Me disseram que você

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Clara olhou assustada para o médico, sabia que Marina não estava melhor porque sua mão sentiu o aperto esmagador.

–Não...não tá na hora. – Marina falou desesperada.

–Vai dá tudo certo. – O médico disse e deixou o casal sozinho.

A fotógrafa olhou para a morena, as lágrimas corriam e o desespero estava estampado em seu rosto.

–Não me deixa. – Marina sussurrou.

–Claro que não, não vou sair do seu lado. – Clara respondeu segurando firme a mão da esposa e dando um beijo em sua testa.

Não estava calma, bem longe disso. Apavorada era a melhor definição, porém Marina era puro desespero e reclamava de dor ainda mais. A enfermeira que havia seguido o médico, voltou com uma maca.

–Não, tá errado isso. – A fotógrafa falou quando a mulher colocou a maca ao lado da cama.

–Marina, meu nome é Cecília, trabalho há anos com o doutor Erik e já vi ele trazer bebês menores para o mundo, que cresceram fortes e saudáveis. Ele é um bom médico, pode confiar. – A enfermeira disse com calma. Estendeu a mão para a fotógrafa. – Vou te levar e depois eu prometo que busco pessoalmente a sua mulher pra ela ficar do teu lado.

Marina olhou para Clara, as lágrimas tinham escapado pelo rosto da morena. A branca segurou na mão da enfermeira e com o apoio da mulher, conseguiu subir na maca. Mesmo não podendo entrar na sala naquele momento, acompanhou a fotógrafa até a porta.

–Docinho...- A branca apertou a mão da morena trazendo ela até seu peito, ia continuar a falar, mas a contração veio.

–Vai dá tudo certo, já encontro você. – Clara beijou os lábios da fotógrafa e não conseguiu dizer mais nada, Marina foi levada para a sala.

Na verdade, a fotógrafa parou na sala de preparação antes. Enquanto mais uma enfermeira veio para ajudá-la trocar de roupa, o médico anestesista fazia diversas perguntas e verificava seus sinais. Não que Marina conseguisse entender alguma coisa, sem Clara ao seu lado, somente sentia as contrações e seu corpo sendo tocado por várias mãos.

Quando foi levada para a sala de cirurgia, conseguiu reconhecer o médico e o anestesista, além deles outras pessoas estranhas estavam. Esconderam sua barriga, e o segundo passo foi que parou de sentir as pernas. Antes que pudesse dizer algo, sua mão foi tomada pelo aperto tão conhecido e ela sorriu para a morena.

–Cheguei. – Clara sorriu e deu um beijo no rosto da mulher. Já tinha vestido toda a roupa necessária para estar ali e de certa forma tinha conseguido se acalmar um pouco.

–Vamos começar. – Ouviram o médico.

Mesmo não sentindo nada, Marina apertou a mão de Clara. A morena tinha encostada a testa na sua, e entrelaçou seus dedos com os delas. Nada, nem ninguém a tiraria dali. Ouviam o médico pedindo os instrumentos e dando os comandos.

Seus olhares estavam presos uma na outra, e só tiveram uma mudança quando o choro apareceu. Marina arregalou os olhos e virou a cabeça na direção do som. Clara ergueu o tronco e sem soltar a mão da fotógrafa, ficou em pé procurando ver o filho.

–Ele é lindo...- A enfermeira trazia o pequeno apenas que as mães pudessem dar uma olhada, quando os aparelhos começaram a apitar.

–Marina. – Clara chamou, pois o aperto em sua mão afrouxou.

–Pressão caindo. – A voz foi de algum médico. – Tira ela daqui.

Ele se referiu a morena. Não teve como Clara rebater, uma enfermeira começava a empurrar ela para fora e teve a ajuda do residente que estava presente, para conseguir tirá-la da sala.

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