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(Mundo Humano - Atualmente)

— Mamãe! Tá doendo muito! — Chorava Anitta.

A menina vinha se queixando de dores fortes nas costas já faziam alguns dias, falava que era como se estivessem quebrando seus ossos com marteladas e, ao mesmo tempo, esmagando suas costelas. Moyra estava preocupada com a menina, pois nunca teve sequer febre alta durante seus anos como criançinha.

— Calma filha, o remédio já vai fazer efeito, fica quietinha... — Moyra acariciava os cabelos ondulados de Anitta.

Ani, a gêmea, estava calma, apesar de também estar sentindo muita dor. Estava sentada na outra cama, lendo um livro de contos de fada que a tia tinha dado a ela quando ainda era um bebê. Ani também estava com fortes dores nas costas já faziam alguns dias, mas não se queixava para a mãe, pois não queria tomar os remédios, ela acreditava que os remédios não iriam ajudar em seu problema, julgando já saber do que se tratava.

— Você vai ficar igual a mulher do livro, Anitta... — comentou com calmaria, sem tirar os olhos das palavras escritas em fonte arial — vai ganhar asas e vai poder voar, como a titia disse que aconteceria quando comemos aquela fruta estranha na casa dela. — Ani sussurra enquanto lê.

Moyra levanta, pegando o livro das mãos de Ani, olhando com uma cara extremamente séria, quase vibrando em chamas infernais. Ela odiava aquele assunto, não cria em nada. Ani olhou para a mãe e deitou na cama, ficando quieta e com certo medo, receio.

— Chega... — a mãe das meninas falou, buscando manter a calma — fiquem quietas e durmam para que a dor passe e amanhã iremos ao hospital caso as dores de Anitta não passem. Sonhem com os anjos... — Moyra acalentou as filhas e deu um beijo em cada uma, em seguida apagou as luzes do quarto e deixou a porta semiaberta, seguindo pelo corredor e desceu as escadas enquanto passava as mãos pelos cabelos. Se preocupava com as filhas e com aquele mundo de fantasia em que estavam se metendo por conta da tia e certamente teria uma "daquelas conversas" com Mayra, a irmã.

Anilla levantou da cama assim que a mãe desceu as escadas e fechou a porta do quarto, trancando a mesma. Ela ajudou a irmã a sentar na cama e a menina foi até o closet, subiu em um baú, onde costumavam guardar seus brinquedos, e escalou até chegar na prateleira mais alta, finalmente chegando lá, ficou de joelhos na mesma e abriu um alçapão no teto, que fazia parte do forro da casa. Se esgueirou para dentro e pegou uma caixa antiga, com desenhos de flores belíssimas esculpidas na madeira. Com cuidado, desceu a caixa e pulou de cima da prateleira segurando a mesma, que não era tão pesada quanto parecia.

A garotinha levou a caixa para cima da cama de Anitta e usaram a chave velha que roubaram da tia para abrir a tranca, que era mais antiga do que aquela casa que estavam morando. Anitta ficou com os olhos brilhando, eram lindas jóias, colares, anéis, todos com pedras muito preciosas, com cores não catalogadas e não pareciam ser nada do que existia naquele mundo. Abaixo das joias tinha um fundo falso, que saía facilmente quando duas tiras de couro discretas eram puxadas e podiam ver um livro. Era um livro muito velho, com a capa de couro e as páginas de ouro, também havia uma pena brilhante e um pote de tinta escura.

— Anilla você mexeu nas coisas da titia de novo? — Anitta perguntou, repreendendo a irmã, porém a curiosidade era maior e ela pegou um dos anéis e tentou colocá-lo no dedo. Era muito grande para encaixar, então deixou de lado, indo para o livro, junto com a irmã.

— É o diário do trabalho dela. — Anilla se confessou, fazendo cara de coitadinha para que a irmã não brigasse com ela — Peguei quando estavam discutindo naquele dia.

— Vamos ler! — Anitta abriu um grande sorriso, que logo se mesclou com o descontento por conta de uma forte fisgada na parte superior direita da costa.

Kayara - Livro 1 [COMPLETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora