Quantas chances desperdicei

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Clara esperava levar mais tempo para ter aquela conversa com Marina. Queria ter conversado com seu padrasto, ter tido a chance de falar com Juliana e com Pedrão. Clara não queria jogar as coisas em cima de Marina, mas Regina iria fazer de tudo para impedir que elas ficassem juntas. A morena sentou direito na cama e olhou para Marina.

–Lembra que você me pediu para contar uma coisa sobre mim hoje cedo? – Clara começou a falar. Diante da afirmação positiva de Marina, seguiu. – Eu contei aquela história propositalmente. Eu sabia que nós teríamos essa conversa, e eu quis adiantar alguma coisa pra você.

Marina estava em pé olhando séria para Clara. Sentia sua respiração ficar alterada, a raiva parecia nascer dentro dela, e rapidamente ela juntou a história de Clara com o meio irmão recém descoberto.

–Ele é o seu ex? – A voz da fotógrafa saiu falhando.

–Marina, eu nunca, jamais imaginei isso. – Clara falou e a fotógrafa começou a andar pelo quarto. Clara levantou e foi até Marina. – Marina me escuta, eu não sabia. Eu perguntei pro dr Roberto hoje cedo, e quando ele me disse o nome do filho do Diogo, eu desmaiei literalmente, porque nunca ouvi nada disso dele, e

–Quando você ia me contar? – Marina interrompeu Clara. – Quando você ia me contar que o seu ex psicopata é o meu meio irmão? Hein Clara?

–Quando eu soubesse de mais. – A morena respondeu. – O Carlos Eduardo, que eu conheci, que eu namorei, tinha uma mãe que vivia pelo mundo e não sabia quem era o pai dele. Ele morava e cuidava da avó dele, ele era bom. Ele só disse "tá bom", quando eu terminei com ele, e foi ai Marina, que eu fiquei com medo.

A fotógrafa tinha parado de andar e prestava a atenção em Clara.

–Eu terminei por outra pessoa, mas não falei pra ele que esse era o motivo. Só que quando ele me disse só "tá bom", eu senti um frio na espinha. Eu tive medo de verdade. E ele sumiu. Só fui saber dele, quando ele fez o que fez. A Ju não deixou que eu fosse atrás dele. E pra te dizer a verdade, eu fiquei aliviada que ela me impediu. – Clara olhava séria para Marina. A fotógrafa não falou nada. Ficou parada encarando a morena por um longo tempo.

–O que mais você quer saber? – Marina disse depois de um tempo em silêncio. Voltou a sentar na sua cama, e lentamente Clara foi se aproximando dela.

–Sobre essa história dele ser filho do seu pai. Eu vou conversar com o meu padrasto, pedir pra ele ativar uns contatos que ele tem com a alta sociedade. Falar com o Pedrão também. O homem que eu conheci não existe. E eu preciso saber com quem estou lidando, senão, como vou te proteger? – Clara passou a mão no rosto de Marina.

–Por que? – Marina perguntou com a voz embargada.

–Porque o que? – Clara franziu o cenho.

–Por que você quer me proteger? Acha que ele vai fazer o mesmo comigo? Foi por isso que nós apanhamos naquele sequestro?

–Sim, eu acho que ele quer te machucar, até mesmo te matar, porque ele é um louco possessivo. E sim, acho que foi por isso que apanhamos bastante durante aquele sequestro. – Clara parou e ficou olhando para a fotógrafa. – Eu não sei Marina, eu só olho pra você, e me sinto diferente. Um diferente bom, que me faz bem. E eu não consigo viver com a ideia de alguém te machucar.

–Meu pai e um estranho biologicamente ligado a mim, querem me matar. Minha mãe esconde as coisas de mim, e...você faz isso. – A fotógrafa tinha os olhos marejados. – Eu sei que não sou a melhor pessoa desse mundo, mas poxa... – Marina tentou falar, mas a voz se perdeu em meio as lágrimas. Clara sentou na cama e puxou a fotógrafa para seu colo, passou seus braços em volta dela e apertou com força.

Quase Sem QuererWhere stories live. Discover now