O infinito é realmente

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A morena estava prestando atenção na noiva e na peça, que só reparou que falavam com ela, quando Marina olhou sobre seu ombro para a moça parada atrás de si. Clara não conseguiu esconder a surpresa quando virou e acabou sorrindo.

–Gabi? – A morena perguntou. – Nossa, não acredito nisso, quanto tempo.

–Pois é, tempo mesmo. – Gabi sorriu, se aproximou e deu um beijo no rosto da morena. – Voltei tem uns meses pro Rio, não consegui ficar longe dessa cidade. E você por onde anda? Ainda trabalha como caçadora?

–Não, larguei essa vida e entrei de sócia em um estúdio de fotografia. – Clara sorriu. – Algo novo e diferente.

Se Marina já tinha ficado enciumada, a fala da noiva não ajudou em nada. A fotógrafa deu um passo à frente, entrando na visão da mulher que falava intimamente com Clara. Tinha a mesma altura da branca, provavelmente a mesma idade também. Os cabelos eram longos e escuros, contrastavam com os olhos azuis. Assim que viu Marina, Gabi sorriu para ela.

–Você precisa de alguma ajuda?

–Tá trabalhando aqui? – Clara interrompeu a resposta de Marina.

–Sim, logo que voltei pro Rio, comecei a trabalhar aqui. – Gabi respondeu. – Nada tão sofisticado quanto a ser sócia de alguma coisa.

–É que ela precisou dormir com a fotógrafa pra isso. – Marina respondeu com raiva e olhou para Clara. Jogou o conjunto que tinha nas mãos contra a noiva e saiu rapidamente da loja.

–Eu tenho que ir. – A morena soltou a roupa e foi atrás de Marina.

Encontrou a noiva, arrastando Gisele pelo corredor. Clara chamou e só a prima olhou para ela. Correu até se aproximar das duas.

–Marina...

–Ué parou o papo com a ex por que? A palhaça aqui não tava mais lá servindo de plateia? – A branca parou bruscamente e rebateu com raiva.

–Marina, me escuta. – Clara tentou de novo e mais uma vez a fotógrafa impediu que ela continuasse.

–Eu não preciso ouvir nada, eu vi. – A branca puxou a aliança do dedo e jogou contra a morena. – Vai pro inferno.

Clara fechou os olhos e segurou a aliança antes de cair no chão. Encarou Gisele que estava desesperada, precisou respirar fundo algumas vezes e segurar o choro, antes de voltar a correr atrás da branca. A prima que tinha ficado atônita com a reação de Marina, acompanhou Clara e juntas viram a fotógrafa entrar em um táxi.

–Vamos logo. – Gisele disse puxando Clara de volta para o shopping e indo para o estacionamento. A morena ligou o motor e disparou com o carro. – O que aconteceu?

–Nós estávamos na loja e a Gabi, a minha ex, ela me chamou. – Clara começou a falar e sentiu que chorava. – Eu falhei, fiquei sem saber como agir direito...

–Você ignorou a Marina? – Gisele perguntou.

–Não apresentei ela. – A morena olhou culpada.

–Porra Clara, encontra a ex e não apresenta a tua noiva? – Gi gritou. – Que mancada.

–Eu sei...eu travei, ok? A última vez que eu vi ela, eu namorava ela e quando voltei de uma viagem ela não queria mais nada comigo. Travei na hora, fiquei sem saber o que falar direito. – Clara tentou se justificar.

–Então destrava, e destrava depressa porque a Marina tá furiosa e com razão. – A menina disse séria. – Mulheres, cheias de drama.

Clara não respondeu, apenas dirigiu mais depressa e no limite que o trânsito lhe permitiu, conseguiu voltar para a mansão. Já sabia que Marina tinha chegado, o táxi estava saindo dos limites da casa, quando elas entraram.

Quase Sem QuererWhere stories live. Discover now