CAPÍTULO 3

163 61 0
                                    

Por alguma razão... eu estava me sentindo desconfortável.

Sentia que alguém estava me observando e parecia se aproximar cada vez mais. Quando eu finalmente consegui abrir os meus olhos, eu me assustei.

- Meu Deus! - Gritei e quase caí do banco. Tive que me segurar no encosto do banco de motorista o mais rápido que eu pude para não cair de cara no tapete do carro.

- Caramba! - Ele disse ao mesmo tempo em que eu havia gritado e com rapidez se afastou do carro - Droga! Quer me matar do coração?!

- Quem deveria perguntar isso, sou eu!

Eu estava deitada no banco de trás do carro tranquilamente até ele aparentemente abrir a porta de trás onde estava a minha cabeça e ficar me encarando como um psicopata. O pior é que eu nem a sei o porquê e a quanto tempo ele estava fazendo isso, mas ainda assim queria que eu não me assustasse?!

Depois de eu me recuperar do meu pequeno choque, estiquei-me e notei que ele estava apoiado no carro com uma das mãos no peito. Eu conseguia ouvir perfeitamente os seus batimentos cardíacos e sua respiração um pouco alterada. Olhei ao redor e percebi que havíamos parado em uma espécie de posto de gasolina com uma pequena cafeteria. Estava tudo coberto por neve. Havia poucas pessoas por ali, afinal, aquele lugar não era nada mais do que uma floresta para a nossa espécie, assim como só havia aquele posto diante de uma imensa floresta atrás de nós e a pequena estrada.

- Eu precisava reabastecer o carro - O ouvi suspirar - Achei que você queria comer ou ir ao banheiro, mas não me matar de susto - Ele foi em direção ao tanque de combustível que pela aparência não era usado a anos.

- Onde nós estamos? - Sai do carro e comecei a esticar as pernas, logo notei que o pôr-do-sol já estava surgindo. Fiz uma careta ao sentir o cheiro de velhice desse lugar - Isso aí está mesmo funcionando? - Me referi ao tanque de combustível. Ele havia apertado o botão quatro vezes e não estava acontecendo absolutamente nada.

- Espero que sim, mas se não, acho que terei que comer alces com você - Como sempre, mais piadas - Bem, estamos a quase cinco horas do ponto de partida.

- Quer que eu dirija um pouco?

Ele me olhou abismado.

- Sabe dirigir?

- A dois anos, sim sabia.

Ele refletiu rapidamente passando a mão na barba por fazer.

- Não estou preparado psicologicamente para dar as chaves do meu Sedan para alguém que literalmente acabou de aprender a andar - Ele finalmente ligou o tanque de combustível e começou a encher o tanque do carro. O cheiro de gasolina era bom, mas forte o bastante para que eu torcesse o nariz.

- Está com medo? - Essa última foi para provocar mesmo.

Eu queria dirigir, fazia tempo, mas eu ainda me lembrava, além do mais, ele parecia estar cansado, mas ele só me deu um breve sorriso charmoso.

- Ora, ora... me parece que alguém está querendo me provocar, mas sinto lhe dizer que esse não é exatamente o caso... - Ele olhou para os lados como se estivesse procurando algo.

- Então qual é o caso? - Falei isso olhando para o mesmo lado e procurando o que ele estava olhando.

Ele ficou sério de repente, logo ele se abaixou um pouco para ficar próximo ao meu ouvido e um leve calafrio subiu por todo o meu corpo.

- Acho que tem alguém nos seguindo...

O encarei abismada.

- O quê?! Como assim tem alg...! - Ele rapidamente colocou sua mão sobre minha boca impedindo que eu terminasse a frase como se alguém estivesse tentando ouvir a nossa conversa.

MERLOUSE - EM REFORMA (DESDE 07/05/2020)Where stories live. Discover now