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Hoje faz três semanas que a gente foi na casa de praia e também faz mais um mês que o LG morreu.

Agora eu tô aqui, no cemitério do lado do túmulo dele. Me levantei e esbarrei no Quartz, ele se sentou e bateu no lado dele, para eu sentar. Me sentei de novo e Quartz pegou na minha cabeça e ficou fazendo cafuné.

- Vou para Minas. - falou depois de um grande tempo em silêncio e eu o olhei. - Não tenho mais idade de ficar correndo por aí o tempo todo. - falou e eu neguei. - Também não quero acabar como o Luan.

- Mas Quartz...- falei e ele negou me interrompendo.

- Meio dia. - falou e eu abracei ele.

- Agora você também vai me deixar? - perguntei e ele negou.

- Vou vir visitar vocês. - falou e eu neguei.

- Não é a mesma coisa, porra. - falei e ele assentiu.

- Só...aceita. - falou me abraçando de novo. - Essa vida do crime não dá mais pra mim.

Nos levantamos e fomos embora.

Ele entrou no seu carro e eu subi na minha moto.

Deixei Quartz ir na frente, entrei no morro e vi tudo calmo, como todo dia que ele faz mais um mês de morto. LG não era como as outras pessoas por aí, ele poderia tá precisando de alguma coisa, mas preferia dar para quem precisava mais que ele, sempre andava alegre e fazia de tudo para ver todos felizes. Foi um baque para todos quando ele morreu.

Parei em frente minha casa e desci da moto, entrei em casa e a tranquei. Me joguei no sofá e liguei a televisão.

Vou contar como foi essas duas semanas. Valéria voltou semana passada, Bianca e eu não nos falamos mais, Isadora e Gabriela às vezes pegam no meu pé, mas nada que uma patada não resolva. Ah, falei com o Nathan anteontem, ele falou que tá tudo bem e que foi visitar Nathalia, a mãe dele. Ouvi meu radinho apitar e peguei ele.

- Que?

- Morena, tem gente na barreira querendo falar contigo. - um vapor falou.

- Quem?

- Qual teu nome? - perguntou e a linha ficou muda por um tempo. - Nathalia.

Porra.

- Manda subir para minha casa.

Não sei por qual motivo, mas eu tremia. E muito.

Fiquei um tempo batendo o pé no chão e ouvi a campainha tocar. Me levantei rápido e abri a porta. Nathalia segurava Lari.

- Entra. - falei e ela se sentou no sofá.

- Ai, Morena, fiz uma burrada de novo. - falou e eu revirei os olhos. - Larissa não é filha do Eduardo, ele não quer ela e eu também não posso cuidar dela...- ela falou mas eu a interrompi sorrindo.

- Eu fico com ela. - falei e ela sorriu entre algumas lágrimas.

- Obrigada, obrigada mesmo. - falou e eu assenti. Peguei as coisas da Lari, que eu nem vi a Nathalia com elas.

- Te deixo na barreira, se o Gustavo te ver... é tchau tchau. - falei e ela tremeu.

Desci o morro com Lari nos meus braços e Nathalia do meu lado.

Ela passou pela barreira e eu olhei para ela.

- Nathalia. - chamei ela que me olhou, antes de entrar no táxi.

- Oi. - respondeu e eu olhei para Lari que mordia sua mão.

- Dá o fora e nunca mais apareceu aqui. Se não eu mesma vou ter o prazer de enfiar uma bala na tua testa. - falei, ela assentiu chorando e depois entrou no táxi. - VOCÊS. - gritei quando vi Nathalia sair com o táxi. Todos me olharam e eu olhei para Lari de novo. - Tão vendo essa menina nos meus braços? - perguntei e todos assentiram. - Quem ver aquela mulher aqui de novo, pode meter bala nela. Na hora, sem exitar ou ter medo. - falei e todos assentiram de novo.- E não é para deixar nada acontecer com essa menina. - falei apontando para meu braços. Todos assentiram e eu subi para minha casa.

>>>

Já mandei arrumarem tudo de novo no lugar onde era o quarto da Lari. Sophia me ajudou a arrumar as roupa, enquanto Lari dorme no berço.

- Vai ser tão fofa cuidando da Lari. - falou e eu revirei os olhos.

- Nem vem, pô. - falei e ela riu baixo.

- Mas vai ser bom...você cuidar dela. - falou e eu assenti sorrindo.

- Confesso que eu odeio crianças, mas Nathan e Lari me deixam alegres. - falei e ela riu.

Ficamos um tempo em silêncio e Sophia bateu palmas.

- Vamos nos arrumar, quero dar uma volta pela quebrada e mostrar para todo mundo minha sobrinha. - falou e eu ri.

Nos levantamos e saímos do quarto com Lari no braço. Ela tava acordada, mas como ela é calma, não chorou quando acordou.

Saímos de casa e fomos andando pela calçada, várias pessoas nos olhavam. Não ligamos e fomos para a praça. Pedimos-lhe um sorvete, ficamos comendo e conversando.

- Quer dizer que vocês tão aqui? - Gustavo perguntou, mas parecia mais afirmar.

- Por que tá com a Larissa? - Luigi perguntou e Gustavo olhou para meus braços.

- Vou ficar com ela. - falei e os dois me olharam.

- Tá brincando né? - Luigi perguntou e eu neguei.

- Você vai dar conta de cuidar de um bebê? - Gustavo perguntou querendo rir.

- Vai tomar no seu cu, claro que eu consigo. - falei e Sophia riu.

- Ela consegue sim. - Sophia falou terminando o sorvete. Ela pegou o meu e começou a comer.

- Folgada. - falei e ela revirou os olhos.




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