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Entre muitos os motivos que deixaram Dulce preocupada, o que mais ela temia, naquele momento, era a febre altíssima de Sebastian, junto com o pesadelo que ele estava tendo naquela madrugada. Ele se contorcia extremamente e Dulce tinha todas aquelas dúvidas e afirmações que a aterrorizara durante toda aquela maldita semana: Ele irá morrer? Droga, ele irá morrer!

Ângela, que controlava os empregados, dizia para Dulce que tudo ia ficar bem, que isso era normal e fazia parte da recuperação. Mas nossa protagonista não sabia se aquilo era verdade, mas sentia que não, sentia que Sebastian pedia socorro e ela odiava não poder ajudá-lo, odiava ser incapaz como sempre foi.

Era o sentimento de incapacidade que a estava aterrorizando, que também a estava "matando". Digo isso com convicção: o que me faz amar essa história com todo o meu ser é essa protagonista positiva e perspicaz.

Mas ela não vai aguentar ser assim pra sempre, porque a vida muda as pessoas. Eu realmente não quero que ela mude e só há uma solução para isso.

Deitada ao leito dele, ela o olhava xingar o nada, ele parecia brigar e na maioria das vezes ele soltava gemidos aterrorizantes.

— Talvez exista uma explicação pra você ser assim. Ou talvez eu esteja desesperada para achar uma solução para o monstro que você é.

É, talvez seja isso. Mas vamos nós lembrar que não há nada sem solução, é somente uma questão de tempo e uma pessoa determinada — ouve uma breve pausa. — Sebastian, sabia que eu nunca vi seu lado bom? Sim, eu acredito que você tem um lado bom, nem que ele seja minúsculo e quase invisível — Dulce deu uma risadinha gostosa, nesse momento Sebastian se acalmou —, eu ainda tenho fé na humanidade, em você. Me perdoe por existir. Seria tudo mais fácil sem uma idiota atrapalhando tudo.

Dulce tocou a mão de Sebastian e a abraçou firmemente, como se por meio daquele gesto ela pudesse lhe dar a confiança de que tudo ia ficar bem.

— Por favor, melhore logo. Não me deixe.

É engraçado a esperança dela. É engraçado como ela não consegue enxergar que se Sebastian morresse ela estaria livre e rica. Mas Dulce não liga para dinheiro, afinal, ela é vítima dele. Saber que ela estava ali do lado dele tornava simplesmente tudo mais fácil. Ele se sentia seguro, mesmo sabendo que ela seria incapaz de matar uma mosca.

É um sentimento acolhedor que ele nunca sentiu. Pobre Dulce ainda tem a tola esperança de sua mudança. É impossível se mudar o que o tempo demorou séculos para talhar. O Sebastian que ela quer, que ela deseja não existe.

Ela era frágil qualquer homem que a olhe sentia lascívia, ela era doce, calma, amorosa, compreensiva, extremamente pura. Ela tem o poder da conquista natural, ela tem o aroma do desejo, ela é a própria beleza e ele a tinha. Como ele iria deixá-la ir? Ele a queria para sempre e a todo momento.

Ele queria fazê-la ela ficar, queria fazê-la dependente, mas ele sabia que sua liberdade vinha em primeiro lugar. Mas ele sempre tinha o que queria e ele queria Dulce. 

Em Um Cativeiro ®Where stories live. Discover now