Tão correto e tão bonito

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Enquanto Clara encarava a mulher com raiva no olhar, Marina ainda prendia a respiração. Ver Laura tão perto, e depois de tudo o que tinham passado, era muito mais assustador do que ela poderia ter imaginado. Inconscientemente apertou a mão da noiva por baixo da mesa.

A morena sentiu o aperto e olhou para a fotógrafa, pensou em levantar e tirar Marina dali imediatamente, porém a branca começou a falar.

–Não sou sua filha. – A voz de Marina saiu baixa.

–Fico feliz que tenha vindo. – Laura respondeu. – Mas, não precisava trazer seu cão de guarda, não vou te fazer mal.

Clara encarou a mulher e foi sua vez de apertar a mão de Marina.

–Não fala assim da minha mulher. – Agora a voz da branca saiu como ela gostaria. Firme e audível. – O que você quer? Fala logo, que eu tenho coisas mais importantes para fazer.

–Ainda não é sua mulher. – Laura olhou em direção a aliança na mão direita que estava sobre a mesa e voltou a olhar para a filha com um sorriso. – Não posso te julgar, também sempre tive o dedo podre para o amor.

–Sério? Vai querer me dar conselhos amorosos? Me chamou aqui pra isso? – A fotógrafa rebateu já impaciente.

–Quero saber de você, da sua vida, estou presa Marina, não sei como você está. – Laura respondeu quase que no mesmo tom da filha.

–Eu estou maravilhosamente bem desde o dia que te jogaram aqui dentro. – Marina disse. – Só isso?

–Não seja ingrata minha filha, cuidei mais de você do que a mulher que você chama de mãe. – A presidiaria falou encostando na cadeira.

–Só que a mulher que eu chamo de mãe, nunca me bateu ou me sequestrou ou tentou matar a minha mulher. – A branca respondeu encarando a mulher.

–Você precisava de mim, eu precisava te afastar do Diogo e do Cadu, talvez não tenha sido a minha melhor ideia, mas foi para o seu bem. – Laura tentou alcançar a mão de Marina, e a fotógrafa retirou rapidamente. – Não devia ter batido em você, eu deveria ter tido mais paciência, me perdoa.

–Você escuta o que você fala? – Marina quase sorriu.

–Quando você tiver seus filhos, você vai entender. – A mulher respondeu com calma.

–Eu vim, vai fazer o acordo? – A fotógrafa decidiu encerrar logo aquela conversa, não suportava mais ficar ali.

–Eu dei minha palavra, sempre cumpro com ela. – Laura olhou para a morena. Era um aviso bem claro.

Clara sorriu e entrelaçou os dedos com os de Marina e trouxe as mãos para a visão da presidiaria. Sorriu friamente.

–Você não é a única. – A morena falou e ficou em pé. A fotógrafa acompanhou a noiva.

–Espera Marina. – Laura disse com pressa. – Você recebeu meu presente? Não esqueci do seu aniversário.

–Então esqueça. – A branca respondeu e começou a andar para a porta de saída.

–Eu nunca vou esquecer de você minha filha. Eu sou sua mãe.

Ouviram as últimas palavras de Laura, quando já passavam pela porta. Marina parou e respirou fundo algumas vezes, sem soltar a mão da morena. Encontraram Roberto esperando por elas, e sem dizer nenhuma palavra voltaram para casa.

–Filha. – Regina correu até Marina quando chegaram. Abraçou a branca apertado, acariciando seus cabelos.

–Tudo bem mãe, ela só mostrou o quanto é louca. – Marina falou durante o abraço.

Quase Sem QuererOnde as histórias ganham vida. Descobre agora