Capítulo Vinte e Cinco (Meia-noite, no Clube Blue Sunset)

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Can I call you rose?

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Can I call you rose?

Cause you're sweet like a flower in bloom

Can I call you rose?

Cause your thorns won't let love in too soon

— Can I Call You Rose?, Thee Sacred Souls


🦋


Roseville, 1996.

Naquele ano, Jungkook desapareceu por três meses: noventa dias de confrontos vazios e esperas ansiosas. Três luas cheias e três noites de céu despido de estrelas. Eu observava o espaço onde seu carro costumava estar estacionado, atrás da escola, virando a cabeça a cada som de motor de carro que cruzava a avenida principal, na esperança de vislumbrar novamente seu Maverick 79.

Enquanto os dias avançavam misteriosamente, mergulhávamos no enigma do outono. As flores desbotavam em tristes tons no jardim da paróquia, as árvores adquiriram uma aparência macabra e ressequida, preparando-se para a chegada do inverno. Segundo os jornais, o mais cruel e rigoroso dos últimos tempos.

Uma vida havia acontecido naquela espera. A peça de volta às aulas havia sido apresentada durante o fim de setembro e as aulas do meu primeiro semestre como veterana foram retomadas no dia seguinte. Fiquei orgulhosa de ter conseguido performar os três atos, do começo ao fim, sem grandes erros. Era meu primeiro grande papel. Mamãe se emocionara, e papai demonstrara um orgulho silencioso, embora sempre reiterasse: "Concentre-se na faculdade!". Eu não possuía sequer um plano de contingência.

Eu tinha tanta sede, tanta vontade e sonhava tão alto que não abria espaço em meu coração para outro sonho; não queria encarar outras possibilidades, para mim, soava como traição.

Ou seria atriz ou não seria nada. Eu pensava. E era fiel ao meu propósito. Às vezes achava meu sonho tão imenso, tão voraz, que todos os outros sonhos pareciam muito menores e menos importantes do que o meu, um pensamento mesquinho que me proibia de expressar em voz alta. Existia alguma força maior dentro de mim, primária e selvagem, de que nada seria capaz de me parar.

E nada nunca foi.

Contudo, esse ímpeto sobre-humano, essa armadura impenetrável, revelou-se também minha maior fraqueza. A mesma força que nutria meus sonhos era aquela que brandia a lâmina, pronta para me destruir.

Na época, o jornal da escola escreveu uma crítica sobre a peça [objeto nº 87], onde fui chamada de a "insípida Wendy Darling", não foi um dos meus melhores trabalhos, claro. Não havia método, nem estudo, muito menos o encanto hipnótico que estava determinada a desenvolver. A minha obsessão por um fascínio quase compulsivo como Marilyn Monroe despertava em seu público.

BADLANDS • JK.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora