Capítulo Vinte e Um (Emoções encapsuladas dissolvem na ponta de sua língua)

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My heartbeat's racin' like a strange ballet

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My heartbeat's racin' like a strange ballet

Did the world stop spinnin' today?

— Spinnin, Madison Beer


🎭


Roseville, 2008.

— Você ficou desconfortável com a minha pergunta, não é? — Taehyung questionou quando voltamos ao seu carro.

Sem as sedutoras nuvens de cigarro rodeando o rosto de estranhos, o merlot caro manchando lábios e sorrisos despudorados, evidenciando as risadas frouxas que soavam familiares no fim da noite, sem a coragem que precisava vir de fora para dentro, inserida no corpo e na corrente sanguínea pela minha via-crucis, atravessando o caminho de meu coração para colocá-lo em um estado de pseudomorte, para esquecer do meu mundo e escolher amar um estranho, eu era só uma mulher tímida diante das próprias emoções, mas ao contrário disso, estar perto de Taehyung não me exigia façanhas misteriosas de encantamento.

A pergunta dançou em minha mente feito os comandos de um hipnotista.

É claro que havia pensado nele. Pensava nele com uma constância assustadora. E queria revelar as minhas obsessões em voz alta, dizer que seu nome surgia mais vezes em meu histórico de busca na internet do que era considerado saudável, que sabia sobre sua vida, carreira e legado muito mais do que ele era capaz de imaginar em seu coração ingênuo.

Limpei a garganta e planejei cada palavra, quis abandonar o amor a mim mesma e dizer que sim, mas não do modo como ele provavelmente imaginava que esse desconforto havia me atingido. Não havia pudor e sim tormento, por ainda sentir a faísca do que aquela maldita carta revelou uma vez, e que naquele momento, naquele singelo momento em que me sentia vulnerável o suficiente para pensar nele como uma possibilidade egoísta de amenidade, ouvir aquela pergunta foi um prazer culposo.

— Não.... — sorri. — Só foi uma pergunta inesperada.

— Não quero que pense que fiquei esses anos todos simplesmente... — Sua frase perdeu o efeito enquanto seus olhos estavam fixos nas ruas da cidade minúscula. Um casal surgiu por trás de uma árvore, aos beijos, o rapaz olhou na direção de Taehyung e acenou para ele, que acenou de volta.

— Simplesmente... o quê?

— Que fiquei guardando sentimentos ou qualquer coisa do tipo. — Dei um sorriso amigável.

A verdade é que gostei de saber que ainda existia uma possibilidade, que eu ainda existia, enroscada em sua memória, afligindo sua carne ou ao redor do coração. Continuar existindo em algum lugar que me tornava especial.

BADLANDS • JK.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora