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Dulce acomodou suas bolças no chão do quarto do hotel enorme que ela e Sebastian estavam hospedados, se jogou na cama cansada da viajem e soprou, ela não conseguia entender como Sebastian estava tão vívido depois de horas de viagem, certo que o lugar onde eles estavam era lindo, mas isso não tirava cansaço algum, Dulce estava para não aguentar—se em pé.

Acomodou-se na cama e pegou o livro que ela lia atualmente. Sentiu seu corpo relaxar quando ela embarcou na leitura e naquela história envolvente.

— Vamos sair com Jonas e Ana. Arrume-se, mas rápido, por favor — disse Sebastian entrando no quarto de Dulce sem permissão.

Ela se cobriu mais com o edredom.

— Droga, Sebastian. Você não sabe bater? Eu estava toda desajeitada aqui — disse ela colando o livro que estava lendo na cabeceira.

— Não vejo problema algum em entrar no seu quarto a hora que eu quiser.

— Como você disse, você não ver problema algum, mas eu sim e muito — Dulce estava brincando muito com fogo, chega uma hora que você acaba se queimando.

— Qual o problema, Dulce? — Sebastian puxou o edredom de uma vez, descobrindo-a — Não estou gostando desse seu tom comigo. Dessa sua rebeldia. Não estou afim de aguentar essa sua fase de adolescente rebelde — disse com uma voz grave e ameaçadora.

— Eu tenho dezenove anos, já faz muito tempo que não sou mais adolescente. Na próxima vez que o senhor Alencar entrar no meu quarto poderia, por favor —ela falou no tom mais debochado que conseguia —, bater na porta ou vou ter que trancá-la —disse o olhando ainda deitada.

— Trancar? — ele perguntou gargalhando irônico. — Dulce, Dulce. Você realmente esqueceu do que eu sou capaz.

— Saia do meu quarto, preciso me arrumar — ela disse se levantando da cama calmamente e indo até o banheiro.

Du sentiu ser puxada e uma ardência na bochecha. Sebastian segurava seu rosto com uma das mãos, imprensando sua cabeça contra a parede, estava doendo, ele estava colocando muita força.

— Dulce, não queria mesmo ameaçar você, mas parece que você só escuta depois de um bom grito — disse calmamente acochando mais a sua mão na pequena face da mulher indefesa a sua frente. — Eu vou falar só uma vez, mas você me escute bem! — ele quase berrou nessa última frase e Dulce soltou um gritinho assustada. — Você é minha, eu mando em você. Faço o que eu quiser com você, minha querida esposa. Você simplesmente se conforma e aceita, aceita bem caladinha, porque se não as coisas vão ficar muito feias para você.

Estava doendo aquele aperto, de certeza ia ficar muito vermelho, ele era um monstro, um monstro sem solução, que a mataria. Ela fechou os olhos e segurou as lágrimas, ela não ia chorar agora, não enquanto ele estava a machucando, mas agora por fora.

Ele a soltou de uma vez e como um relâmpago ela ouviu a porta ser fechada com força.

Abriu os olhos devagar, com medo de ter a visão de Sebastian na sua frente. Ele era louco, estava mais que comprovado. Dulce se agachou no chão e passou a mão delicadamente na bochecha, deixou as lágrimas presas descerem. Chorou baixinho, agachada no canto da parede, no chão frio, assim como fazia na prisão.

Levantou-se relutante e foi ao banheiro, olhando pelo reflexo do espelho suas bochechas que estavam vermelhas, poderiam ser vistas de longe já que sua pele era alva.

Ela realmente não ligava que as pessoas vissem as marcas, ela não precisava ter vergonha, Sebastian que havia feito aquilo, aquele Sebastian que precisava ter vergonha dos seus atos e mudá-los.

Ainda ardia, mas o que mais ardia eram suas memórias do olhar demoníaco de Sebastian enquanto ele a machucava, ela poderia imaginar tudo vindo dele, menos isso, menos quase uma agressão. Ele era louco. Ele poderia ter tudo menos uma solução e Dulce acabou percebendo isso naquele exato momento. Sebastian sempre a dizia para não procurar o que estava perdido, mas a esperança é a última que morre, dessa vez não, dessa vez a esperança morreu antes de Dulce.

 Sebastian sempre a dizia para não procurar o que estava perdido, mas a esperança é a última que morre, dessa vez não, dessa vez a esperança morreu antes de Dulce

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— Espero que tenha entendido meu recado — ele pronunciou a ameaça ao sair do carro, Sebastian parecia nervoso, algo grave tinha acontecido.

Dulce desceu do carro tentando acompanhar Sebastian que já estava na entrada do restaurante.

— Por favor, me espere — ela pediu quando conseguiu acompanha-lo.

— Me desculpe, estou meio perdido — ele sempre esteve perdido.

— Tudo bem, tudo bem — ela tentou apaziguar, sem muito êxito.

O jantar foi calmo e bem-humorado, Ana e Jonas eram engraçado é às vezes faziam Dulce soltar uma gargalhada alta, ela estava feliz por estar ali, era bom espairecer seus pensamentos, espairecer sua vida.

— Vou ao banheiro — disse Ana levantando-se. — Vem comigo Dulce — pediu ela e Du a acompanhou. — O que foi isso na sua bochecha? — ela perguntou ao entrar no banheiro.

— Nada — falou desconfiada.

— Nada? Está bastante vermelho — ela fez uma pausa e prosseguiu: — Mas já que não quer me contar, eu entendo ou procuro entender — falou dando um sorriso amarelo.

— Nada aconteceu, não é que eu não queira contar — se defendeu.

— Tudo bem, não precisa mentir, você deveria saber que é péssima nisso. — ela disse entrando em um dos compartimentos do banheiro, deixando Dulce ali com cara de paisagem.

— Dulce — alguém sussurrou, a mesma olhou para a direção do som e se assustou.

Era sua tia. Ela correu até a porta.

— O que você faz aqui? — ela perguntou e logo em seguida sua tia puxou-a para fora do banheiro e lhe levou para um canto do restaurante.

— Leve Sebastian amanhã para o parque que tem próximo do hotel de vocês — ela disse.

— Por quê?

— Eu irei matá-lo, mas para isso você precisa levar ele para um lugar público.

— Por que você acha que eu levaria Sebastian para a morte? — ela perguntou assustada.

— É sua liberdade que estar em jogo, querida. Eu pensava que você estava de acordo — falou meio surpresa.

— Não estou de acordo em levar alguém para a morte, tia. Isso é desumano.

— Desumano é o que eles fizeram com você, Dulce. Isso é desumano. Você deveria se vingar — vingança? Desde quando isso era a solução? Era somente um sentimento passageiro que nunca mudaria o passado. — O que foi isso no seu rosto? — ela perguntou passando a mão no local que doía.

— Nada — ela disse tirando a mão da tia de sua face.

— Ele bateu em você? Esse desgraçado teve coragem de encostar um dedo em você? Eu vou matá-lo e você vai me ajudar.

— Não é certo, tia — conseguiu dizer, ela sabia que não era, mesmo Sebastian tivesse feito tudo isso com ela. — Não se paga o mal com o mal.

— Mas é necessário ou você vai morrer. Não posso ficar aqui esperando sua resposta, Du. Amanhã de manhã eu vou estar lá, esperando por você. Tome a decisão certa, por favor — ela disse sumido da vista de Dulce no mesmo instante.

Droga. Ela deveria escolher. 

Em Um Cativeiro ®Where stories live. Discover now