Palavras repetidas

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Clara encarava Roberto com receio da resposta que poderia ter. Ainda não tinha esquecido da conversa que teve com a sogra e muito menos tinha deixado para trás aquela sensação que Regina poderia ir além de todos os limites para manter a filha a salvo.

–Porque você não me diz? – O advogado falou e viu a morena franzir o cenho. – Não faz essa cara pra mim, eu sei que você sabe o que a Regina pretende.

–Olha Roberto, o braço direito da Regina é você. Se tem aqui alguém aqui que sabe de todos os planos dela, esse alguém com certeza não sou eu. – Clara rebateu séria e na defensiva. Podia ter suas suspeitas, mas não iria levantar nada contra a sogra, não por medo, mas simplesmente por concordar com ela.

–Desculpa. – Roberto respirou fundo e passou a mão no rosto. – Estou preocupado, exatamente por não ser eu esse alguém Clara. Ela não me contou o que pretende e também sei que ela vai algo, é disso que tenho medo.

–Não sei o que te dizer, de verdade. – A morena aliviou no tom de voz. – Ela só disse para Marina que a Laura nunca mais ia fazer nada com ela.

–Eu sei Clara, eu sei. – Roberto olhou para a mesa que estava cheia de risos. – Tenho medo que ela faça algo errado.

–Sem ofensa Roberto, mas seria ingenuidade achar que a Regina tiraria a Laura definitivamente da vida da Marina, dentro da lei. – Clara foi direta.

–Não custa sonhar. – O homem encarou a morena frustrado.

–Se você contar uma mentira diversas vezes, ela passa a ser verdade. – Clara continuou com uma expressão dura. – Se isso te trouxer o sono, a Regina vai sumir com a Laura dentro da lei.

Roberto riu sem vontade com as palavras da morena. Voltou a caminhar e sem dizer mais nada, Clara seguiu ao lado do homem, até retornarem para a mesa. Tanto Regina, quanto Marina tinham percebido a saída disfarçada e a conversa de longe, e sorriram desconfiadas quando o retorno aconteceu.

Clara sentou ao lado da mulher e deu um beijo em seu rosto, sussurrando um tudo bem próximo ao ouvido branco, já Regina e Roberto ficaram com uma troca de olhar mais gélida.

–Mãe, temos novidades para você. – Marina disse trazendo a atenção da mãe para si e quebrando o pequeno silêncio que acontecia.

–Novidades? – Regina perguntou e olhou da filha para a morena. – Que tipo de novidades?

–Do tipo que você não precisa fazer essa cara. – A fotógrafa falou rindo.

–Minha filha, novidades suas sempre me deram um fio de cabelo branco novo. – Regina respondeu e riu quando a filha revirou os olhos.

–Dessa vez, seus cabelos até podem ficar brancos, mas será por uma boa razão. – Clara sorriu para a sogra que fez uma cara desconfiada para as duas.

–Fala de uma vez que até eu tô curiosa. – Gisele reclamou para o casal.

–Você pode começar a se preparar para ser vovó. – Marina riu para a cara que a mãe fez. – Calma mãe, ainda não tô grávida, mas nós vamos começar o tratamento logo.

–Que susto, pensei que tinha que matar a Clara agora. – Regina levou a mão ao coração brincando.

–Tudo eu. – A morena respondeu para a sogra que ria e abraçava a filha.

–Netos, ai meu Deus, tô ficando velha mesmo. – A mulher brincou.

–Que máximo, adoro bebês. – Gisele bateu palmas de alegria. – Vão ser Clarinhas, Marininhas...

Quase Sem QuererWhere stories live. Discover now