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Me acordei com a porra do radinho apitando.

Radinho

- Quem incomoda?

- Precisa vir pra cá hoje não.

- Por qual motivo, Gustavo?

- Nenhum, só fica aí.

Radinho

Me levantei e fui para o banheiro. Tomei banho, escovei os dentes, me enxuguei e fui pegar uma roupa. Vesti uma lingerie preta, uma blusa branca, um short, coloquei um par de meias e meu tênis.

Desci e fui para a cozinha, mas antes liguei para a Marília e falei para ela não vir hoje.

Digory Henrique

Tava em casa, quando Gustavo entra e me olha.

- Não deixa a Morena sair de casa hoje. - falou e eu o olhei.

- E por que você vem logo me procurar? - perguntei e ele bufou.

- Porque ao contrário dos outros, eu não sou tão tapado de não perceber que vocês dois estão ficando. - falou e eu o olhei de novo. - Ela não pode ver uma pessoa que tá aqui. - falou e eu assenti.

- Quem? - perguntei e ele suspirou se levantando.

- Fabrício. - falou e saiu. Esse nome não me é estranho, só não me lembro de onde conheço.

Morena

- Tia. - Nathan me chamou e eu olhei para ele. - Eu quero ir no meu amigo mais tarde, eu posso? - perguntou e eu assenti.

- A mãe dele deixou? - perguntei e ele assentiu.

- Deixou. - falou e eu assenti.

- Mais tarde. - falei e ele assentiu. - Agora vem comer. - falei colocando o almoço na mesa.

Comemos conversando e depois eu fui escovar os dentes.

- Tô pronta, tia. - Nathan falou e eu assenti.

Peguei Lari e saí de casa com Nathan. Fomos conversando até a casa do amigo dele. Cês acreditam que a Marília mora bem do lado? Vou deixar a Lari lá e vou andar por aí.

- Se comporta. - pedi e Nathan assentiu entrando na casa. Deixei Lari na casa da Marília e fui para a sorveteria, mas antes de começar a andar, Digory me para.

- Dá pra sair da minha frente? - perguntei e ele me olhou.

- Educação.

- Porra de educação. - falei e ele me olhou. - Você pode humildemente, por favor sair de onde eu estava caminhando e ir tomar no seu boga? - perguntei ele gargalhou.

- Não. - falou e eu bufei passando por ele. - A gente podia sair daqui.

- Não. Vou tomar sorvete. - falei e parei quando alguém entrou na minha frente. Tudo parou para mim, eu não me mexia, não falava nada. Eu vi aquele desgraçado, depois de anos, ele tá aqui na minha frente.

Depois de tanto tempo pensando já tinha superado tudo aquilo, que seria forte quando visse ele, tudo isso foi em vão, agora aqui, vendo ele na minha frente, percebi que tudo que eu pensava era só mentiras que eu fazia para mim mesma.

- Veja só como cresceu. - falou e eu me afastei.

- Dá o fora. - falei sentindo minha voz falhar, ele sorriu se aproximando e eu segurei o braço de Digory. - Sai daqui. - falei e ele sorriu.

- Vocês escutou Fabrício. - Gustavo falou e depois disse alguma coisa no ouvido de Digory que me puxou saindo dali.

Fomos para a praça e Digory me colocou em um banco, depois saiu.

Respirei fundo e olhei ao redor. Fiquei balançando meus pés até Digory chegar.

Ele trouxe uma garrafinhas de água e me deu. Bebi e depois voltei a atenção para minha frente.

- Tá melhor? - perguntou colocando a mão em cima da minha e eu fiquei um tempo em silêncio, depois assenti.

Não, não tô bem, e tenho certeza que não vou ficar, como todas as vezes que ouço falar nele. Isso dói, dói lembrar que a minha própria família fez isso comigo, que me fez virar a pessoa que sou hoje, a que tem medo de tudo e não demonstra, a que prefere sofrer sozinha do que dá o braço a torcer e gritar para todos que não tá bem, a mesma pessoa que sempre sente tudo ao redor cair aos poucos e tenta continuar sendo forte.

Eu até poderia falar isso, mas como todas as vezes, é só colocar um sorriso no rosto e falar que tá tudo bem, que todo mundo acredita.

- Sim. - falei dando um sorrisinho e depois tomei mais um pouco da água.

Ele assentiu e eu senti meus olhos arderem.

- Esconder é pior. - ele falou e eu me levantei. - Mas quem era aquele?

- Meu pai.

Vi um menininho passar com algum sorvete e eu peguei da mão dele, peguei um pouco e devolvi para ele que saiu reclamando.

- Que lindo roubar doce de criança. - falou e e eu levantei o dedo do meio.

Senti minha garganta arder e depois de um tempo meu corpo também, olhei para meu braço e arregalei os olhos vendo ele vermelho.

- O que era aquilo? - perguntei e ele me olhou confuso.

- Aquilo o que? - perguntou e eu senti minha garganta arder de novo.

- O sorvete do menino. - falei e ele pensou por um tempo.

- Pelo jeito, acho que de amendoim. - falou e eu bufei. - Por quê? - perguntou e eu o olhei.

- Eu sou alérgica a amendoim. - falei ficando sem ar e ele arregalou os olhos me olhando.

Digory correu e depois de um tempo parou com o carro, ele me pegou do banco e me colocou no carro, depois acelerou saindo do morro.

Amor Bandido Onde as histórias ganham vida. Descobre agora