MERLOUSE - EM REFORMA (DESDE 07/05/2020)

CAPÍTULO 15

Kate

Quando abri os olhos, eu mal conseguia ver as minhas mãos de tanto que os meus olhos estavam embaçados. Lágrimas escorriam por todo o meu rosto. Os meus olhos ardiam, tudo estava doendo. Ofegante eu coloquei a mão sobre o meu peito, o meu coração e minha cabeça doíam, eram quase que insuportável, eu mal conseguia respirar.

O que eu acabei de ver...?

Coloquei as mãos sobre o rosto.

O que eu acabei de ver...?

Pareciam lembranças, mas não eram minhas, e sim do... Adrian?

Por que eu não me lembraria de algo como isso?! E se eu sou mesmo aquela garotinha, como eu posso estar viva agora?!

Eu não estou entendendo mais nada! Por mais que eu tenha visto tudo isso, não passa mais do que eu filme em minha mente. Eu não me lembro de nada disso ter realmente acontecido, só sinto algo vago, algo muito vago em mim mesma. Eu não o conheci quando eu era pequena...

Sequei as lágrimas, ainda doía e muito... aquilo foi... horrível...

Tive que secar as lágrimas novamente.

Olhei para todos os lados e vi que eu não conhecia aquele lugar, mas estava impregnado com o cheiro de Adrian. Provavelmente essa é a casa dele no condomínio.

Olhei para baixo de mim e vi que estava em cima de uma cama de casal. Acho que esse é o quarto dele...

Era um quarto um pouco escuro para falar a verdade, sombrio eu diria, com paredes cor de vinho só que um pouco mais escuras, moveis pretos com alguns detalhes brancos. Era bonito e elegante, quem modelou esse quarto queria mesmo agradar ele.

E por falar nele, onde ele está agora?

Me levantei e ouvi passos abaixo de mim, provavelmente era alguém no primeiro andar da casa, abri a porta do quarto devagar e olhando para todos os lados com cautela. Essa casa era maior do que as outras, e com móveis mais caros, com toda certeza. Fui em direção à escada e desci. Andei um pouco pelo corredor, passei por uma sala de estar, jantar, e o que parecia ser uma de lazer, mas parei quando o achei na cozinha encostado na pia com uma taça que eu torcia para ser vinho... Será que aquela história de Híbrido era realmente verdade...? Não, isso não tem como existir. Se for verdade, aquilo deveria ser provavelmente o sangue da Michelle.

- Teve bons sonhos...? - O tom de voz dele estava sombrio.

Não respondi, na verdade eu nem sabia o que falar. Ele me encarou, parecia extremamente cansado.

- Ad...

- Sonhou talvez com... alguém chamado "Adam"...? – Fiquei paralisada.

- Como...

- Como eu sei? Você por acaso se esqueceu de tudo o que você fez ontem para me seguir e entrar onde você não deveria? - Ele riu em um tom amargo.

- Ontem?

- Você dormiu bastante - Ele esfregou os olhos, parecia até que estava exausto, exausto demais - Eu sei disso porque aquilo que você viu em seu sonho são as minhas... lembranças, Kate.

- Espera... Como isso é possível? - Perguntei confusa. Eu sabia que pareciam com algum tipo de lembranças, mas eu não sabia como ele sabia o que eu sonhei, e muito menos essa história de serem as lembranças dele. Lógica confusa, eu sei.

- É só um dos dons herdados da minha mãe, manipular sonhos, ou você se esqueceu de tudo que ouviu lá no porão? - Ele colocou a taça na pia.

Parei por um momento para me lembrar de tudo o que aconteceu exatamente.