Ponto Final - Asa Negra VIII

66 12 4
                                    

Por segundo: ela possui o corpo cheio de costuras nada comuns, pois se fossem era certo que já as teria removido. Era como se ela fosse uma boneca de retalhos. Mas Rayner achava que havia algo mais, algo sombrio.

E por fim a sua Natureza — a Escuridão. Ele nunca conheceu ninguém com uma Natureza assim, sabia que existiam pessoas com essa Natureza apenas por histórias, mas era algo tão raro que ele achava que não era verdade. Mas agora sabia que era real.

Sutura se voltou para ele que desviou o olhar, não havia percebido que estava olhando para ela já fazia algum tempo.

— Rayner — disse a garota lhe tirando do devaneio. — Você vai fazer aquilo que pedi, certo?

— Claro, dei minha palavra — ela sorriu e voltou a olhar para a pira funerária.

Ele havia escolhido alguns chevalies de alta confiança para recolher as cinzas de Eric e Midori e então as misturar. Aquilo era uma total falta de respeito para a família Kikuchi, mas Rayner não ligava para isso, eram apenas cinzas e se Sutura achava importante fazer isso, então não via problemas em aceitar o pedido dela.

O funeral acabou e Sutura se afastou junto com Helen. Observou elas se afastarem. A garota era tão misteriosa e fascinante.

Quantos segredos ela guarda e quantos ela não sabia que guardava? Se um dia recuperasse a memória ela ainda seria a mesma ou se tornaria a pessoa que foi um dia? E caso voltasse a ser, que tipo de pessoa seria?

Mas de uma coisa Rayner sabia, ele queria ficar perto dela.

*

Demorou mais um dia para partirem de Tanglodon. Ela sentia um alívio por finalmente sair daquele lugar, não que o deserto lá fora fosse algo maravilhoso, mas estar em movimento era melhor que estar trancada dentro de uma montanha.

Tiveram sorte pelo estábulo com os animais não ter sido pego pelo incidente. Apesar de todo o sofrimento daquelas pessoas pela perca de familiares e amigos, eles agradeceram felizes Sutura por ter matado o monstro. Ainda pareciam um pouco assustados com ela, talvez temessem que ela fizesse o que havia dito que faria quando ameaçou todo mundo para que soltassem Alef.

A garota se perguntava se ele estaria bem, se havia conseguido cruzar o deserto. Tinha certeza que sim, Alef era muito forte.

O portão de saída se abiu para a caravana passar. Estava sentada em caixas em uma das carroças. Usava o equipamento de repulsão e sua vestimenta de Hanigami.

Olhou para as mãos enluvadas. Ela queria usar sua Aura de Natureza da maneira que usou contra o Agjinn. Havia tentado algumas vezes, mas apenas conseguiu se frustrar, sua Aura estava revolta como sempre e não serena como ficou em sua luta. A Aura havia assumida a forma de uma pequena asa negra em suas costas, ela havia dominado esse princípio, então por que não conseguia mais fazer isso? Será que havia sido por acidente?

Se sua Chi-jo soubesse disso riria dela. Rafgalla controlava sua Aura de Natureza perfeitamente e ficava com uma cara de arrogante fitando Sutura que se desesperava com a dela.

Sentiu vontade de bater em alguém só de lembrar da expressão de Rafgalla. Mas por outro lado sentiu saudades. Ela tinha vários defeitos que desapareciam quando sorria e demonstrava otimismo. Aquilo animava tanto Sutura. O que mais gostava era quando era elogiada por ela, ou recebia um carinho, como da vez que conseguiu manter Banshee em forma Fazra. Claro que depois disso, Sutura começou a zombar de sua Chi-jo e com suas inúmeras habilidades não ser capaz de manter a forma falsa da Azkura.

Segurou a agulha negra nas mãos. Havia tentado várias vezes falar com a Essência dela, mas em nenhuma delas teve resposta. Banshee se mantinha em silêncio.

O Ovo da Fada Negra (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora