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Ali estava Dulce nos braços de Sebastian subindo aquelas escadas, ela dormia profundamente e Sebastian lutava para não a acordar. Bash não queria manipulá-la, não queria mesmo, mas ele não se importava em fazer isso. Ele não poderia deixá-la ir e nem ele sabia mais o porquê, ele tinha a herança, ele tinha tudo que queria, mas não tinha ela. Não tinha Dulce como sua e ele não gostava desse pensamento.

Dulce o deixaria sem pensar duas vezes, ela só queria ir embora e ela só iria por cima do seu cadáver ou até ele decidir que não queria mais jogar, até ele decidir que não queria ela, o jogo não estava entediante, ele adorava jogar.

Se Dulce realmente assinasse aqueles papéis ela teria que viver com as consequências, ele pelo menos estava procurando um caminho mais fácil, o caminho da sedução. Ele não gostava de perder e não aceitaria uma derrota em um jogo tão simples.

— Sebastian seu pé — ela gritou pulando para o chão e assustando Sebastian.

— Ei — ele disse rindo —, o que tem meu pé? Ele já está bom — ele falou indo até ela — volte aqui.

— Não quero magoar seu pé. Ele não está totalmente curado — ela falou se recompondo e tentando subir o resto de escada, mas Sebastian a puxou para si a batendo contra seu peito.

— Não, não, esposa — ele disse tomando Dulce nos braços novamente.

—Sebastian me ponha no chão! Eu vou machucar seu pé — ela berrou se batendo.

— Você não vai só magoar meu pé se continuar se batendo feito louca desse jeito — ele disse e Dulce se acalmou.

— Por que não me acordou? — ela perguntou retraída.

— Eu amo a sensação de tê-la em meus braços — ele falou baixinho como se fosse um segredo, talvez fosse.

— Uma sensação passageira já que eu não vou ficar aqui por muito tempo — Sebastian estremeceu-se com a fala de sua esposa.

Merda.

— Só por cima do meu cadáver — Sebastian disse seguindo o caminho do seu quarto.

A droga! Ela morreria, morreria por sua liberdade, mas ela morreria lutando por o que ela mais queria, por seu direito constitucional.

— Seria capaz de me matar? — Dulce perguntou sem perceber, ouve um minuto de silêncio, nem Sebastian sabia.

Já que ouve dúvida era muito provável que uma parte de Sebastian seria capaz de puxar o gatilho, uma parte bem perigosa, inconsequente e persistente. Uma parte que vivia com ele há anos, uma parte que ele não lutava para acabar. Um lado que não aceitava perder, o seu lado obscuro e predominante. Ele amava aquele lado.

Em pensar que ele havia pagado para se casar com Dulce, pagado para usar sua imagem, não um preço em dinheiro, mas um preço emocional, um preço que ele estava pagando, ela estava trazendo à tona um lado que ele odiava, o lado que ele não queria deixar ressuscitar.

Sebastian era um idiota, mas Jean era muito mais, dera a filha a Sebastian para ele matá-la.

Seu marido a mataria depois de um tempo, ele ficaria com uma parte da grana juntamente com Jean e, consequentemente, Mariane. Mas Jean havia morrido e ele estava perdido, não sabia o que fazer. Bem, sabia, mas era o que Jean tinha mais lhe pedido: Mantenha distância, não se apegue; mas droga, Dulce era tão Dulce! Dulce era inexplicável, amável e doce, ela era tudo o que ele mais odiava, mas o ódio e o amor andam lado a lado.

Ele só tinha que agradecer a sua irmã por ter dado o golpe do baú no velho em manipula-lo para entregar sua filha ao irmão, o deixando rico. Só tinha uma condição, ele teria que matá-la. O que era mais uma morte para aquele rapaz? Nada.

Jean poderia ter matado Dulce com as próprias mãos, sem remoço algum, assim como matou a mãe da mesma. Mas Mariane foi inteligente o suficiente para criar um jogo de marketing, mentes malignas pensam melhor.

Dulce sentiu o coração acelerar, Sebastian demorara para responder e ela estava com medo da resposta do homem que a segurava. Sua tia estava certa? Ele seria mesmo capaz de matar ela? Deus, ela estava em um cativeiro, ela estava em uma enrascada.

Ia perguntar novamente, mas ela escutou a voz rouca e grave de Sebastian invadindo seus tímpanos, a voz era fria, seus lábios tinham perdido o sorriso que estava lá a pouco, ele estava com a cara fechada e pensativo:

— Por que eu a mataria, Dulce? — ele perguntou.

— Essa não foi a pergunta — ela retrucou.

— Quero que se dane você e suas perguntas, quero que se dane você e essa sua maldita herança do inferno, não lhe devo satisfação do que vou fazer com você, você é minha —ele disse colocando Dulce no chão e andando mais um pouco a procura do seu quarto — quero que você morra, nem que seja eu a lhe matar — ele disse batendo a porta do seu quarto.

Dulce ficou parada no corredor, a boca aberta e uma lágrima escorrendo por seus olhos. Ela se sentiu fraquejar, uma tontura a invadiu.

Ele a mataria.

Era duro escutar de sua própria boca. Mas era a verdade, ele a mataria!

A mulher sozinha naquele corredor desabou no chão aos soluços, colocou a mão na face e deu graças a Deus por Mariane e Max terem ficados nos quartos de baixo assim ela não pareceria mais trouxa do que já era. Por que ela estava chorando? O porquê nem ela sabia, mas sabia que doía, doía como o diabo.

No quarto ali próximo Sebastian agachado a porta escutava os soluços da mulher que ele deixara ao corredor. Por que ele estava com remoço daquela idiota? Por que ele a havia deixado para trás e agora queria levar ela para seu quarto e enxugar todas aquelas malditas lágrimas que ele havia causado? Ele não era assim! Ele teria que a matar, era sua missão! Ele não poderia se envolver, mas já era tarde demais! Ela iria "embora", mas ele teria que matá-la de qualquer jeito! Droga, maldito seja esse dinheiro, maldita seja essa herança! Ele estava dependente.

Pouco lhe importava.

Em um impulso abriu porta do seu quarto e procurou Dulce no corredor, mas ela já não estava mais lá. Onde ela havia se metido? 

Em Um Cativeiro ®Where stories live. Discover now