Ponto 18 - O Filho do Metal IV

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Quatro réplicas enfrentavam seus quatro inimigos, cada uma delas portava três punhais em cada mão, cada punhal estava com o cabo entre os dedos de suas réplicas. Era mais cômodo controlar um número reduzido deles. Seus adversários se provaram problemáticos demais, acabaram com uma das Habilidadeh de Medeia e agora ele não podia mais voltar ao estado de vivo se fosse atingido fatalmente.

Porém, no fim tudo seria como ele queria. Seu objetivo se realizaria, chegaria na Origem Zero e refaria o mundo. Morthy não confiava em ninguém, confiança era para tolos e ele já havia sido um dia. Há vinte anos quando servia como chevalie de uma das grandes casas de Hon, a casa Farrel. Quando seu nome era Isaac, a lâmina de prata. Quando possuía uma esposa e uma filha, uma família que ele amava e se dedicava para lhes proporcionar felicidade, e além de tudo, era amado pelas pessoas.

Por ser habilidoso e inteligente, subiu de hierarquia facilmente entre os chevalies, alcançou glórias quando descobriu uma revolta de membros apoiadores do bastardo do antigo senhor do vale.

Ele foi condecorado, e o próprio Senhor Lalfel Farrel o nomeou com um título de nobreza. Ele era agora o Barão Isaac, a lâmina prateada.

Mas não faltavam nobres que viam isso como uma afronta. Um plebeu receber um título de nobreza era um insulto a eles. Sussurros eram comuns na fortaleza de pedra alta na região do vale, nobres conspiraram para acabar com a ameaça que Isaac representava para eles.

Um dia, quando Isaac voltava para casa, foi apunhalado pelas costas pela própria esposa, uma lâmina envenenada. Nos últimos momentos antes da consciência dele se esvair, ela lhe perdia perdão e dizia que era a única forma de recuperar a filha que havia sido sequestrada.

Com a suposta morte de Isaac, os nobres acusaram a esposa de traição e a jogavam para o povo aplicar a punição, pois Isaac era amado pelas pessoas, e quando elas souberam da morte de seu herói, ficaram furiosas. A multidão espancou a esposa dele até a morte.

Isaac sobreviveu ao veneno, e quando se recuperou descobriu o que havia acontecido. Sua esposa e filha estavam mortas, e aqueles que se diziam seus amigos, o haviam traído.

Então ele jurou que mudaria o mundo. Fugiu da região do vale e vagou por muito tempo em busca de respostas, elas vieram quando se juntou a seita e passou a se chamar Morthy. Descobriu sobre a Origem Zero, o início de tudo. Então decidiu que usaria isso para transformar o mundo em um lugar justo e ideal, onde ninguém teria uma morte sem sentido ou que seria traído, só assim ele conseguiria salvar todas as pessoas, até aquelas que caíram em ganância.

Morthy não se preocuparia com os métodos que precisaria usar para obter o que desejava, todos que morressem pelas suas mãos não seriam mortes sem sentido, e quando ele mudasse o mundo, essas vidas que tirou voltariam a viver novamente e teriam uma vida de paz, sem medos e tristezas.

Seu sonho não morreria. O verdadeiro Morthy observava seus inimigos, sentado em uma rocha, eles pareciam estar chegando ao limite de suas capacidades. Suas réplicas os cortavam sem piedade.

- É notável como se esforçam para permaneceram vivos - disse ficando em pé, suas réplicas recuaram e ficaram ao seu lado, o número delas começou a aumentar - Medeia é uma Azkura formada por 431 punhais, uma quantia grandiosa para uma Azkura de tamanho pequeno. Esse também é o número de réplicas que posso criar usando a Habilidadeh dela. Então é como se eu formasse um pequeno exército. Não importa o quanto vocês lutem, não tem como vencer.

A quantidade de réplicas era enorme, a Habilidadeh de sua Azkura era do tipo Projeção, ela consumia lentamente seu Eyn Sofh, mas Morthy controlava tão bem o consumo que no momento atual tinha suas reservas pela metade. Fluiu vigorosamente e cada replica se tornou mais poderosa, esmagaria de uma vez seus inimigos e ir até a garota que portava um segredo para o que ele buscava.

Sorriu, mas sangue saiu de sua boca, olhou para seu peito e notou que uma mão esquelética o atravessava pelas costas, a mão segurava um pequeno órgão esférico e azulado, era o seu Sanctum.

- Não havia apenas uma pessoa com a prata como sua Natureza - disse a criatura com olhos, nariz, boca e orelhas costuradas. Um de seus braços pendia quebrado e escorria um líquido prateado dele. Sua voz era como metal rangindo e sua origem era desconhecida para Morthy. - Você tem o que eu preciso consumir, e obrigado por me trazer de volta para uma forma física.

Os olhos claros de Morthy se arregalaram, sua mente juntou toda a informação que recebeu naquele momento, aquele monstro se originou dentro do ventre da garota chamada Midori. O que era esse monstro? Não era o que ele procurava, era uma falha. Suas réplicas desapareceram.

A sua Azkura caiu de sua mão, o punhal perdeu seu brilho e correntes o envolveram. A luz sumiu dos olhos do Sacerdote vermelho, seu corpo tombou com lágrimas nos olhos. Tristeza por não poder cumprir sua promessa. Mas se ele pudesse rever sua família, então, por isso seria grato, mesmo que fosse no mar da essência, ou no abismo negro.

*

Alef olhou com espanto e terror para o que havia acontecido, um monstro surgido das profundezas daquela montanha havia matado Morthy, não parecia que ele os estava ajudando, pois a criatura consumiu o Sanctum do sacerdote como se fosse um simples alimento. Mas o pior veio depois, a forma repulsiva da criatura começou a mudar.

Seu corpo ficou maior e musculoso, parecia ter alcançado três metros de altura, seus olhos se abriram, sua íris era violeta. Uma enorme pressão caiu sobre o grupo, estavam diante de algo perigoso.

A pele lisa e prateada refletia o brilho dos cristais de iluminação. Fios metálicos surgiram se emaranhando ao redor da cintura dele, uma calça se formou, era folgada, e uma faixa vermelha surgiu em sua cintura.

Ele sorria. Os bigodes finos e longos ao redor de sua boca de dentes de prata. Apenas uma mecha de cabelo negro poderia se ver na sua cabeça, ela caia para trás toda trançada.

A prata se movia ao redor dele, braceletes brilhantes surgiram em seus pulsos, e brincos em suas orelhas.

- Parece que ainda não estou restaurado totalmente - disse ignorando as outras pessoas presentes no local, ele falava consigo mesmo olhando as próprias mãos. - Após séculos preso naquele estado deplorável, finalmente vou poder sair daqui.

O Ovo da Fada Negra (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora