Capítulo 27 - Sofia

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Realmente Aleksander parecia temer muito a reação que eu teria ao saber a verdade. O modo como ele me beijou e me abraçou eram a prova disso. Resolvi dar-lhe um pouco mais de segurança antes que ele começasse seu relato.

- Alek, você pode confiar em mim! Não vou te abandonar depois que souber a verdade. Eu te amo! Amo o homem arrogante, orgulhoso e mal humorado que eu conheci alguns meses atrás. Não me importa o que aconteceu com ela, porque comigo será diferente. Eu prometo! – disse-lhe olhando no fundo de seus olhos para que ele visse que eu estava sendo completamente sincera.

Alek tomou certa distância de mim, respirou fundo e passou a mão pelos cabelos. Estava tremendo e extremamente nervoso. Tomei uma de suas mãos para tentar acalmá-lo e fiquei em silêncio, esperando que ele começasse.

- Daniela... Você é muito especial para mim, de uma forma que eu nunca imaginei que seria possível depois de Sofia. E é por isso que decidi abrir o jogo de uma vez com você. Desde que o acidente aconteceu, não consegui falar sobre o assunto com ninguém. Essa é a primeira vez que eu tenho coragem para dizer a alguém o que aconteceu. Você é a única pessoa para a qual eu vou contar isso. Nem mesmo com a minha família me senti confortável para comentar a respeito. Simplesmente fechei meus sentimentos, pois nunca fui capaz de lidar com eles. Os membros da matilha sabem o que aconteceu por que tiveram de me ajudar a resolver o problema, mas eles só conhecem os fatos, não os detalhes.

- Alek eu fico muito feliz que você tenha me escolhido. Isso é muito importante para mim. Quero que você seja feliz, e principalmente, quero te fazer feliz. Você pode me dizer o que sentir vontade, eu não irei julgá-lo. Todo mundo erra em algum momento da vida.

- Sei disso, mas o que eu fiz foi... – engoliu em seco – bom, não adianta eu começar a história pela parte trágica. É melhor eu te contar toda minha história, assim, talvez você compreenda porque eu tenho esse humor tão instável.

- Aproveita e me conta como eu faço para conseguir lidar com o seu humor. Tem algum manual ou algo do gênero que eu possa consultar? – brinquei para aliviar um pouco o clima.

- Infelizmente não, você terá que encontrar uma solução por conta própria – sorriu e deu-me um beijo rápido – agora pare de me interromper, caso contrário vamos passar a noite em claro.

- Não vejo problemas nisso! Podemos fazer muitas coisas além de dormir... – insinuei-me.

- Chegaremos lá! Pode deixar! Agora vamos a história – respirou fundo e ficou sério, como se estivesse pensando qual era o melhor jeito de iniciar – bom, como você já sabe, sou completamente diferente do meu irmão. Dimitri sempre foi o responsável, o centrado, o ajuizado, o bondoso, o mais calmo, etc. Basicamente ele já nasceu com todas as características necessárias para ser um bom líder. Já eu, sempre fui a ovelha negra da família, ou se preferir o lobo negro. Segundo meu avô o lobo no qual nós nos transformamos reflete diretamente nossa personalidade. Dimitri é um lobo branco e eu o negro. Mas essa diferença entre nós, segundo nosso pai, era ótima, pois assim nós não teríamos problemas no futuro. Como sempre ele estava certo. Somos como água e vinho, mas sempre fomos muito unidos. O fato de Dimitri ser o primogênito e futuro alpha nunca me incomodou. O que me incomoda mesmo é a minha condição de lobisomem.

"Quando eu era criança, sempre imaginei que virar um lobo fosse a coisa mais extraordinária do mundo. Tudo que eu mais queria era fazer quinze anos e tornar-me um integrante da matilha de fato. Então veio a vez de Dimitri sofrer a primeira transformação. Claro que eu estava tão animado quanto ele e nem dormi naquela noite de ansiedade. Estava doido para saber como era a sensação. As outras pessoas já haviam nos dito, mas a opinião de meu irmão era muito mais importante para mim".

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