Que eu não precisava provar nada pra ninguém

1.1K 34 2
                                    

Clara olhou para Marina. Tinha se dado conta do que tinha dito, e do que não tinha dito para a namorada. Desligou o celular, mesmo depois da chamada já ter completado.

-Conheço. – Clara falou e viu a feição da namorada mudar completamente. Marina levantou e saiu do quarto. A morena foi atrás dela. – Marina, espera.

Marina saiu da casa, era noite, não dava para ver nada na rua. Mesmo estando de pijama e descalça, a fotógrafa começou a andar para lugar nenhum. Clara pegou os chinelos antes de sair correndo atrás da namorada. Foi fácil achar Marina. Ela andava devagar, o terreno pedregoso e barrento não ajudava os pés descalços da fotógrafa.

-Hei. – Clara segurou o braço de Marina, fazendo ela virar para si. – Onde você vai?

-Pra um lugar que ninguém minta pra mim. – Marina respondeu chorando.

-Eu não menti, eu te disse que esse segredo não era meu, para que eu contasse. Não cabia a mim te dizer a verdade, e Marina você tem que acreditar que no momento em que eu soube, eu cobrei da Regina a verdade. – Clara segurou os dois braços da fotógrafa e a trouxe para perto de si, mesmo que Marina lutasse para fugir.

-Você conhece ela. – Marina disse ainda tentando soltar-se de Clara.

-PARA. – Clara gritou e sacudiu a fotógrafa. – Eu não vou te largar.

Marina parou de tentar fugir e ficou olhando a morena. As duas encaravam uma a outra e vários sentimentos passavam por seus olhares. Raiva, medo, revolta, amor. No fim Marina abaixou a cabeça, quebrando a ligação do olhar, e Clara pode abraça-la. Ficaram mais um tempo ali, até que a morena levou Marina de volta para a casa.

A fotógrafa lavou os pés, e depois sentou na cama. Clara tirou o kit de primeiros socorros que carregava no carro, e cuidou dos machucados que Marina conseguiu fazer, no pouco que andou pela terra.

-Eu conheci ela quando fui investigar o Cadu com a avó dele. – Clara começou a falar enquanto cuidava da namorada. – Ela tinha sido a mulher que ele mandou para cuidar da dona Margarida, que é a avó dele. Ela me contou a história dela com o Diogo.

-Não quero saber. – A fotógrafa interrompeu Clara. – Por que você ameaçou ela?

-Porque eu não acreditei, então ela apareceu na mansão um dia de manhã, e me entregou um pouco do cabelo dela e pensou em falar com você. Eu disse que se chegasse perto de você, eu matava ela, não importava a intenção.

-Esse cabelo...

-Estavam dentro de um frasco, que sua mãe..que a Regina quebrou quando confrontei ela. – Clara olhou para Marina, ignorando o celular que voltava a tocar. A fotógrafa olhou para o aparelho e depois para a morena.

-Não quero falar com ela. – Clara concordou com a cabeça, e pegou o celular.

-Ela não quer falar com você. – A morena disse fria e dura ao atender.

-Por favor Clara, é a minha filha, é a única coisa boa que fiz na vida.

-Ela não quer falar com você. Não dá pra ser mais claro que isso. – Clara respondeu no mesmo tom. – E a única coisa boa que você fez, foi deixa-la com a Regina.

-Eu vi o Cadu, ele me ameaçou, disse que me mataria se eu ajudasse a Marina. E eu vi alguém que está ajudando ele, e não é o Diogo.

-Quem é? – Clara ficou em pé, e como seu tom de voz mudou, a atenção de Marina ficou maior para a conversa. Ela pediu para que Clara colocasse no viva-voz, e a morena o fez. – Anda, quem tava com o Cadu?

Quase Sem QuererWhere stories live. Discover now