Ponto Final - Asa Negra V

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Então ela fez algo que não deveria, algo que podia colocá-la em muito perigo, mas, mesmo assim, precisava arriscar.

— Banshee — sua Azkura se formou em sua mão direita, uma massa de energia negra e assustadora surgiu por alguns instantes antes de se desmontar. Ela não estava forte o suficiente para manter sua Azkura montada, mas foi o suficiente para assustar o Paxhas que caiu sentado, olhava com medo para ela.

A escuridão é sempre assustadora — pensou enquanto sentia as pernas tremerem por conta do esforço.

— Libertem Alef — disse a senhora Gray, — se é o desejo da nossa salvadora, que assim seja feito. Em Hon não esquecemos nossos bravos heróis que lutam e se sacrificam para o bem de todos, e a senhorita Sutura lutou até as últimas forças para nos livrar daquele monstro. Acredito que em Rodurantins as coisas não sejam diferente, certo honorável Paxhas?

O Paxhas concordou com um meneio de cabeça, ainda estava assustado e parecia não querer contrariar o desejo de Sutura.

Os guardas libertaram Alef. Ele ficou em pé e olhou para Sutura com lágrimas nos olhos. Ela o fitou com um sorriso animado.

A garota se soltou de Rayner e abraçou o Nekomin.

— Não entendo por que fez tudo isso por mim — disse ele a abraçando, — eu menti e te trai.

— Você estava sendo manipulado. Nós somos iguais — se afastaram, ela pegou no braço dele e colocou ao lado do dela, costuras e cicatrizes.

Ele sorriu. Rayner se aproximou, sua expressão era vazia.

— Espero nunca mais te ver. Caso nos encontremos novamente, pode ter certeza que vou te matar.

Nada foi dito em resposta pelo Nekomin. Sutura estava começando a ficar cansada disso tudo. Suas pernas não aguentaram mais segurá-la em pé. Mas antes de cair o capitão dos chevalies a segurou.

— Cuide bem dela — disse Alef segurando na mão dela, — ou eu irei atrás de você, Rayner.

Os dois se encararam, era bem capaz de aquela besteira resultar em briga estúpida.

— Não preciso que ninguém cuide de mim, está bem? — ela retrucou. Ela adoraria que tivesse homens brigando por ela, mas não por algo estúpido assim.

Alef riu.

— Você é realmente parecida com Briz — disse ele se afastando. — Acredito que posso pegar as minhas coisas e alguns mantimentos para poder partir, certo? — olhou para o Paxhas que assentiu meio a contragosto. — Sutura, então, posso te considerar minha amiga?

— É claro que sim.

— Então se algum dia nos encontrarmos novamente, vou preparar algo para você comer, pode não parecer, mas a minha culinária é a melhor — sorriu e acenou, o aceno foi devolvido.

Ela o observou se afastar acompanhado de dois guardas. O cansaço parecia vencê-la, mas não podia fraquejar mais, tinha algo para fazer, uma promessa a cumprir. Os corpos de Midori e Eric ainda esperavam no fundo da mina. Precisava recuperá-los e quando estivessem cremados, misturar suas cinzas para serem enviadas para a terra natal da Midori.

Começou a se pergunta quando havia ficado tão altruísta. Não se achava uma boa pessoa, era uma destruidora, coisa que se provou real ao derrotar Agjinn. Ela existia para matar, era a própria escuridão, mas havia feito uma promessa para Eric e iria cumpri-la.

— Vou te levar para o local onde repousava — disse Rayner, — precisa descansar.

— Não — ela cambaleou se afastando dele, mas suas pernas tremeram e caiu sentada, — estou bem.

— Não parece muito bem. Vamos, deixa de ser teimosa.

— Tem algo que preciso fazer agora.

— E o que seria tão importante assim? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Vocês já encontraram os corpos de Midori e Eric?

— Ainda não.

— Foi o que pensei. Sei onde eles estão. Precismos buscá-los.

— Vou pedir para que oschevalies busquem, não precisa se esforçar.

— Eu vou junto resgatar os corpos, eu prometi, então me ajude a chegar lá.

Ela não queria ajuda, mas não conseguia ficar em pé. Se sentia envergonhada por demonstrar fraqueza, deveria ser forte o tempo todo.

— Se não quer me ajudar — disse ela corando, — vou pedir para Helen.

A chevalie sorriu para Rayner que pareceu um pouco constrangido.

— É claro que vou te ajudar — disse ele se abaixando e pegando a garota retalhos nos braços.

O rosto de Sutura já estava da cor do rubi, ou quem sabe muito mais vermelho. Queria sair dos braços dele, era constrangedor, mas sem forças não tinha nem como se debater, então apenas aceitou ficar ali sem reclamar.

— Helen — disse Rayner, — ache alguns chevalies para nos acompanhar nas buscas.

A garota assentiu e saiu. Rayner levou Sutura para a casa que ela repousava.

— Por que está me trazendo aqui?

— Para que você possa vestir algo mais além de um manto — ele a encarou por um momento enquanto a colocava sentada sobre a cama.

— O que está olhando?

Ele sorriu e sentou perto dela.

— Você é uma princesa?

— O que? — sua expressão foi de confusão.

— O filho o metal te chamou de Princesa da Escuridão. O que isso significa?

Sutura deu de ombros. Não fazia ideia do que aquela monstruosidade queria dizer ao chamá-la assim. Não era princesa de nada. Um toque na porta fez os dois se voltaram para aquela direção. O capitão seguiu até a porta e a abriu. A garota achou que poderia ser Helen, mas a amiga entraria sem bater, para sua surpresa, quem entrou foi Ayne.

Os olhos pequenos da garota estavam inchados e com olheiras. Estava sozinha e sua expressão era dura.

— Entre — disse Rayner abrindo espaço para ela passar.

— Com sua licença meu senhor — ela passou fazendo uma reverência para Rayner. O olhar dela era acusador e fitava Sutura com certa angustia.

— A que devemos a sua visita? — perguntou Rayner.

— Por que motivos libertaram o culpado pela morte da senhorita Midori? Ainda não encontramos o corpo dela, não sei o que aqueles desgraçados fizeram com ela, mas tenho certeza que aquele monstro prateado surgiu da barriga dela, e vocês deixaram o culpado ir sem puni-lo!

— Alef foi enganado — disse Sutura, — e manipulado.

— Não importa — Ayne começou a dar a volta pela cama, não tirava os olhos de Sutura. — Ele teve culpa. Ele nos sequestrou e assistiu sem fazer nada aquelas coisas horríveis que fizeram com todas aquelas crianças e a senhorita Midori...

O Ovo da Fada Negra (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora