14 - O Broche

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O capitão do Exército Mirim era um menino de cabelo preto e farto, com uma estatura não muito avantajada para um garoto de 14 anos. Os olhos negros lançavam um ar de esperteza e as sobrancelhas se esforçavam para manterem-se contraídas, deixando poucas vezes uma aparência complacente – era assim que deveria ser o semblante de um capitão para que sua voz fosse respeitada.

Estava em uma grande sala concedida pela direção do Sinogo, onde fazia as inscrições dos interessados em participar do Torneio Mirim. A sala continha uma escrivaninha pequena, uma cadeira consideravelmente pequena e duas janelas não muito grandes por onde entrava a única claridade do ambiente. Grandes estantes com livros e pergaminhos velhos estavam enfileiradas ao fundo. No tampo da escrivaninha estava um livro fino, aberto nas primeiras páginas, uma pena em descanso e um tinteiro pela metade.

Um menino de tez bronzeada adentrou a sala com um pedido de licença.

– Veio inscrever-se?

– Sim – respondeu o menino.

O capitão apanhou a pena e molhou a ponta no tinteiro.

– Nome?

– Croune.

– Todo seu nome, por favor – pediu o capitão.

– Croune Wilan.

A pena deslizou na página do livro.

– Um níquen – disse o capitão, olhando para Croune. A pena ainda estava entre dedos.

Croune enfiou a mão no bolso e pegou uma moeda de bronze. Largou com um estalo na escrivaninha. O capitão recolheu o níquen e levantou-o acima da cabeça, para fazer uma verificação.

– Não me leve a mal – disse –, mas não acreditaria se eu lhe contasse a respeito do número de níquens falsos que circulam pelo Sinogo... Este é legítimo.

Abriu uma gaveta da escrivaninha, retirou um saquinho verde e jogou o níquen dentro. Depois tirou um objeto pequeno da segunda gaveta e largou-o ao lado do livro.

– Precisa estar usando este broche no dia da competição – explicou o capitão. – É exigência do nosso patrocinador.

O broche tinha formato e cor de uma moeda de bronze. Na parte de trás – a que estava tocando a madeira da escrivaninha – havia uma presilha aciculada, como um alfinete pequeno, o que fazia com que o objeto circular ficasse inclinado. Croune pegou-o, deu uma olhada e guardou no bolso da calça.

–As regras serão passadas no dia do torneio – explicou o capitão. Reabriu agaveta e pegou um folheto. – Tome. Aqui tem algumas informações adicionais.Desejo-lhe boa sorte.         

O Receptáculo de TéldrinWo Geschichten leben. Entdecke jetzt