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(Atualmente – Adagmar)

— Asarid! Sua moleca sem vergonha! Já pro banho! — Gritava uma mulher, que corria atrás de uma garota pela casa inteira — Minha Santa Mirodai! O que fiz pra merecer isso?! — Ela parou, cansada, erguendo as mãos para o alto e clamando por paciência — Morgan, pega essa menina aqui, agora!

A mulher era uma Grat Una. Uma felina rajada, de cores laranja e amarelo. Tinha grandes olhos verdes, focinho rosado e orelhas pontudas. Os braços e pernas levavam a ver traços mais humanos, porém os Grat Una tinham uma estatura maior que os outros felinos Grat. Por exemplo, os Grat Shó tinham um tamanho mínimo, mais ou menos 1,30 metros de altura, porém eram mais ágeis que os Una.

Asarid já deveria ter por volta de 18 anos, apesar de seu espírito de brincadeiras ser como o de uma gatinha de 10 anos. Enlouquecia sua mãe, que queria que a menina casasse e um dos pretendentes estava a caminho para almoçar com a família, o pai, Morgan, estava nos fundos da propriedade, escutando a mulher falar. Ele estava rindo mais do que podia controlar e tapava a boca, tentando evitar a fúria de sua esposa.

Morgan era o ferreiro real, um Grat Jau. Tinha músculos desenvolvidos e era completamente preto. Tinha um olho amarelo e o outro azul. Diferentemente da esposa, ele tinha um rosto mais humanizado e mãos humanas, porém suas pernas eram como patas de felino. Lembrava muito um Hang-Jar, ou Pantera Negra. Ele estava trabalhando em uma espada faziam semanas. Morgan tinha conceitos opostos ao da esposa em relação à filha do casal. Ele não queria sua menininha se casando.

— Asarid — Morgan a chamou, com sua voz grave —, vem cá.

A menina, com as orelhas baixas, foi até ele e o olhou do lado de fora do estabelecimento onde estava trabalhando, percebendo que não era uma bronca e sim risadas. Ela abriu um sorriso e encarou o pai, entrando na oficina do mesmo.

Asarid tinha a coloração da mãe. Era rajada, em tom laranja e amarelo claro, tinha orelhas pontudas também, além dos belíssimos olhos azuis, que lembravam a imensidão do céu estrelado ou uma chuva de meteoros. Mas, como o pai, tinha rosto humanizado e todo o corpo lembrava um ser humano, como se as partes de ambos os pais tivessem se juntado em um acordo para formar aquela felina única perante os demais.

Ele a olhou, sério, porém somente enquanto via Iana, sua mulher. Até que a mesma entrou na casa novamente, praguejando pelo mau comportamento de Asarid. Assim que ela desapareceu das vistas, Morgan começou a falar alto, como se estivesse dando uma bronca na garota e sorria também, dando uma piscadela.

— Vai tomar um banho, deixa que eu dou um jeito no sujeito. Depois falo com ela. Finja que levou uma bronca daquelas. — Ele novamente riu, junto com ela. Sempre foi seu melhor amigo e confidente. Asarid abraçou o pai, pulando nele e o beijando na bochecha, em seguida, indo para casa finalmente fazer o que a mãe queria.

Mais tarde, naquele mesmo dia, a família estava pronta para almoçar quando o convidado "especial" chegou. Era um Kajar. Um rapaz bastante atraente e que trazia um buquê de flores, todas misturadas com erva de gato. A mãe de Asarid, abriu a porta toda sorridente e deixou o rapaz entrar. Ele estendeu o buquê de flores para Asarid e sorriu confiante até ver o futuro sogro, que era bem mais alto e forte do que ele.

Começando a refeição, Morgan olhava feio para o rapaz, que estava sentado ao lado de sua menina. Ele estava ficando desconfortável até que...

— O que você pretende com a minha filha, rapaz? — Morgan soltou o talher, fazendo barulho. A mulher o olhou, reprovando.

— Cortejá-la, senhor... — respondeu o rapaz, quase de pronto — com todo o respeito, claro.

— Só isso, menino? — Os olhos do Grat Jau se estreitaram e, ao mesmo tempo, mostrou suas presas enormes e afiadas.

Kayara - Livro 1 [COMPLETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora