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— Sebastian! — reclamou ela e recebeu um sorriso de canto.

— O que foi? — perguntou ele desdenhoso levantando a carta com um braço. — Por que não posso lê-la?

— É algo pessoal — ela não estava mentindo.

— Como não saberei se é um amante seu? — depois que ele disse aquilo, percebeu a proporção das suas palavras, afinal, o que ele tinha a ver? E se fosse um amante de Dulce, ele faria o que? O mataria?

— Se fosse, isso faz parte do "acordo" — fez aspas com as mãos —, você disse que eu poderia ter um relacionamento, contanto que a mídia não soubesse — Dulce afastou o pensamento que veio a sua cabeça.

— Faz sentido, mas estou curioso — Dulce levantou uma das sobrancelhas, ela não poderia deixar que ele lesse a carta da sua tia desconhecida.

— Senhor Sebastian— ela falou delicadamente e ele a olhou com atenção —, por favor, isso é algo muito pessoal, se fosse de um amante eu lhe mostraria, você não tem nada a ver com isso — ela tinha a certeza que ele não devolveria a carta.

Ele a olhou, Sebastian odiava quando invadiam seu espaço, mesmo que estivesse demasiadamente curioso para saber do que se tratava aquela carta, ele não queria ser um hipócrita, ele poderia ser tudo, menos isso, menos contra tudo o que ele lutou para não ser. Abaixou seu braço lentamente e entregou a carta para Dulce.

— Já ajeitou as malas? Partimos agora — disse ele saindo e não esperando a resposta.

Dulce olhou incrédula para a carta, ele havia devolvido a carta para ela, ela não intendia o porquê, aliás, ela nunca entendia aquele homem bipolar, às vezes frio e meticuloso, às vezes doce e sorridente, às vezes cruel e idiota, às vezes amoroso e cuidadoso.

Sebastian era um paradoxo sem fim e Dulce não ia descansar até resolver aquele enigma, realmente ela amava algumas coisas em Sebastian, mas isso não significava que ela estava apaixonada por ele.

Em meio aquele coração de pedra poderia existir um grande homem, um homem que aparecia raramente, um homem ainda desconhecido. Mas havia uma grande chance de isso tudo não ser verdade, de não haver um grande homem ali.

Logo alguém apareceu, cumprimentou Dulce e desapareceu junto com as malas da mesma.

Nossa protagonista olhou para Joana que acabara de entrar no quarto e lhe deu um abraço, era impressionante como ela amava abraçar as pessoas que amava, isso porque um abraço pode falar mais que mil palavras.

Um abraço poderia transmitir tanta coisa, poderia ser frio, mas também poderia transmitir todo o seu amor, mostrar o quanto aquela pessoa era muito importante para você e esse foi um desses tipos de abraço, que transmitiu o mais profundo sentimento de Dulce.

— Isso parece uma despedida Dulce, da última vez que isso aconteceu comigo eu nunca mais vi uma pessoa muito importante — ela disse com os olhos lagrimejando.

Dulce se abaixou um pouco para olhar a menina a sua frente nos olhos e disse calorosa:

— Querida, isso não é uma despedida, ficarei fora por um tempo, mas você permanecerá nos meus pensamentos, enquanto essa pessoa que você perdeu, te garanto que ela deve estar em um lugar melhor — Dulce deu um beijo na bochecha esquerda de Joana.

  Dulce e Sebastian estavam perto de chegar na Argentina, Sebastian olhava seus papéis atentamente, às vezes sentia o olhar de Dulce queimar sua face, ele não estava nenhum pouco preocupado, o que lhe interessava naquele momento eram os inúmeros p...

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  Dulce e Sebastian estavam perto de chegar na Argentina, Sebastian olhava seus papéis atentamente, às vezes sentia o olhar de Dulce queimar sua face, ele não estava nenhum pouco preocupado, o que lhe interessava naquele momento eram os inúmeros papéis que ele teria que analisar.

Já não aguentava mais ver a inquietação de Dulce, não conseguia se concentrar, ele não sabia se ela estava inquieta por causa da longa viagem ou porque realmente queria dizer algo para ele.

— O que quer? — perguntou ele ainda olhando para os papéis.

— Quero que cheguemos na Argentina o mais rápido possível, não aguento mais olhar para o nada.

— Está me chamando de nada?! — acusou ele sério, mas rindo interiormente.

— Talvez esteja — disse ela desafiadora —, mas pense pelo lado bom, não seria mentira.

Sebastian parou de olhar para os papéis e a encarou, ele realmente estava a odiando naquele momento, o que era para ser uma brincadeira, somente dele, acabou se tornando algo dos dois.

Sebastian odiava dividir o que era seu. Mas porque somente Sebastian poderia jogar? Onde Dulce entrava nessa história?Dulce era o brinquedo, a marionete.

Sebastian interrompeu seu pensamento ao ver e escutar a linda gargalhada de Dulce e sua fala logo em seguida:

— Queria que você tivesse visto sua cara! — Exclamou ela gargalhando.

Ele a olhou sério como se estivesse com raiva e voltou sua atenção a seus papéis. Houve uma pausa até Dulce se sentir culpada, ela não queria deixar seu marido triste ou, muito menos, magoar seu sentimento, ela não era esse tipo de pessoa.

— Sebastian, me desculpe — disse ela.

— Vou lhe colocar de volta no cativeiro — ele disse sério.

Dulce o olhou incrédula, mas aquilo só tinha sido uma brincadeira, não precisava de tamanha crueldade, ela olhou para Sebastian que começara a gargalhar.

— Querida — disse ele —, nunca mais voltará para o cativeiro, nem que eu precise ir em seu lugar — ela o olhou boquiaberta.

Raptaram Sebastian, só pode ter sido, pensou ela. 

Dulce acabara de chegar no seu antigo quarto, o mesmo quarto onde ficou logo depois do cativeiro

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Dulce acabara de chegar no seu antigo quarto, o mesmo quarto onde ficou logo depois do cativeiro.

Cativeiro, pensou ela.

Sua tia desconhecida havia dito que a filha dela estava no Cativeiro, nada melhor do que Dulce salvá-la, sua tia já havia feito tantas coisas por ela, nossa protagonista estava com a faca e o queijo na mão, porque não cortar?

Então Dulce fez a pior decisão da sua vida, iria descer até o porão onde ela suponha que era o cativeiro, iria tentar salvar sua prima, mas pobre Du, se nem com ajuda conseguia fazer seus planos darem certo, imaginem sozinha e, ficar para nós, sempre terminava em tragédia.

Desceu até o porão, passou pelos trabalhadores, que estavam por toda casa e, enfim, com ajuda de alguns empregados para direcionar para onde ela devia ir, chegou ao cativeiro, o odor de algo em degradação, que ela sentira na primeira vez que saiu daquele local, não estava mais lá.

As paredes continuavam sujas e com rachaduras, o cheiro de mofo, antes não percebido, pairava pelo ar, o local era pouco ventilado, quase uma penumbra, era assustador. Nossa protagonista sentiu um arrepio passar pela sua espinha, ela não sabia por onde começar a procurar, mesmo que ela tivera passado 12 anos de sua vida ali, não conhecia nada daquele local.

Dulce foi puxada bruscamente para trás, tendo um baque muito forte com outro corpo, o seu grito foi impedido por uma mão, que tampou sua boca.

— Agora você morrerá — disse aquela pessoa, Dulce conhecia aquele timbre.

Era Jean. 

Em Um Cativeiro ®Où les histoires vivent. Découvrez maintenant