Ponto 11 - Criaturas de Ferro VI

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O garoto de cabelos dourados olhou para Midori e sorriu.

— Então você não quer lutar?

A garota engoliu seco.

— Quero sim, vai ser bom lutar, sabe...

Sutura respirou fundo e pegou a espada de treino que estava na mão de Rayner.

— Vamos começar de uma vez — disse se afastando para ganhar espaço.

— Tem certeza? — perguntou Rayner. — Isso é só um capricho de Remy.

— Claro que tenho, agora sai de perto.

Midori se posicionou na frente dela segurando a espada com as duas mãos um pouco trêmulas.

— É as mesmas regras de quando lutou com a minha mãe — disse Remy, — comecem!

Midori emanou Eyn Sofh e partiu em uma rápida investida, a espada de treino golpeou reto de cima para baixo. Sutura segurou com a mão esquerda a espada que veio em sua direção e com a direita moveu a sua espada em direção ao rosto de Midori. Parou poucos centímetros de atingi-la.

A garota a olhou assustada e soltou a espada de treino que Sutura havia segurado. Suas pernas tremiam e ela caiu de joelhos.

Sutura jogou as espadas de treino para o lado e deu as costas ao grupo. Midori poderia ter um tipo raro de Natureza, mas ainda era fraca no controle de Eyn Sofh e no manejo de uma espada. Se fosse a senhora Megan teria quebrado a mão de Sutura quando agarrou a espada que vinha em sua direção.

Midori teria ficado desacordada por muito tempo se tivesse levado o golpe na cabeça, talvez até quebrado o rostinho bonito dela. A ideia pareceu tentadora, mas preferia ter feito isso em Remy, o garoto era uma macula.

*

Durante a ceia, Sutura apareceu paca comer junto de Megan e a sua família. Rayner também estava ali, parecia preocupado com o que pudesse acontecer. Midori não olhava para ela, parecia receosa e com medo.

Ótimo, é melhor assim, não quero essa menina mimada e estúpida no meu pé — pensou enquanto levava uma colher de sopa aos lábios.

Era obvio que a senhora Gray sabia do ocorrido, mas não disse nada sobre isso. Tratou Sutura bem e com cortesia durante a ceia e conversaram sobre os treinos que teriam juntas.

*

Na tenda de Helen, Sutura adormeceu rapidamente, Arky estava do lado de fora mas mantinha a cabeça dentro da tenda. A ave se sentia inquieta e mesmo depois de ter comido bastante ainda estava agitada e piava ocasionalmente.

Sutura acordou de repente, sentia-se sendo observada. Imediatamente usou a Aura de Percepção e a expandiu o máximo possível.

Espiou para fora da tenda e notou um vulto fantasmagórico vagando na escuridão do deserto.

Apanhou sua Azkura e o equipamento de proteção. Saiu imediatamente da barraca e seguiu até um dos chevalies que matinha guarda e uma barreira erguida.

— Deixe-me passar! — disse ela.

— Senhorita — disse o Hoen surpreso, — eu não posso fazer isso.

— Pode sim, anda logo! — olhava aflita o vulto se distanciar.

Se aquilo for perigoso eu preciso dar um jeito logo. Ele estava me observando — pensou aflita considerando a possibilidade de um grande problema estar chegando.

— Desfaça essa barreira logo ou eu vou estilhaçá-la! — ameaçou erguendo a voz e o punho.

O chevalie a olhava assustado, estava visivelmente claro que ele não sabia o que fazer diante daquela situação.

— Deixe ela ir — disse Jairo que ouviu a gritaria que ela estava fazendo. — Se essa garota precisa sair, deixe que ela vá.

— Mas Jairo...

— Eu me responsabilizo por isso e depois me acerto com o capitão.

— Certo, mas não venha botar a culpa em mim se o capitão lhe der uma bronca — disse o chevalie desfazendo a barreira a sua frente. Um conjunto de barreiras protegiam o acampamento, cada chevalie Barreirista erguia uma parede que se conectava com outra, ou seja, se uma fosse destruída ou desfeita, as demais continuariam em pé.

A areia entrou rodopiando e a garota saiu em disparada atrás do vulto que desaparecia ao longe. Uma tempestade começou a dar indícios. Sutura se concentrava tentando sentir tudo a sua volta com a Aura de Percepção, mas não conseguia achar o vulto.

Sentiu algo atrás dela, e a alguns metros estava um vulto que parecia ser feito daquele pó de ferro, seus olhos vermelhos a olhavam fixamente, sua forma tremeluzia como se fosse névoa.

— O que você quer? — Sutura gritou apontando a agulha para ele.

Aquela coisa lhe dava medo, seus olhos pareciam poços de sangue. Ele sumiu e reapareceu um pouco mais distante, ela correu e gritou:

— O que você quer? Por que está me observando?

O vulto se desvaneceu completamente.

Uma presença surgiu atrás dela, girou o corpo e apontou sua agulha na direção de Rayner que havia surgido em meio a tempestade que aumentava.

— O que aconteceu? Por que saiu correndo do acampamento e começou a gritar no meio do deserto? — perguntou ele visivelmente preocupado.

— Havia uma coisa que estava me observando.

Ele franziu o cenho.

— Eu não senti, nem vi ninguém — disse ele olhando em volta.

Mas ela havia sentido algo, uma presença assustadora.

— Tenho certeza do que vi, eu não sou maluca, Rayner!

Era só que faltava, alguém começar a achar que ela havia ficado doida. Mas ela tinha certeza do que havia visto. E aquilo não era algo bom, disso tinha certeza, e o pó de ferro parecia dar vida e forma para aquele vulto.

Então escutaram gritos próximos. Ambos se olharam. Sutura guardou a Azkura na bainha e seguiram de volta para o acampamento.

As barreiras que o protegiam estavam sendo atacadas por criaturas que se jogavam nelas como mariposas na luz.

Os dois se detiveram observando aquela cena medonha.

— O que são essas coisas? — perguntou Rayner.

— Isso ai é o que acontece com quem respira demais o pó de ferro.

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Agora a coisa ficou feia pro lado deles hehehe

Votem e cometem eu fico feliz quando fazer isso.

O Ovo da Fada Negra (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora