Tenho andado distraído

2.9K 61 9
                                    

Clara estava sentada no bar, bebendo uma cerveja e observando a festa que acontecia na pista. O centro das atenções, era uma bela mulher jovem, de pele muito branca, cabelos ondulados e negros como a noite. Clara ainda não tinha conseguido ver os olhos, mas ela sabia que eram amendoados. Ela tinha memorizado a cor, os traços, tudo. Olhou diversas vezes para a foto, para ter certeza que não esqueceria de nenhum detalhe.

A mulher estava visivelmente alterada, já tinha bebido muito, e agora dançava sem nenhum pudor entre as mulheres que estavam ao seu redor. Clara revirou os olhos, odiava baladas daquele tipo, odiava aquela batida daquela música que parecia sempre a mesma, e mais que tudo naquele momento, ela se odiava por ter aceitado aquela proposta.

– Então você é a famosa caçadora de recompensas? Confesso que esperava um outro tipo de mulher. – A empresária sorriu ao sentar-se. Nem mesmo um oi, um como vai, aceita um café, nada. Ela foi direto ao assunto, e talvez por isso Clara tenha simpatizado com ela.

– Você e todos aqueles que eu já peguei. Isso é uma vantagem. – Clara sorriu. Era morena, alta, cabelos longos e sorriso encantador. Sabia que era uma mulher bonita, e algumas vezes usava disso para ser bem-sucedida em seu trabalho.

– Soube que você também é muito discreta. – A empresária que até então não se apresentou continuou. Estavam em uma sala de reunião, de uma grande empresa no ramo da bolsa de valores, a Praddo & Meirelles. A hora foi marcada e Clara apareceu. Geralmente crimes do colarinho branco, tinham as melhores recompensas, ela só não sabia como alguém com esse perfil tinha passado pela pesquisa dela.

– Sou mesmo. Discrição é meu nome do meio. Até porque quanto mais discreta eu for, mais consigo sucesso no meu ramo. – Clara sorriu.

– Sua discrição é essencial nesse caso, mas em hipótese alguma quero a polícia envolvida.

– Eu não mato, por nenhum valor. – Clara falou. Não gostava quando confundiam sua profissão com assassina. Ela sabia se defender muito bem, e até mesmo usar uma arma, e tinha porte para tanto, porém, não gostava de puxar o gatilho, e pretendia seguir dessa forma.

– Não quero que você mate ninguém. – A mulher seguiu encarando Clara. - Você sabe quem eu sou?

Por instinto a ela olhou pela sala. Era imparcial, e definitivamente nada na mulher era familiar. Cabelos negros, olhos azuis, pele branca, feições fortes. Não, Clara nunca há tinha visto antes.

– Alguém importante para utilizar a sala de reuniões? – Clara sorriu.

– Eu sou o Praddo e o Meirelles da porta principal. – A mulher respondeu no mesmo tom. – Meu nome é Regina Praddo Meirelles, sócia majoritária da empresa.

– Clara Fernandes. – Ela sorriu. – Trabalho sozinha.

– Eu tenho uma filha Clara. Filha única. – Regina respirou fundo. – Confesso, que nunca fui uma mãe presente, e sempre supri essa falta como todo pai ausente, através de presentes e mimos. Nunca disse um não para a minha filha, mas quando a mesma disse para mim, as coisas não ficaram bem. – Parou e olhou para ver se a outra iria ter alguma reação. – Ela "fugiu" de casa, eu tentei cancelar os cartões para ela voltar, e então ela consegue dinheiro e sai do país. Desde então, um e-mail é o que eu tenho dela. Geralmente pedindo dinheiro.

– Você quer que eu a traga de volta. – Não era uma pergunta. Clara nunca tinha trabalhado em casos assim, mas tinha conhecidos que sim. Iam atrás dos filhos drogados ou revoltados dos ricaços, e ganharam uma boa grana sem precisar de muito esforço.

Quase Sem QuererWhere stories live. Discover now