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— Não toque em mim! — gritou Sebastian desesperado.

Dulce estava tentando ajudar, ele sabia. Mas sua perna doía e Dulce não era médica. Ela poderia piorar tudo, ele viu o sangue molhar a colcha de sua cama, ele parecia jorrar de sua perna.

Dulce chorava, não muito. Não por ele. Mas talvez pelo barulho do tiro e toda a situação. Ela não sabia o que fazer, mas estava tentando ajudar Sebastian. Entretanto estava piorando tudo.

— Dulce — ele pegou em sua mão, que tremiam um pouco, e procurou seus olhos. — Dulce — chamou de novo e então os seus olhos se encontraram.

— Está tudo bem — continuou ele. — Estamos bem. Foi só uma falha na segurança. Okay?

— Não está tudo bem — falou ela soluçando, uma pontada de dor invadiu o coração de Sebastian —, você acabou de levar um tiro, como tudo poderia estar bem? Mas não só isso, você corre perigo constante de morte.

Sebastian sentiu o desespero na sua voz. Viu o terror nos seus olhos. Ele passou o dedo delicadamente em uma lágrima que escorria e Dulce desviou o olhar.

— Realmente, talvez ainda não esteja tudo bem. Mas... — Sebastian sentiu uma pontada na perna e se encolheu de dor —, mas vai ficar tudo bem, o máximo que pode acontecer é eu perder minha perna ou ter uma hemorragia, mas o médico já foi chamado, querida. Vai ficar tudo bem.

Dulce se levantou da cama e virou-se de costas para Sebastian. Ele percebeu que ela tentava controlar as lágrimas que insistiam em descer, ela estava em pânico.

— Devo me retirar agora — ela disse saindo.

— Não — Dulce parou na porta e esperou ele dizer mais alguma coisa.

O que ele diria? Ele não poderia deixar ela sair naquele estado. Poderia?

— Fique comigo — pediu ele. — Não posso deixar que saia assim.

Dulce olhou para dentro do quarto e viu uma poltrona próximo a janela, foi até a mesma e se sentou.

— Serva! Traga água para Sra. Alencar — a serva que limpava o ferimento da sua perna olhou para ele e de volta para a perna. — Imediatamente.

— Deixe que eu vou — disse Dulce se levantando. — Ela está cuidando dos seus ferimentos.

Correu para fora do quarto em busca de ar fresco, d limpar sua mente, tirar toda aquela perturbação de sua cabeça.

Bebeu seu copo de água bem lentamente, mas sabia que tinha que voltar e encarar a situação. Escutou o grito de Sebastian no corredor enquanto voltava, a dor deveria ser imensa. Maldito seja quem deu aquele tiro em Sebastian. Mas quem deu aquele tiro em Sebastian? Jean. Jean dera aquele tiro em Sebastian. Não ele exatamente, mas um de seus capangas.

— Senhor, o médico chegou — a serva disse entrando no quarto junto com o médico.

— Me perdoe pela demora. Estava atendendo outro paciente quando recebi a ligação. A propósito, sinto muito pela sua perda.

— Que perda? — Sebastian perguntou.

— Jean, o pai da sua esposa. Recebi a notícia a algumas horas de seu falecimento. Sinto muito.

— Falecimento? — perguntou Dulce atordoada.

— Sim, um tiro na cabeça, no gramado de casa. Vocês não sabiam? — o médico olhou para Sebastian que estava com uma cara horrorizada. — Ô meu Deus. Me desculpem, na era minha intenção ser indelicado com a perda de vocês.

Em Um Cativeiro ®Where stories live. Discover now