Capítulo Dezoito (Todos os seus ídolos estão mortos)

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TW: Transtornos alimentares, abuso de drogas e violência doméstica

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My name is whatever you decide

And I'm just gonna call you mine,

I'm insane, but I'm your baby

— Don't Blame Me, Taylor Swift


🎸

Califórnia, 2005.

O barulho de pequenas colisões na mesa de sinuca, garrafas arremessadas em caixas vazias e conversas altas não são capazes de anular o caleidoscópio de memórias que me rodeia sempre que ouço as canções dele, na velha jukebox do bar onde o vi pela primeira vez, à distância, oferecendo bebidas gratuitas depois de uma premiação importante. Erguia um astronauta prateado na mão direita, entornando uma garrafa de whisky com a outra, já meio zonzo.

Foi assim, nesse breve intervalo de tempo, enquanto eu ocupava a mesa vazia e o olhava através dos reflexos da janela à espera de Mayka, alheia a felicidade generalizada do lugar, que Hoseok tirou algo de mim para sempre quando me salvou. E me deu algo muito mais precioso em troca; nada que possa comparar com qualquer outro sentimento que já experimentei.

Ele estava ofegante, feliz; tinha os lábios comprimidos em uma linha terna, admirando os outros membros beijarem a cabeça do astronauta prateado um a um, passando por mãos e bocas até a ponta do balcão.

"Este é o pau sagrado da Daytona, cara. Beije, beije a criatura sagrada." Um deles gritava em voz alta para os roadies reunidos do outro lado do bar.

Os garotos da banda, com suas jaquetas ornadas de patches e gargantilhas afiadas com spikes, se movimentavam lentos, sem desviar de mesas, copos e pessoas, como fantasmas desnorteados. O cheiro do cigarro estava entranhado nos meus cabelos, enquanto eles tragavam e prendiam maconha sintética, soltando em anéis que se desmanchavam no ar.

Tudo parecia sensorial e perverso, na mesma distância, com gosto do que era curioso e um pouco mais livre, sem a necessidade de preocupar-se com olhos atentos ao redor, porque para eles, não havia julgamentos. Sentia um pouco de receio e também inveja. Ainda existia este lugar onde os ossos e o espírito se encontravam e que ainda não havia sido aniquilado pela realidade, oxidado pela toxicidade desta maldição arrastada junto aos ventos de uma Califórnia que queima e destrói.

Ainda era fácil tolerar isso. O que nunca foi experimentado em todas as nuances.

Tomei um gole do vinho morno, descansando na taça diante dos meus braços antes de ver Mayka atravessando a rua com sua blusa de cashmere, os olhos relaxados e vermelhos e um sorriso feliz.

BADLANDS • JK.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora