Capítulo 18 - A Matilha

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Levei um susto tão grande ao vislumbrá-lo no batente da porta que não sabia como reagir. Permaneci em meu lugar, apenas com o rosto para fora da porta, esperando que Diego fizesse ou falasse alguma coisa. Podia parecer uma reação exagerada da parte de Aleksander, já que nós não estávamos fazendo nada de mais, apenas conversando, mas ninguém gosta de chegar ao próprio quarto e encontrar um bonitão sem camisa conversando com a sua suposta "namorada". Os dois se encaravam como se estivessem em algum tipo de batalha mental, coisa de lobisomem talvez, e como parecia que ninguém iria tomar uma atitude decidi quebrar o silêncio e esclarecer a situação.

- O Diego só veio me cumprimentar Alek! Já estava de saída! – dei uma indireta bem direta para o loiro.

- É isso mesmo! – confirmou ele com ar presunçoso - Como você abandonou a Daniela vim aqui distraí-la um pouco... – "ai que sacana! Não podia simplesmente sair de fininho? Por que tem que ficar provocando a fera? Pelo jeito esses dois se odeiam e não é de hoje! Por que eu tinha que me enfiar no meio?" pensei querendo esganar Diego.

- Mas agora eu já estou aqui! Então, se puder nos dar licença, nós temos muito que conversar e resolver – Diego o ignorou e voltou sua atenção para mim.

- Já sabe, se ele te deixar sozinha por aí de novo é só me procurar... Estarei totalmente a seu dispor... – lançou-me uma piscadinha sensual e saiu com uma andar marrento do quarto, olhando e sorrindo debochadamente para a expressão de ódio de Aleksander.

Nem bem ele deu um passo para fora do quarto Alek fechou bruscamente a porta trancando-a. Saí de meu esconderijo timidamente para receber a bronca. Pela expressão dele eu não ia escapar. Aleksander ficou parado encostado a porta como se estivesse prestando atenção em algo. Fiz menção de falar, mas ele fez um gesto para que eu esperasse. Ficamos em silêncio, eu encarando o chão e ele o nada, até que depois de alguns minutos ele disse:

- Agora podemos conversar!

- E por que não podíamos antes? Você estava com medo que o Diego escutasse? - perguntei sussurrando e ele assentiu - E agora não tem mais perigo? - cada vez mais ficava confusa com essas habilidades dos lobisomens.

- Sim, ele está lá fora conversando com outra pessoa. Nesse caso não tem como ele se concentrar nas duas conversas.

- Ah entendi...

- Então vamos ao que interessa. Aquele idiota te incomodou por acaso? – fiz que não com a cabeça – Ele tem essas manias de achar que pode ficar se intrometendo na vida dos outros. Aposto que veio aqui só para especular quem é você e principalmente o que está fazendo aqui.

- De certa forma sim – confessei – mas ele parecia estar perguntando só para puxar assunto, não estava com aquele ar de fofoqueiro que ia sair espalhando para todo mundo por aí.

- E o que especificamente você contou a ele? – quis saber preocupado.

- Nada de mais! Só disse que sou sua secretária e que precisava acertar alguns assuntos urgentes da empresa com você e por isso vim até aqui.

- É uma boa desculpa, tirando o fato que para chegar a esse lugar você teve de me seguir – passou a mão pelos cabelos, um tanto nervoso - Ele não perguntou como você conseguiu encontrar esse lugar?

- Não, porque ele supôs que você tinha me dado o endereço e me contado todo o lance dos lobisomens. Não neguei, pensei que isso poderia trazer problemas para você e pior ainda: para mim! – sentei-me na cama e ele fez o mesmo.

- Agiu corretamente. Não seria prudente que ele soubesse de nosso pequeno acordo sobre esse aspecto da minha vida. Muito menos que você veio sem a minha permissão.

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