Capítulo 24 - Desabafo

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Depois de ter sido amparada por Aleksander no galpão entrei num sono profundo e sem sonhos. O que aconteceu depois do resgate era um completo mistério para mim. Era como se tudo o que passei naquelas poucas horas de terror não houvesse passado de um pesadelo do qual eu acabara de acordar. Estava deitada em uma cama com um lençol de seda negra e envolta por um cobertor leve também negro. Não reconhecia o ambiente. Nunca havia estado ali, mas definitivamente não era um hospital. A única semelhança com um era a solução intravenosa em meu braço esquerdo.

Sentia uma dor insuportável em todo meu corpo e temia me mexer. Estava deitada de barriga para cima e meu braço direito estava imobilizado por uma tipoia. Tendo analisado meu estado físico rapidamente comecei a vasculhar o lugar apenas com os olhos, tentando manter a cabeça fixa. A primeira coisa que notei foi o tamanho do quarto. Era enorme, além de muito elegante. As paredes eram brancas para equilibrar a decoração, deixando-a menos soturna. A minha esquerda havia uma janela enorme que estava fechada por cortinas negras, dessa forma não podia dizer se era dia ou noite. Havia também um criado mudo com um abajur sofisticado. A minha frente havia uma enorme televisão e um baú de couro negro ao pé da cama. A porta de entrada ficava ao lado direito da televisão e estava fechada. A esquerda havia outra porta, mas parecia ser de um closet. Tendo feito essa primeira análise voltei meu olhar para o lado direito do quarto e encontrei Aleksander sentado em uma poltrona, observando-me. Vestia uma camiseta cinza e uma calça de agasalho. Seu semblante sugeria que ele estava extremamente cansado, como se não dormisse há muitos dias. Concluí que estava em seu quarto, deitada em sua cama. Havia tanto tempo que eu ficava imaginando como seria o refugio dele e agora descobria da pior maneira possível, depois de ser atacada por um psicopata. Tentei me mover, queria levantar, mas Aleksander me impediu. Sentou-se ao meu lado e fitava-me tenramente.

- Vá com calma querida! Você ainda está muito machucada! – disse-me carinhosamente.

- Por quanto tempo estou dormindo? – minha voz saiu fraca e se ele não tivesse uma super audição duvido que teria escutado.

- Dois dias... – arregalei os olhos surpresa e senti uma pontada forte em meu olho esquerdo, no qual Leonardo havia me dado o primeiro soco – na verdade já estava começando a ficar preocupado, mas a Silvana me garantiu que era normal... Depois do que você sofreu... – tomou minha mão, a única que estava livre, na dele e começou a acariciá-la suavemente.

- Silvana? – fiquei confusa quando ele citou o nome. "Será a mulher que eu havia conhecido na fazenda? Mas o que ela tem a ver comigo?" tentei encontrar alguma conexão.

- Você a conheceu na fazenda. Ela é médica! – explicou-me percebendo a confusão em meu olhar - cuidou de você depois que conseguimos te encontrar e sempre vem verificar como você está. Preferi trazer você para minha casa... Posso cuidar melhor de você aqui... – depositou um beijo leve em minha mão e senti meus olhos enxerem-se de lágrimas.

Podia estar parecendo uma estúpida por ter tido essa reação, ainda mais considerando como as coisas com Aleksander estavam antes de tudo ter acontecido, mas não conseguia controlar meu coração.

- Obrigada... Por ter ido me buscar... Temia que você me ignorasse depois do que aconteceu e... – antes que eu terminasse ele pousou o indicador sobre meus lábios para me silenciar.

- Daniela... Nunca pense nisso de novo. Iria te buscar independente de qualquer coisa! Só peço desculpas pelo atraso... Se eu tivesse chegado antes... – sua voz saiu angustiada e ele desviou o olhar do meu.

- O importante é que você estava lá! – tentei consolá-lo.

- Se estivesse mais atento a você isso nunca teria acontecido. Silvana me disse que você poderia ter morrido apenas por causa do sedativo que o desgraçado usou para te apagar. Você teve muita sorte!

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