com o aquecimento global, a falta de vegetação nas grandes metrópoles... Criar uma parede de plantas, para ajudar no ar, na climatização. As salas comerciais evitariam mais uso do ar condicionado, usaríamos a água dos banheiros para irrigação, fazendo todo o processo de filtragem antes que chegue as plantas.

- Uau! Teríamos um ambiente mais saudável e totalmente sustentável, ar puro e beleza.

- Sim... Teríamos que escolher plantas que resistem ao inverno rigoroso, e ao calor também. Mas seria um bom começo.

- Vamos ter bastante trabalho, e vamos deixar esse lugar incrível.




Mata-me de Prazer - RedençãoWhere stories live. Discover now