Só que agora é diferente

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–Oi Van, sim eu voltei sim, olha to ocupada agora, mas tarde eu te ligo, pode ser? Até, beijo. – Marina desligou o celular. – Desculpa, parece que descobriram que eu to de volta.

–Quem? – Clara perguntou.

–Quem o que? – Marina olhou para ela.

–Quem descobriu que você tá de volta? – Clara falou mais séria.

–As minhas amigas? – Marina respondeu em dúvida.

–Pensei que era outra coisa. Desculpa. – Clara falou e voltou para o lugar. Marina não tinha o número cadastrado, sabia disso pela forma que ela tinha atendido. Então que amiga era aquela? Devia ser alguém que a fotógrafa deixou. Mais uma de suas conquistas que voltavam correndo, era só ela aparecer. Sem perceber Clara estava amassando a revista que tinha nas mãos.

Marina ficou olhando para Clara e depois olhou para Helena, a arquiteta fez um sinal para que a fotógrafa deixasse de lado, e sussurrou que Clara era muito protetora quando gostava de alguém. Marina ficou corada com a afirmação que ouviu, e logo tratou de voltar a falar do estúdio.

Saíram do escritório da arquiteta já passava do meio dia, e por insistência de Marina, Helena foi almoçar com as duas. Escolheram um restaurante na praia. Fizeram o pedido, e Marina e Helena seguiam com a conversa animadas.

–Nesse tempo fora, senti falta mesmo foi das praias do Brasil. – Marina falou. – São as melhores no mundo inteiro, não há dúvidas.

–Mas você deve ter visto muitos outros lugares lindos. – Helena concluiu.

–Sim, teve alguns lugares fantásticos. A gente olha pra foto e parece que aquilo não pode existir de tão perfeito. – A fotógrafa respondeu.

–E você pretende realizar uma exposição com essas fotos? – Helena perguntou interessada.

–Não. É muito lindo, mas é tão batido, qualquer revista tem uma foto dessas. Nessas viagens eu pude conhecer muitas pessoas, e fotografá-las, talvez ter um vislumbre das almas delas. Se eu expor, vai ser isso.

–E como você vai mostrar a alma das pessoas? – Clara perguntou. Por mais incomodada que estivesse com a presença da irmã, ver Marina falando daquela forma, vazia sua mente esquecer do resto do mundo, e se focar apenas nela.

– Simples, elas posaram nuas pra mim. – Marina sorriu. – Sem roupas, apenas com um objeto que lhes trouxesse paz, ou apenas sozinhas. – Marina olhou para Clara. – Quando a gente fica livre, sem amarras, sem medos, nossa alma vem à tona e é onde nos tornamos mais belos.

Clara sentiu um arrepio percorrer seu corpo, estava presa no olhar de Marina, estava presa na boca dela. Foi sua razão que gritou que ela não podia, que não estavam sozinhas, se a razão não tivesse gritado, Clara teria agarrado Marina ali mesmo. Helena, percebeu a tensão sexual crescer entre as duas, mas tinha algo mais. Clara poderia até ter negado mais cedo, mas era perceptível que tinha mais que desejo entre elas.

–Mulheres? – Helena perguntou trazendo as duas de volta para a mesa.

–Sim, mulheres. – Marina sorriu. – Sem contar que o corpo feminino é lindo nas suas mais variadas formas, mulheres são mais expressivas.

–Mulheres nuas. É a fórmula do sucesso. – Clara falou debochando.

–Pensei que você soubesse apreciar arte docinho. – Marina respondeu.

–Artes e artistas. – Clara rebateu sem se incomodar com o apelido novo.

–É por isso que o músico não para de olhar pra você, tá apreciando ele também? – Marina perguntou num tom sério, que tinha uma ponta de ciúmes.

Quase Sem QuererWhere stories live. Discover now