Depois que Erioque partiu com Croune rumo a Adorain, Artenon e Vanguelb foram cercados pelos rornitos na floresta Flaur.
Os rornitos estavam de armas em punho, furiosos, mas não avançaram imediatamente. Somente atacaram quando aquele eminu careca apareceu, esgueirando-se entre as árvores e estapeando os galhos. Era corpulento como qualquer gigante de sua espécie, traços faciais marcantes, e um brinco em forma de argola pendurado na orelha.
– Acabem com eles! – disse o eminu. – Vou atrás dos outros dois.
Então o gigante lembrou-se que os bárbaros negros não falavam sua língua.
– Tur gaor iri parpene! – berrou na língua asquerosa daqueles vermes, dando ênfase nos erres.
Levou a mão ao chão, catou um robusto galho seco e correu por um atalho, deixando que os rornitos cuidassem dos intrusos na clareira.
Aos gritos agudos e prolongados três rornitos armados de espadas correram em sentido aos cavalos. Artenon e Vanguelb os abateram antes mesmo de apearem. O líder dos bárbaros mordeu os dentes entre a barba desgrenhada, furioso. Apontou a espada para os intrusos e gritou:
– Ranagariiiiiii!!!!!!
E o som atroador de gritos explodiu na floresta quando eles avançaram, todos juntos, na direção de seus antagonistas.
Artenon e Vanguelb saltaram dos cavalos. O comandante girou o punho e cortou a barriga do primeiro rornito que voou como um louco para cima dele. Movimentou a espada duas vezes ao lado do corpo, uma para cima e outra para baixo, derrubando dois inimigos ao chão, o sangue ensopando as peles de lobo.
Vanguelb usava a espada com a desenvoltura de um jovem. Fazendo um movimento da direita para a esquerda, rasgou o pescoço do rornito mais próximo, ganhando tempo suficiente para recuar dois passos e evitar que seu braço fosse atingido por uma clava coberta de pontas aciculadas.
Estratégia não era uma característica dos bárbaros negros. Não treinavam para ser habilidosos ou rápidos, e muito menos trabalhavam em equipe. Algumas pessoas perguntavam, então, o motivo que levava aqueles seres repugnantes a serem grandemente temidos. A resposta era simples: eles não temiam a morte.
– Fique de costas para mim! – gritou Artenon, após grampear um bárbaro no tronco de uma árvore com a ponta de sua espada. Esquivou-se, livrando a cabeça do fio de uma adaga. Voltou à posição anterior rasgando o ventre de outro inimigo. Girou sobre os pés e Vanguelb acompanhou o movimento à sua retaguarda. Desceu um golpe, acertando um que vinha pela direita, trocou a espada de mão e cortou um pescoço.
À suas costas, Vanguelb aumentava a carnificina. Atorou a orelha de um rornito e terminou o serviço com um golpe certeiro no peito; chutou, com o bico da bota, o rosto de um que tentava se levantar, e derrubou um terceiro que chegou correndo, aos gritos, levantando um machado acima da cabeça e deixando o peito desprotegido para receber a ponta mortal da espada.
Mas os rornitos não paravam de surgir.
– Vamos... recuar – disse Vanguelb, ofegante. – Se... nos posicionarmos entre as árvores... teremos vantagem.
Afastaram-se da clareira e correram para um local onde as árvores eram menos esparsas. O líder dos bárbaros cuspiu outro grito e mais comandados pularam das árvores em derredor.
As espadas entravam em atrito, reluziam e quase faiscavam enquanto aqueles seres barbudos expeliam guinchos, enraivecidos, saltando como loucos sobre os dois. Meia dúzia de rornitos caiu em poucos segundos.
Mesmo estando em menor número, a vantagem estava com Artenon e Vanguelb. E continuou com eles por um considerável tempo, até que uma clava cortou duas vezes o ar e os dois homens caíram ao chão, atordoados.
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O Receptáculo de Téldrin
FantasySINOPSE: Croune Wilan é um garoto pobre, de 11 anos, que mora em um pequeno e excluído vilarejo chamado Quiriate. Sua vida é simples e se divide em brincar com os amigos e ajudar seu pai na Untuárica Wilan. Mas quando Guilbor Spartex, o gentil homem...