MERLOUSE - EM REFORMA (DESDE 07/05/2020)

PREFÁCIO

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- Hun? O que você está fazendo...? – Perguntou uma pequena menina de cabelos loiros, que acabara de sair pelos fundos de uma bela casa em meio a uma imensidão de árvores. As suas palavras estavam direcionadas a um garoto de cabelos negros, que tremia de pé sobre a neve, de costas para ela, mas o que ela realmente se perguntou, e o que realmente queria ter perguntado a ele foi: "Por que você está só de calças...? ".

 Ele não respondeu de imediato. Talvez estivesse com tanto frio, que o seu corpo assim como a sua mente haviam se congelado por um breve momento, mas como se a voz dela e o som de seus passos conforme ela vinha se aproximando o despertassem, ele logo se virou demonstrando um sorriso brincalhão estampado ao rosto, mas mesmo para uma criança, ele estava apenas disfarçando o seu leve desconforto, afinal, já era noite, e pequenos flocos de neve caiam sobre sua pele a cada segundo que se passava, a tornando fria.

- Não está vendo? – Indagou ele, que espirrou antes de continuar a assustando. – Eu... eu estou vendo quanto tempo eu consigo ficar sem blusa aqui fora, Kate! – Respondeu confiante, mas ela notou um som tremulo junto a sua voz.

 Franzindo o cenho e estranhando um pouco o seu objetivo, ela soltou uma leve gargalhada, logo ele a encarou sem achar graça.

 Um bobo, pensou ela.

- E por quê? - Ela perguntou confusa em meio a um sorriso sapeca. – Você tá congelando! – Em seguida ela apontou para ele, e depois, ao redor. – Ou melhor, aqui tá congelando!

- Eu não estou! – Ele cruzou os braços sobre o peito. – E eu estou fazendo isso porque eu quero ficar mais forte. Sim! Cada vez mais forte! - Seu tom foi de uma determinação tão alta, que os olhos dela brilharam por alguns segundos de admiração por ele.

- E... por quê? – Ele revirou os olhos.

- Está de brincadeira comigo, não é? – Ela apenas negou com um sorriso de orelha a orelha. - Kate, eu quero ficar mais forte, para...

- Para?

- Quer saber? Não enche!

- Hã?! Seu ruim! - Ela pegou um pouco de neve com as mãos e jogou sobre o ombro dele, que tremeu com tamanha façanha.

- Que Drog...!

 Ela correu para longe dele antes que ele pudesse revidar, e assim, eles continuaram fazendo com que o jardim se transformasse em um campo de batalha, onde a neve era jogada para todos os lados em velocidades irregulares, e quase que dificilmente acertando o alvo desejado. No entanto, antes que uma enorme Guerra de Bolas de Neve começasse a se tornar cada vez mais elaborada, uma voz feminina chamou os interrompendo.

- Crianças, venham para dentro.

 E com isso, e uma última jogada com uma troca rápida de risadas, eles seguiram de volta para dentro da casa em meio a imensidão de árvores...

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